HÁMMON ( Imperador de Alzihah)
— Majestade, há uma nave Antaron pedindo permissão para pousar!
Obviamente essa fala do comandante de controle do tráfego aéreo me deixa confuso. Não há motivos para ele me incomodar com isso, a não ser que seja um caso excepcional.
— Quem é o piloto?! — Pergunto desconfiado.
— Sírius, o conquistador!
Ao ouvir o nome, todos os meus músculos se retesaram. Não consigo crer que depois de milhares de ciclo esse macho tenha a ousadia de me encarar.
— Dê permissão e traga-o para mim! — Ordeno e me volto para minha imperatriz — Haaliyah, minha querida, eu preciso que me deixe sozinho com ele.
— Você não está bem, não sei o que há de errado, mas não te deixarei sozinho. — Ela se nega.
Depois de tanto tempo juntos, essa fêmea já me conhece bem.
— Haaliyah...
— Pare Hámmon, eu não sairei e você sabe disso.
Maldição!
Eu devia ter previsto isso; tenho uma fêmea muito teimosa.
Nem consigo me lembrar a última vez que consegui contrariá-la.
Mas temo não me controlar na frente dela, aliás, tenho quase certeza de que não conseguirei essa proeza.
Não depois do que aquele macho fez.
Alguns minutos depois, o general Khalil e Yalam, seu filho e primeiro oficial, entram com ele à sua frente e o fazem se curvar perante mim.— Finalmente! Veio reinvindicar uma morte digna?! — Quando o desgraçado me encara, percebo que cometi um erro ao trazê-lo aqui e é melhor remediar isso logo, antes que não tenha mais volta.— Guardas, levem-no à prisão!
— Não! Eu vim pedir sua ajuda! Ouça-me!
— Como se atreve?! Depois de tudo que fez, ousa vir aqui me pedir ajuda?!
Definitivamente, não havia como eu me controlar e meu próximo movimento foi estar em cima do macho.
Nem Khalil ou Yalam intercedem ao ver meu avanço e todos os soldados se afastam.
O maldito não se defende quando recebe um sôco no rosto e nem quando estou sobre ele, depois de derrubá-lo, socando-o.
Irei matá-lo aqui e agora e ninguém me impedirá de ter minha vingança.— Façam alguma coisa! Segurem-no! — Ouço Haaliyah gritar e os guardas. — Khalil ? Yalam? Pelos deuses, vocês ficarão só olhando?!
— Não se atrevam! — Esbravejo e continuo a socar esse infeliz.
O sangue dele espirra por toda parte e é isso que desejo.
Nesse momento, Haaliyah aparece em minha linha de visão.— Ou você para agora ou arrumo minhas coisas e parto pra Heneida.
Essa ameaça é muito injusta. Minha vingança só pode ser concluída derramando sangue.
— Você não pode exigir isso de mim! — Falo entre dentes — Eu pedi que se retirasse...
— Eu sabia que ia fazer uma besteira...
— Uma besteira?! Esse desgraçado a levou de mim...
— Eu não a levei à força, ela decidiu ir comigo!
O moribundo embaixo de mim responde.
O ódio que me consome me faz bater sua cabeça contra o mármore e deixá-lo inconsciente.— Hámmon, solte-o! AGORA! Se eu sair por aquela porta, você não precisa ir atrás de NÓS! — Ela deliberadamente acaricia o ventre e meu olhar se detém ali.
Depois de tanto tempo tentando, será se eu estava entendendo certo?!
Encontramos muita dificuldade em gerar nossa prole. Pelo que o nosso médico explicou, isso se devia ao fato dela ser híbrida e eu sangue puro.
Além do mais, descobrimos que as fêmeas de Heneida não tinham compatibilidade com o meu povo para gerar descendentes.
Haaliyah havia ficado muito triste com isso, mesmo eu jurando que somente ela era o suficiente para mim.
Eu já tinha me conformado que Hórus seria meu sucessor ao trono, afinal ele já tinha herdeiros.— Olha, eu havia planejado um momento especial pra te contar, mas... Arg... Hámmon, isso é constrangedor...
Num segundo estou com ela em meu colo, sem me incomodar com quem esteja vendo e nem com seus protestos.
— Leve esse pária para o centro de cura e depois traga-o de volta. — Ordeno para meu general.
— Quem é ele, Hámmon?!
— Você acaba de me dizer que espera meu herdeiro e acha que quero falar daquele maldito?!
— É uma conversa necessária, você não acha?!
Já vi que não vou conseguir me livrar dessa conversa.
Sento no meu trono e a puxo para o meu colo, fazendo leves carícias em seu ventre.— Eu estou muito feliz que teremos um herdeiro, mas quero reafirmar que mesmo que você não pudesse conceber, meu amor não mudaria. Eu continuaria a amá-la cada vez mais, por toda minha vida.
— Ah, meu amor...
Ela soluça e sou obrigado a enxugar algumas lágrimas em seu rosto. Isso é estranho para mim, mas sei que é uma emoção humana e que está tudo bem; dessa vez suas lágrimas são de alegria, diferente da vez que ela chorou por descobrir que havia poucas chances de conseguir engravidar.
Ofereço um pouco de conforto a ela e depois inicio a conversa que desejei evitar por todos esses séculos.Sírius sempre fora um macho inescrupuloso e quando ele e sua comitiva desceram em Alzihah naquele dia, como representante das confederações interplanetárias; sua missão era levar a Iocto em segurança, um presente ofertado por mim.
No entanto, caí em sua armadilha e ele não se conformou em roubar só uma arma de destruição, ele também levou minha única irmã.
Ele, como príncipe de All-One, deveria entregar a arma em segurança, mas a reteve para si.Mais tarde, ao descobrir que Zynah havia sido levada, entrei em contato com o rei de All-One exigindo sua devolução ou mandaria explodí-los.
Contudo, Sírius fugiu de lá e a levou, junto com a arma.
Pressionado por mim, seu pai o declarou um pária e ele se tornou um mercenário.
Mandei caçá-los, mas sem resultado e a última notícia que me chegou, me fez jurar que o mataria.Piratas intergalácticos o haviam emboscado para roubar a arma e minha irmã acabou morrendo para salvá-lo e isso eu jamais perdoaria.
Minha irmã havia morrido por conta da sua ganância e mesmo após ele mostrar arrependimento e tentar devolver a arma para reaver sua honra, não posso poupá-lo.Sinto as mãos da minha companheira em meu rosto e um beijo quente, quando termino de falar. Sua fronte está encostada na minha.
— Eu sinto tanto!
— Agora entende porque não posso poupar a vida dele?!
— Precisamos ouvi-lo primeiro! Ele não arriscaria vir aqui se não fosse importante!
— Por você, só por você o ouvirei! — Deixo claro.
Isso é mais do que aquele pária traidor merece e ele devia agradecer a ela de joelhos, porque se ela não tivesse me detido, só haveria uma mancha imunda dele no chão.
Assim que a porta range, Haaliyah tenta voltar pro seu trono, mas não permito, mesmo sob seus protestos e resmungos.
Aquele miserável não merece qualquer cortesia ou decoro da minha parte.— Diga a que veio.
— Fui interceptado por tropas do rei Kany quando estava indo entregar a arma à confederação. Meus homens morreram e fui perseguido até o planeta Terra. Uma fêmea humana atravessou meu caminho e acabou absorvendo a arma em seu corpo. Eu a estava trazendo para fazer a extração, mas fomos perseguidos por arturianos e as tropas do rei. Eles a têm em seu poder e eu preciso salvá-la, tanto deles quanto da Iocto.
— Mais uma fêmea em ruína por sua causa!
— Sim! Por isso vim implorar por sua ajuda! — Ele fala e se ajoelha diante de mim — Disponha da minha vida como quiser, mas me ajude a salvar essa fêmea! Ela é só uma inocente que teve a infelicidade de me conhecer, assim como Zynah.
Minha companheira aperta minha mão com força; percebi sua inquietação assim que Sírius falou nos arturianos.
No passado, eles tentaram levar sua amiga e ela sabe bem do que eles são capazes.
Naquela época, eu não pude atacá-los diretamente por conta desse incidente, mas agora poderei acusá-los de traição e se for preciso, varrerei seu planeta desse sistema solar.
Já o rei Kany, estava fora da minha jurisdição, porém não de alguns aliados; eu o faria pagar também.
Todos eles pagariam por tentar roubar uma tecnologia do meu povo.
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Sem Deixar Vestígios: Contos Alienígenas
Science FictionMeu nome é Sírius, o conquistador. Fui pego numa emboscada e isso me arrastou para um planeta de passagem chamado Terra. Eu deveria entrar e sair sem ser visto, mas algo deu errado e acabei esbarrando numa pequena criatura que mudaria o rumo da minh...