UMA FÊMEA EM APUROS

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Sírius

Ao que parece, meu dia será tão desagradável quanto a noite.
Dormir do lado daquela fêmea exalando feromônios do sexo foi uma verdadeira tortura.
Depois que ela dormiu, ainda tive que tomar dois banhos gelados para controlar meu corpo.
Então, sim, estou de péssimo humor e isso só piora, ainda mais que tenho que ir falar com o Marcel, aquele Triadiano de duas caras.
Eu havia pedido que ele arranjasse um jeito para tirar a Iocto do corpo da fêmea e tudo que ele me deu, foram desculpas.

— Só há um jeito de extrair a Iocto e isto inclui tirar cada gota de sangue das células dela. Se não se importar que ela morra, podemos fazer isso. De toda forma, terei meu ratinho de laboratório.

— És um inútil mesmo!

— Ora, conquistador, você sabe bem que a tecnologia de extração aqui é arcaica e que só em Alzihah terá tudo que precisa. Está disposto a pagar o preço?! — Ele me provoca deliberadamente.

Marcel sabe as implicações que haveria se eu fosse a Alzihah e não se incomoda em me provocar.
De qualquer forma, consigo arranjar a tecnologia necessária no mercado negro intergaláctico, só não haverá tempo suficiente para ir e retornar.
A fêmea teria que partir comigo e duvido que ela fosse apreciar a ideia.

No caminho de volta, encontro com Yngi e sou informado da presença de uma tropa arturiana aqui.
Isso não é nada bom; terei problemas se me encontrar com esses machos.
Eles querem a tecnologia e não medirão esforços para tê-la.
Eu sou bom no que faço, mas não sou tolo para lutar com uma tropa inteira.
Preciso me reagrupar com o que sobrou dos meus homens o mais rápido possível.

— Yngi, prepare uma nave para mim, a melhor que tens!

— Sim, conquistador! Tenho uma ideal pro senhor, uma adquirida em Antaron.

O modo como ele fala me faz sentir que sou uma ovelha pronta para ser tosqueada.

— Envie a autorização de decolagem e transfiro seus créditos, não importa quanto custe.

Os olhos dele chegam a brilhar.
Que mercenário!
Certo, não posso ser mesquinho, ele tem sido de grande valia para mim.
Então, assim que a autorização chega em meu dispositivo, faço a transferência.
Enquanto passo na rua do comércio, vejo uma loja de escambo.
Esses lugares costumam ter muitas tecnologias e talvez eu encontre algo interessante.
Entro no local e dou uma vasculhada, enquanto o dono me olha com um misto de medo e cobiça.

Uma lâmina branca chama minha atenção e é muito afiada. Deve ser um instrumento aqui da Terra.

— Eu quero isso! — Digo e ao me virar para ele, vejo algo ainda mais interessante — E aquilo também! — Aponto.

Coloco a lâmina na cintura, sob minha capa de proteção e outro o item me é entregue numa sacola.
Entrego para ele duas pedras do meu planeta, elas são usadas para produzir energia e são muito valiosas.

— Foi bom fazer negócios com o senhor, conquistador!

O asqueroso réptil me fala, mas sem nem olhar para mim. Tudo que ele consegue olhar, são as pedras que depositei em suas mãos.
Se fui generoso? Óbvio que não! A faca não valia uma pedra sequer, mas o outro item era muito valioso.
Uso meu dispositivo para miniaturizar a sacola e guardar mais facilmente.

Em seguida, retorno para o alojamento. e fico perplexo ao perceber que a fêmea teimosa conseguiu se evadir dali.
O instrumento dela, que quebrei tentando usar, está no chão.
Tenho que admitir que ela é inteligente.
Só que essa estação não é segura para uma fêmea humana andar por aí sozinha.
Por sorte, eu havia colocado um dispositivo de localização em sua roupa.
Rapidamente, acesso meu bracelete e digito o código.
Maldição!
Ela está em perigo!

Sem Deixar Vestígios: Contos AlienígenasWhere stories live. Discover now