A ESTAÇÃO

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Hadassa

Esse brutamontes me carrega como se tivesse levando um saco de batatas; mal consigo respirar de tanta dor.
Juro que já estou desejando a morte.
Depois de algum tempo de caminhada, comecei a sentir o coração em descompasso e um gosto metálico na boca, provavelmente de sangue; isso sugere que minha condição é mais grave do que imaginei.
Minha pele está pegajosa e fria.

Merda!
Estou dependendo da bondade de um alien insensível.
Percebo pelas sombras das árvores que está anoitecendo e tudo que desejo, nesse momento, é que esse alien seja forte o suficiente para nos fazer chegar seguros a um abrigo.
Por que estou tão confiante de que ele pretende me ajudar?!
Bom, se ele quisesse me matar, dificilmente eu ainda estaria respirando. Não havia ninguém aqui que pudesse impedi-lo.
Simples assim.

Quando chegamos ao sopé da montanha, minha consciência já vinha oscilando muito e eu já não tinha mais certeza sobre o que era ou não real.
Ouço vozes incompreensíveis para meus ouvidos e depois o barulho de metal no metal. Certamente uma porta que foi fechada.
Consigo ter uma nuance de realidade até quando sinto um friozinho na barriga e percebo que estamos descendo de elevador.
Daí para frente, somente uma densa névoa se forma sobre minha consciência.

Meu próximo lampejo de consciência foi me sentir claustrofóbica dentro de uma coisa que parecia um caixão.
Cheguei a pensar que estavam me enterrando viva e empurrei a tampa com força.
Surpreendentemente essa se abre de forma automática e só agora me dou conta de que não sinto qualquer dor.
Sento na máquina e vejo três aliens adiante; um deles conheço bem.
Já o azulzinho e o magrelo, nunca os vi antes.
E o que diabos estão conversando?! Não consigo entender porcaria nenhuma.

— Quando isso terminar ela será toda sua! — O brutamontes que me arrastou até aqui fala e não sei o porquê, mas agora as palavras foram claras na minha mente.

— O QUÊ?! Já querem me transformar em rato de laboratório? — Grito enfurecida e os três ficam me olhando com cara de paisagem — Como é que você chega na casa alheia maltratando o dono, seu imbecil?!

— Ela tem razão, conquistador! — O magrelo de jaleco diz.

Conquistador?!

E mais essa agora.
O conquistador de As Tartarugas Ninja, existe mesmo.
O grandalhão me observa com uma sobrancelha arqueada e posso ver a irritação em seu olhar.

— Venha comigo, fêmea! — Ele me chama com sua voz grave. — Ou prefere fazer parte dos experimentos dele?!

Alien idiota!

Não entendo porque estive tão ansiosa para ter contato com um deles. Esse aqui não passa de um cretino. Até parece que tem um rei na barriga.
Olho para a porta analisando a distância entre nós.
Ele parece entender minha intenção.

— Nem tente! Não vai conseguir!

Ah, só por que você quer?!

Em desdém ao que ele fala, apenas ouso correr; porém, não consigo três passos adiante e ele já está na minha frente.

— Minha paciência acabou! — Ele diz e sem que eu tenha qualquer chance de escapar, me agarra e joga no ombro como se eu fosse um objeto inanimado.

Tudo que posso fazer é xingar e bater em suas costas.

— Me larga homem das cavernas!

— Eu não a estou puxando pelos cabelos, estou?! — Ele retruca sem a menor alteração — Cuidem para que ninguém saiba da presença dela aqui! — Grita a ordem para os outros dois.

É claro que não vou dá esse gosto a ele de passar despercebida e começo a gritar por socorro.

— Se não calar a boca serei obrigado a jogá-la lá embaixo, para as feras. — O imbecil me ameaça quando estamos passando por uma varanda circular.

Sem Deixar Vestígios: Contos AlienígenasTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang