Sem Deixar Vestígios: Contos Alienígenas

DE VOLTA AO LAR ( CAP. BÔNUS)

Hadassa

Acordei ouvindo um irritante gotejar de água; não acredito que a bendita torneira do banheiro está novamente quebrada.
Espera um pouco, torneira?!
Ah, não!
Abro os olhos sentindo meu coração latejar.
Estou em casa. Não, não pode ser.
Eu estava com o Sírius ou foi só coisa da minha cabeça?
Droga, não acredito que estive apenas sonhando.
Puxo o travesseiro e pressiono no meu rosto; grito de frustração.
Pra achar um alien incrível daqueles só podia ser um sonho mesmo.
Pelo menos, agora estou pronta pra escrever um livro.

Meu despertador toca repentinamente.
Só de raiva, jogo a coisa no chão e ele se espatifa.
Com certeza não entrei em coma ou viajei pelo espaço. É apenas mais um dia, depois de ontem.
E hoje é o meu primeiro dia de patrulha na nova base.
Ah, que legal!
Merda! Lembro de ter ido dormir ontem muito entusiasmada por ter conseguido ingressar na divisão que trata unicamente de assuntos alienígenas.
O que mudou de ontem pra hoje?!
Céus, a memória desse alien é tão vívida na minha mente que até consigo senti-lo dentro de mim e meu corpo esquenta instantaneamente.

Devo estar ficando louca, deve ser isso.
Forço meu corpo pra fora da cama. Tenho que dá um jeito nessa torneira irritante; o certo mesmo seria chamar um encanador, mas por enquanto, farei um paliativo.
Como não tem jeito e nem posso me fingir de morta, lá vou eu trabalhar, afinal tenho que pagar as contas.
Levo meia hora para chegar na divisão e meu caça já está pronto na pista.
Realmente, preciso voar para aliviar minha mente perturbada.

— Bom dia, torre! — abro o canal — Peço permissão para decolar.

— Bom dia, tenente Smith! Permissão concedida! Bom vôo.

— Obrigada! Como está o céu hoje, torre?!

— Tranquilo e claro!

Então, teremos tempestade hoje.
Essa é a forma do Tom dizer que as coisas ficarão ruim aqui em cima.
Subitamente, objetos super velozes aparecem no meu radar.

— Torre, está vendo isso?!

— Sim, Smith! Hoje é seu dia de sorte, nossos vizinhos vieram nos visitar.

— Quais são as instruções?!

— Apenas siga, não persiga!

— Entendido.

Parece não ser nada demais. Provavelmente, estão apenas de passagem, porque logo somem do meu radar.
Hum, interessante como aqui ficou tão quente.
Olhando, de relance, localizo uma grande bola de fogo vindo na minha direção.
Maldição! Não há como desviar disso.

Merda! Que barulho é esse? Algo está sobre meu caça!

Minha lataria é arrancada e lá está um homem enorme.
Não é possível!
Ele me puxa dali e num segundo estamos numa espécie de bolha ou campo de força.
Como pode?
Meu caça é atingido e acontece uma grande explosão.
Volto-me para o homem e tento lutar com ele.  Acabo puxando um espécie de cilindro da sua mão e o líquido cintilante que há ali, ganha vida e flui pro ferimento na minha mão.
Merda, essa porcaria está entrando em mim.
Que diabos é essa coisa?!

Tudo se torna um borrão...

Inferno!
Alguém desliga essa maldita torneira.
Está vazando outra vez?!
Só quero dormir um pouco mais.
Ainda é cedo pra ir patrulhar. Minha cabeça está latejando.
Salto da cama pronta pra matar alguém.
Mas, então, me detenho.
Que lugar é esse?!
A torneira pingando, era Sírius que acabara de sair do banho.

— O que houve, minha fêmea?

Ele me olha preocupado.

— Onde estamos?!