ARREPENDIMENTOS

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Thechyai ( Comandante dos exércitos de Whiaran e parente mais próximo do rei Kany)

Sua majestade, de repente, está muito interessado na fêmea humana. Elas são espécimes raras e muito preciosas no mercado de escravos, principalmente pelo fato de serem adaptáveis às muitas espécies.
Mas será se valiam a Iocto?!
Se bem que Kany tem razão; Hámmon só precisa de uma boa desculpa para nos atacar e ignorar a zona de jurisdição.

Só entramos nisso com os arturianos por termos uma aliança com aqueles infames e devermos muito a eles.
Os malditos queriam a arma como represália ao que Hámmon havia feito com alguns machos de sua espécie quando tentaram raptar a companheira de seu general em solo de Alzihah, no passado.
Estou imerso nesses pensamentos quando ouço a fêmea perguntar:

— Vocês são todos abusadores de mulheres indefesas?!

Olho-a, de relance, e continuo a caminhar; não acredito que ela pensa isso de nós. Se bem que, não há como ela pensar diferente.
Ela diminui o passo e ponho a mão em suas costas, fazendo-a prosseguir.
Nosso toque é capaz de provocar sensações e aproveito para acalmá-la.

— Somos muitas coisas, fêmea, menos abusadores. — Digo escolhendo bem as minhas palavras.

— Então, o que seu rei quer comigo?! Porque eu não vou transar com ele, ou seja lá como vocês chamam, por livre e espontânea vontade.

Certo. Ela continua brava.
Paro diante de uma porta e digito um código de segurança, assim que se abre a coloco para dentro.

— Acasalamento, é assim que chamamos! E  não obrigamos fêmeas a acasalar conosco, mas podemos incentivá-las a aceitar. — Explico calmamente.

— Incentivar?! Isso me parece uma estranha forma de obrigar.

Mas que fêmea abusada.
Ela usa a mesma medida para todos os machos?
Acabei de salvar a pele dela e nem para agradecer?!
Acabo perdendo, um pouco, a compostura e coloco-a contra a parede, mas tomando o cuidado de não tocar seu corpo com o meu, afinal, ela acabara de se tornar a concubina do meu rei.

— Você tem uma língua muito afiada, fêmea.

Faço movimentos circulares com o polegar em sua bochecha.
Eu não tinha ideia que o cheiro dos feromônios sexuais das fêmeas humanas eram tão fortes e que tinha esse efeito afrodisíaco sobre minha espécie.
Porque se estou assim, qualquer macho do meu planeta também ficaria.
Não costumamos ser dominados por instinto de acasalamento, mas cá estava eu, muito excitado.
E quando ela solta um gemido diferente e joga a cabeça para trás, sinto que é hora de recuar ou cairei em perdição.
No meio disso, consigo captar uma onda de seu pensamento e o nome que reverbera é Sírius.
Essa humana está ligada a ele.
E sim, somos telepatas em baixo grau.

— Seu cheiro é diferente do cheiro das fêmeas que conheço. — Sussurro em seu ouvido — É uma pena não poder te proporcionar essa liberação, meu rei não aprovaria!

Afasto-me dela o mais rápido possível e saio dali.
Não consigo parar de pensar que Kany vai adorar torturar essa fêmea por ela está ligada a nosso inimigo.
Ele tem métodos pouco ortodoxos de buscar prazer e gosta de infligir dor às suas concubinas.
Como ele costuma dizer, " a mistura de dor e prazer" é a melhor forma forma de domar uma fêmea rebelde.
E obviamente, essa pequena que estivera diante de mim é muito rebelde.
Só retorno ao alojamento dela bem mais tarde e só após ter controlado meu corpo.
O pior é que fui recebido pelo forte cheiro dos seus feromônios, mas, dessa vez, mantive o controle.

— É melhor você tomar um banho e vestir isso! Você está exalando cheiro de feromônios do sexo e seria perigoso para sua integridade descer assim para a nave artúria.

— Você é um cretino, foi você quem provocou isso!

— Sim, e lamento senhorita! Faça como disse e depois terás uma boa refeição. A unidade de limpeza está à sua direita, é só tocar no painel que a porta se abrirá.

É melhor eu manter o mínimo possível de contato com ela.
Como prometi, deixei a refeição dela sobre a cama e saí antes que ela saísse da unidade de limpeza.
Só fui vê-la de novo na manhã seguinte.
E pelo visto, a Iocto já estava fazendo efeito em seu corpo.

— Você não parece bem, fêmea!

— Hum, você envenenou o meu jantar?!

— Por que eu faria algo tão estúpido?! Isso é efeito da Iocto! Espero que o conquistador seja rápido, só lhe resta 24 horas.

Eu realmente espero que ele se apresse.
Não gosto de ver fêmeas morrerem, ainda mais elas sendo tão preciosas.
Depois de mais um dia, o conquistador entrou em contato, nos avisando que estava próximo.
Quando vou buscá-la, já a encontro inconsciente.
Levo-a para o ponto de encontro, junto com uma equipe médica designada pelo rei.
O procedimento não demora muito e entrego a tecnologia pro chefe Razzin.

— Está feito! — digo e me volto para o outro macho — Foi bom fazer negócios com você, conquistador!

Não há mais o que fazer aqui e me dirijo para a fêmea adormecida.
Nesse momento, ouço um grunhido e vem a advertência.

— Não se atreva!

— Cuidem dele! — Dou ordem aos homens que deixei de prontidão.

O conquistador é bem previsível; ainda assim, não consegue chegar até mim e levo a fêmea para minha nave.
Não perco tempo e aciono a velocidade de dobra, impossibilitando-o de me seguir, caso sobreviva.
Para facilitar o transporte e evitar contratempos, a mantenho sedada.

Dois dias mais tarde, estou sobre solo Whiaran e a levo direto para o harém.
Coloco-a numa cama e dou ordens a uma serva para que a higienize e arrume conforme o agrado do rei.
Após fazer isso, fui ter com ele e os ministros, para informar e entregar os relatórios da viagem.
Mas tudo que o macho podia pensar era na fêmea que lhe trouxe e não se importou com mais nada durante o jantar.

— Mandei prepará-la para essa noite! Já fui informado que ela é rebelde e que ao acordar, tentou fugir.

— Majestade, tem certeza disso?! O conquistador não vai deixar isso por nada e duvido que ele tenha morrido na emboscada que lhe preparei.

— Que ele venha, estou esperando! Enquanto isso, vou me divertir com a fêmea dele.

Maldição!
Ele só quer usar a pobre fêmea.
Eu não devia tê-la trazido aqui, mas já era muito tarde para voltar atrás.
Após encerrar-se o jantar e a reunião, saí dali contrariado.
Acabou que encontrei com a humana no corredor, sendo conduzida por duas servas e um soldado que mantinha vigília sobre ela de certa distância.

— Por favor, Thechyai, me tira daqui! Serei estuprada por seu rei, pois tudo isso é contra minha vontade.

Ela agarra minha capa em desespero.
A pobre humana está usando apenas um pedaço de pano cobrindo a parte de baixo e uma fina faixa com correntes cobrindo os seios.
Seria tentador e sensual, se não fossem as circunstâncias.
Ao tocar seu ombro, o nome do conquistador reverbera em minha mente.
Pelos deuses, se Kany captar esse pensamento, vai torturá-la até a exaustão.
Ela está tão apavorada que meu toque não pode exercer qualquer efeito sobre ela.
Queria poder acalmá-la.

— Fêmea, para seu próprio bem, não resista a ele.

É tudo que consigo dizer antes dela ser levada.
Maldito seja eu por ter provocado esse infortúnio na vida de um frágil e indefeso ser.
Sigo meu caminho com passos pesados e desejando chutar meu próprio traseiro.
Ao dobrar  à direita, próximo ao jardim, sou puxado abruptamente e uma lâmina afiada é pressionada contra meu pescoço.

— Só quero ouvir uma coisa da sua boca antes de matá-lo: onde está minha fêmea?!

— Então, se apresse conquistador!

Não consigo evitar respirar aliviado.
Haverá salvação e perdição hoje; é inevitável!

Sem Deixar Vestígios: Contos AlienígenasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora