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Fui levada para outro calabouço onde me penduraram pelos pulsos por correntes no teto, sem minhas armas ou cajado. Eles falavam uma língua que eu nunca tinha escutado, mas ao passar alguns minutos eu comecei a entender, como se um remédio tivesse fazendo efeito.
O ruivo que me queimou falava sem parar.

_ Não avisem meu pai, eu cuido disso! Saiam todos, vou conversar com a invasora.
Invasora? Eu caí do céu e ele me chama de invasora?
Todos sairam e o último fechou a porta, meu ombro ardia e meus pulsos já estavam incomodando, ele parou e me encarou por algum tempo.

_ Você tem uma aparência parecida com a gente e diferente ao mesmo tempo!
_ Não entendi uma parte do que disse._ respondi_ Poderia repetir?
_ Você não fala minha língua?_ perguntou estranhando, deve ser porque não falei com fluência._ De onde você veio?
_ Sou de um país sem nome, a única coisa com que eles se importam é a guerra.
_ Seu país? Você com certeza não é de nenhum lugar que eu conheço. O que veio fazer aqui?
_ Eu não vim, fui praticamente arremessada aqui!_ falei pegando o jeito da língua.
_ Arremessada? Por favor, fêmea, me conte a verdade!_ pelo menos ele sabe pedir por favor.
_ Estou contando a verdade. _ não o culpo por não acreditar, nem eu acreditaria se fosse o contrário.
_ Como você se chama?
_ Meu nome é Eglantiny._ respondi
_ Eu me chamo Éris, agora conte-me a verdade invasora! Ou terei que fazer algo que não quero.
_ Já contei, fui transportada para cá, eu estava em uma batalha quando um feiticeiro prestes a morrer decidiu que era uma boa ideia me mandar pra cá antes de partir, aterrissei de cara no chão e mal deu tempo de respirar quando seus homens me atacaram. Sou de um país sem nome, estamos em guerra a muito tempo, em meu país alguns peritos em feitiços sabem pular de dimensão até a outra, mas eles começaram a ser caçados quando descobriram tal façanha, os reis os sequestram por interesse próprio e por status, mas poucos desses bruxos sobraram e um deles me trouxe até aqui antes de morrer..
_ Tá bem! _ Mais pouco e ele gritava_ Respire um pouco. Eu não tenho como acreditar que isso é real. Está me dizendo que a teoria dos 26 mundos é verdade?
_ Então por aqui vocês já sabem, mas nunca experimentaram? Achei que fossem mais poderosos que isso.
Ele se levantou sem falar nada atravessou a porta e eu fiquei lá, pendurada. Logo depois outro ruivo entrou, ele tinha cabelos curtos, provavelmente estava lá para me vigiar.
Memórias minhas nos calabouços do Rei Kludd surgiram, talvez esse ruivo não fizesse o mesmo que aqueles fizeram, mas eu não arriscaria. Não queria usar magia pra atacar ou deixar inconsciente com feitiço já que ele não tinha culpa de nada. Ele estava bem ao meu lado então pensei que podia apenas fazer o oxigênio faltar um pouco apenas para dar tempo de sair de lá, a porta não estava nem trancada.
Sem fazer barulho, levantei as pernas até a altura da cabeça dele, segurei seu pescoço com as pernas e forcei estrangulando, só o suficiente. Quando ele perdeu a consciência meu usei poder me soltar das algemas, pulei e sai.
Tinham dois homens cuidando da porta, claro que quando eu saí eles atacaram e eu não poupei força neles, sem magia por enquanto. Passando por um corredor bem iluminado pela luz do dia, mais soldados chegavam e eu passava por deles como se não fossem nada, onde será que estão as minhas coisas?
As pessoas começaram a se movimentar, mais soldados chegando, era hora de usar magia, simplesmente parei eles onde estavam, uma névoa azul e leve propagou do meu corpo, passei por eles e sem tocar derrubei os que vinham com feitiços sem falar uma palavra.
Senti algo estranho sobre minha cabeça, olhei pra cima e tinha mais soldados com arco e fechas disparando. Uma delas acertou meu braço, já tinha passado por isso antes, não era novidade se não fosse algo diferente naquela flecha, aquilo ardeu, senti um gosto tão ruim na boca que poderia vomitar, mesmo com a flecha no braço não podia parar, sem usar os poderes para não me cansar, apenas com uma proteção fina contra os disparos, lutei corpo a corpo com aquele homens.
Corri para fora assim que achei uma saída, deixei tudo lá, meu cajado e minha armas. Adentrei a floresta, os ruivos ainda corriam atrás de mim, eu usava meu poder a longa distância para não deixar que chegassem perto de mim, olhei para trás e arremessei grande parte deles longe quando citei um dos feitiços. Mas eu me esqueci de olhar para frente, levei um susto tão grande quando alguém pousou na minha frente, com o reflexo do sol no meu rosto, tive que me acostumar com luz para enxergar, identifiquei Éris.
Ele me olhou com uma expressão de confusão, pegou em minha mão e tudo ficou escuro e ao mesmo tempo eu senti como se estivesse voando, voando muito rápido. Aterrissamos e eu caí de joelhos, queria vomitar, queria matar Éris e aquela flecha no meu braço estava me torturando.

_ Que porra é essa?_ perguntei sem fôlego.
Quando me recuperei, olhei para cima e nunca vi um homem mais bonito que ele. Tinha asas e uma elegância de invejar, tinha um olhar calmo e intimidador, ao seu lado uma mulher, ela era tão bonita quanto ele e tinha os braços com desenhos. Ambos tinham um ar de poder, me senti tão pequena.
Eu não ataquei ninguém, mas o homem maravilhoso me prendeu com o olhar, senti algo penetrando minha mente, aquilo doeu, um desespero na minha cabeça despertou, não sabia o que estava acontecendo.

Quando voltei a consciência, estava presa novamente, mas desta vez em uma cadeira. Estava em um quarto e tinha mais gente em minha volta, outros dois homens, uma mulher loira lindíssima e outra com uma expressão de desdém, havia uma mulher menor que todos, de cabelos pretos e olhos puxados e os dois que tinham me "recepcionado", onde eu estava pelo amor de Deus?
_ De onde você veio?_ o macho lindo perguntou sério.
Eu teria que responder isso de novo mesmo que não fossem acreditar mim?
Por um momento me deixei assimilar tudo o que tinha acontecido. Eu queria ter matado aquele general, eu podia ter feito isso de uma vez, mas por outro lado, se eu o matasse, seria procurada até o fim.
Por que aquele bruxo me trouxe pra cá? por que eu? Pra que me salvar? O que essas pessoas poderiam fazer por mim? Oh não
Oh não, não. O general, ele me viu ser transportada, independente de ter matado ele ou não, já estou sendo procurada, o histórico que eu tenho dentro do reino de Kludd já é ruim e ter vindo parar aqui, só faz eu ter um alvo no peito. Até onde o general e aqueles reis iriam para atravessar os mundos e espalhar o caos no resto dele sabendo que uma habitante do seu país está em uma das dimensões?
Até onde o general Jutt e a puta da Laila iriam para me pegar? Já os fiz de idiotas uma vez e seria bom fazer de novo, mas acredito que vai ser mais difícil.

_ Eu te fiz uma pergunta, não vai me responder?_ sai de meu devaneio.
_ Eu já tentei explicar para seu amigo ruivo, mas ele não parece convencido, já que agora estamos aqui. Eu vim de um país sem nome, fui transportada por um bruxo de meu mundo.
A mulher com cara de desdém se manisfestou.
_ Então, você veio de outra dimensão de um dos 26 mundos?
_ Exatamente!
_ Mentirosa. _ Aquilo me ofendeu de maneira colossal.
_ ESTOU FALANDO A VERDADE! Não quero machucar ninguém, só quero voltar pra casa, tenho uma coisa pra resolver antes que minha cabeça seja arrancada fora e acredite quando eu digo mulher, quanto mais tempo eu passar aqui mais perigoso é para vocês. Se eu não for embora, a minha cabeça e a de vocês serão cortadas e não quero que isso aconteça com quem não tem nada a ver com a situação, Então por favor, ME ESCUTE._ falei rápido e desesperada, quase berrando.
O maior macho, com cabelos até o pescoço e pedras vermelhas pelo corpo se estremeceu.
_ O que quer dizer?_ ele perguntou.
Eu respirei fundo e contei novamente o que expliquei ao ruivo, os reis, a guerra e sede de caos que os governantes de meu país tem e eles não estão nem aí se pessoas vão morrer, eles querem dominar tudo o que puderem.
_ E esse é o problema que você tem que resolver? _ a loira bonita falou.
_ Não, meu problema é com um homem específico.
Todos ficaram em silêncio, eles decididamente não acreditam em mim. Mas a mulher com os braços tatuados, me olhou profundamente, estremeci com aquilo, o que ela estava fazendo?
De novo, algo entrou em minha mente, mas não me prendeu, se arrastou pelas minhas memórias e invadiu todos os meus sentimentos. Aquilo doeu, doeu tanto que eu caí para trás, meus olhos ardiam e eu fiquei sem fôlego.
Tudo voltou a tona, lembranças de minha mãe me ensinando a lutar, o cheiro da comida dela a noite na hora do jantar, a última noite que estive com ela e quando ela foi tirada de mim, a noite no castelo, o olhar de Jutt em mim, as minhas caças fracassadas, tudo, tudo que eu tinha enterrado lá no fundo foi revirado.

_ FEYRE pare agora! _ o homem com pedras azuis falou quando eu voltei. Estar caída no chão amarrada a uma cadeira era humilhante. Quanto tempo fiquei aqui?
_ Ela está contando a verdade. _ A tal Feyre disse, também sem fôlego como eu.
Todos se olharam, o macho alado e lindo se aproximou me soltando, me deu a mão para levantar.
_ Meu nome é Rhysand.
_ Eglantiny.



Corte de Amor e Caos - AzrielOnde as histórias ganham vida. Descobre agora