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Voltei mais que estressada para o castelo. Acertei um vaso com a luz azul que saiu de minha mão de metal, fez um som agudo irritante, eu não precisa fazer aquilo. Mas eu nunca tinha feito nada disso, nunca me imaginei indo atrás de um pelotão e dizimar ele em segundos, e aquele general, foi a gota d'água. Eu estou surtando por dentro.
Eu segurava as lágrimas quando voltei a andar pelos corredores.
_ Tiny!_ Lucien andava atrás de mim._ Você está bem?
_ Estou!
_ É uma péssima mentirosa._ ele tinha razão, nem para disfarçar a voz eu conseguia._ Quem era ele?
Me virei para o ruivo, com as sobrancelhas franzidas, eu respirei fundo.

_ Alguém que eu devia ter matado a muito tempo! _ eu funguei, sentia meu nariz completamente vermelho._ Não pensei que ficaria assim se visse ele novamente.
Lucien não precisava perguntar mais nada, a essa altura nem importava.
_ Eu entendo você. _ ele me olhava com empatia.
Limpei o nariz antes que eu derramasse as lágrimas.
_ Sei como é querer que alguém pague pelo o que fez._ eu prestava atenção no macho a minha frente. Ele olhou para o chão e continuou._ Ele vai ter o que merece! Ao contrário de você eu não tive a oportunidade de fazer justiça. Faça valer a pena tudo isso.

De todas as palavras, essas foram as que eu mais precisava ouvir. Demorei um pouco para me recompor e depois de alguns copos de água e consegui voltar ao normal.
Lucien me deixou curiosa,ele iria fazer justiça por quem? E porque?

Fui até o grande salão onde os soldados de Leif faziam sua refeição junto de algumas das novas pessoas que chegaram hoje.
Tentei fingir costume depois do ato que eu tive a alguns minutos, mas soube que fiz a escolha certa depois que vi os rostos de quem Leif salvou hoje. Todos tinham gratidão no fundo dos olhos, junto com o ódio que sentiam por Jutt e seus exércitos.
Por que fazer gente inocente pagar por desejos de um rei?

Me sentei para comer com um grupo na mesa, alguns eu já conhecia, outros eram novos.
Com meu prato cheio, eu comia me deliciando, mas perdi a concentração na comida quando percebi os olhares em mim.
Um jovem a minha frente iniciou.
_ Você é a princesa não é? A filha fugida de Kludd?
_ Eu não fugi, tecnicamente._ respondi com uma garfada de legumes._ Mas sim, sou.

_ E você vai mesmo acabar com os reis?_ ele continuou.
Sua mãe o interrompeu dizendo que não era assim que se falava com a princesa.
_ Eu pretendo!_ respondi mesmo assim. O incentivando a continuar.
_ Se você é a princesa.._ uma menina mais velha perguntou dessa vez._ Por que está sentada com a gente?
_ Eu não posso me sentar com vocês?_ perguntei sorrindo.

Era o fim da tarde quando eu tomei um banho longo. Meus cabelos pretos estavam molhados, já estavam compridos demais.
Por incrível que pareça, eu estava sem fome para jantar, isso raramente acontecia.
Sinto falta de Azriel e estou confusa com algo, não sei o que é, mas estou estranha.

Se passaram alguns dias dês da nossa chegada e eu precisava resolver coisas oficiais em Prythian. As vezes me sinto mais parte da corte de lá do que aqui. Talvez seja isso que esteja me fazendo me sentir assim.
Ou o fato de sentir Lucien parado na porta sem saber se bate nela ou não.

Me levantei abrindo a mesma, dando de cara com um ruivo confuso.
_ Está com medo de mim?_ iniciei imitando o seu sorriso.
_ Não... só que está de toalha._ respondeu desviando o olhar.
_ Não é nada que já não tenha visto, eu imagino._ olhei para o roupão.

Puxei o macho alto para dentro do quarto.
_ Estou mal, Lucien!_ eu passei a mão na testa.
_ Eu percebi._ ele respondeu olhando para o chão.
_ Acho que estou doente._ me aproximei puxando sua mão para encostar no meu rosto._ Estou com febre?
_ Alguma vez na vida já ficou doente, Tiny?
_ Não!
_ Então acho que não ficaria doente._ franzi o cenho._ Você só está estressada, é muita coisa na cabeça de todo mundo, é normal.

Meus ombros doloridos se encolheram e me sentei no baú.
_ Leif e Isla queriam que você se juntasse a eles no jantar._ ele continuou._ Queriam te agradecer por ter ido até o posto dos inimigos hoje. As pessoas ficaram aliviadas.
Lucien se sentou na cama, bem próximo de mim.
_ Eu que deveria agradecer a eles na verdade._ falei o encarando com o pescoço virado em sua direção._ Não estou com fome hoje.
O olho de metal dele fez aquele clique costumeiro, mas eu nunca ia parar de notar. Desviei o olhar dele e passei a mão da prótese no cabelo. 

_ Aquela vez que disse que nós éramos mais parecidos do que eu imaginei e você me perguntou o porquê. _ voltei para ele de novo._ Eu tenho cicatrizes parecidas com as suas nas costas.
Eu me encolhi um pouco.
_ Nunca tinha notado que você tinha elas até aquela dia, já que você as esconde o tempo todo. _ ele continuou._ Tenho sérios problemas com as minhas também. Ganhei elas em Sob a Montanha, quando o ex noivo de Feyre me chicoteou por ajudar ela num dos desafios que uma louca a fez participar.
_ Amarantha._ eu disse, olhei para baixo quando ele balançou a cabeça positivamente.
_ Era eu ou Feyre!_ ele concluiu.

Suas palavras cortaram meu coração em tantas partes.
_ Sinto muito, Lucien.
_ Estou te contando isso, porque não quero que tenha que lidar com tudo que está pensando sozinha. Queria que tivesse alguém quando foi comigo.
_ O senhor da primaveril não fazia esse papel, não é?_ perguntei.
_ Tamlin jamais será alguém que sabe valorizar o que os outros fazem por ele.

Coloquei meus cabelos atrás da orelha e virei para ele. Podia ver em seus olhos as piores sensações que tinha passado na mão de Tamlin.
_ Eu teria ficado na corte primaveril, mas eu fugi com Feyre, cavei minha cova naquele lugar. E eu ficaria na corte noturna se não fosse todas aquelas pessoas me tratando como se eu fosse o traidor, o mimado. E principalmente, principalmente por Elain.
Engoli seco quando ele disse o nome dela.
_ Ela nem me olha no rosto, nunca está lá se eu estou, eu não suporto isso. E eu gostaria de dar a ela o espaço e tempo que precisa, mas nunca pensei que isso poderia doer tanto. E o que mais me incomoda, é que sinto falta da amizade de Feyre.

Me aproximei dele sentando na cama.
_ Obrigada por falar comigo sobre isso.
_ Por um monte de nada?
_ Você não é um nada, Lucien!
Peguei em sua mão que estava posta em cima dos lençóis.
_ É como a luz mais linda que já vi!
Eu sorri com os dentes quando e olhou para baixo escondendo que também sorria.

Ele me incentivou a descer, mesmo que não fosse comer, o que no final foi inevitável.
E todos bebemos até a metade da noite.
O recém chegados estavam comemorando a vitória contra o inimigo, bebiam e conversavam.
Foi a primeira vez que meus companheiros tiveram acesso a nossas bebidas alcoólicas que uma vez expliquei a Lucien, que as deles não chegavam aos pés do quão forte a nossa era.

Foi engraçado quando os dois deram o primeiro gole e automaticamente a careta acompanhava. Lógico que não deixaria eles exagerarem nas doses, juntamente comigo que não aguento quase nada.
A noite começou a acabar quando Leif e Isla nós deixaram para ir dormir, os dois cheiravam a aquilo.
Logo depois o salão foi esvaziando aos poucos até sobrar apenas eu, Nuan e Lucien naquele lugar enorme.

_ Foi uma boa noite!_ disse Nuan.
A voz ela fez eco.
_ Foi sim!_ dei um gole na garrafa._ Já estão com falta de Prythian?
Perguntei olhando os dois.
_ Sinto falta da minha oficina!_ eu ri da pequena que falava brincando com o eco do lugar e tinha a voz desleixada pelo álcool.
_ Vamos voltar amanhã!
_ Não sabia que queria fazer visitas semanais._ disse Lucien que apesar do esforço para manter a voz sóbria, falhava miseravelmente.
_ Quero me atualizar das coisas lá também._ expliquei.

Nuan me olhou com os olhos serrados, preparando algo para falar.
_ Seeeeei! Só quer ir ver aquele seu namoradinho das sombras.
Eu gargalhei.
_ Nós não estamos juntos. _ me defendi.
_ Mas deveriam._ retrucou.
Dei outro gole longo para não continuar o assunto.

Mas ela tinha razão. Quando voltei para o quarto, depois de carregar a pequena até a cama da mesma. Consegui dormir e tive um sonho e que sonho.
Az estava em cima de mim, eu arranha suas costas e escutava sua voz rouca no meu ouviu, falando baixarias. Ele me beijava inteira.
Eu queria poder ver como o sonho terminava, mas fui interrompida pelo meu despertar.

Nestha falou algumas vezes sobre o orgasmos num sonho, ele poderia ser tão bom quanto um real, isso despertou minha curiosidade.
Felizmente eu viajaria hoje e poderia fazer esse sonho se tornar realidade.


Corte de Amor e Caos - AzrielOnde as histórias ganham vida. Descobre agora