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A Corte Crepuscular fazia jus ao nome, o sol batia em todos os lugares.
Nuan combinou de me encontrar numa feira que ela frequentava, disse que costumava encontrar grande parte das coisas de trabalho lá. Quando a pequena disse que era uma feira, a primeira coisa que pensei foi em artesanato ou comida, mas era cheio de "ingredientes" para coisas que eu desconheço, não temos poções em meu mundo. Jurei ter visto uma estrela brilhante dentro de um pote, mas provavelmente não era nada que eu estava pensando.
Eu corria atrás da mulher de olhos puxados pelos corredores do lugar, ela tentava me explicar um monte de coisa, mas quando eu via, Nuan já estava muito longe olhando outra coisa.
_ O que você pretende comprar?_ questionei quando alcancei.
_ Quero pegar várias coisas para testar aos poucos._ ela pegou um pote com uma espécie de poeira branca._ Isso pode dar certo para a capa da sua cápsula. Vou pegar 3!
Ela pegou mais um monte de coisa, vários tipos de objetos e potes com diferentes tipos de conteúdo.
Que menina doida!
Nuan nos atravessou de volta para sua casa, eu adorei aquele lugar, cada vez que olho encontro mais coisas fascinantes.
_ Vamos para minha oficina!_ ela convidou.
_ Pensei que já estavamos no seu local de trabalho._ franzi as sobrancelhas.
_ Não!_ ela riu._ Pensou que fosse aqui que produzo ferro ou faço minhas bugigangas?.
Olhei para ela sem graça.
_ Venha!_ ela estendeu a mão me chamando.
Eu não tinha notado que ao sair do escritório, depois da cozinha e dos quartos, no fundo da casa, havia uma escada que descia.
Estava escuro, mas continuei seguindo Nuan para sua oficina, ela abriu uma porta bem grande e lá estava.
Um lugar imenso no subsolo da casa dela, tinha muitos fornos, mesas e o lugar cheirava a ferro derretido, por cima de tudo, tinha passarelas presas ao teto, desci algumas escadas e pisei no chão de pedra que tinha cinzas espalhadas.
_ É aqui que vamos forjar nossas pistolas!_ eu sorri para a pequena, que lugar incrível.
E parecia que não acabava, era bem maior que a sua casa, é claro. Fizemos um tour e conheci a área que iríamos testar nossas invenções, era equipado com alvos e proteções para ficarmos atrás se algo explodisse. E ia explodir.
Ela me explicou como forjar uma placa de aço, era um trabalho muito pesado e delicado ao mesmo tempo, como arte. Tínhamos que desenhar as pecas que se encaixavam na placa e depois vir serrando com uma espécie de fio cortante.
_ Gostei de como ficou!_ ela comemorou._ vai ficar bastante resistente para o que colocarmos dentro!
Nuan montou seu primeiro protótipo, parecia satisfeita, mas quando eu peguei..
_ Não acha muito pesada?
_ Acha que não está muito prático?_ ela questionou.
_ Acho que podemos fazer mais leve, parece com o peso da minha original, talvez seja difícil de manusear para as pessoas.
_ Bom ponto! Tudo bem! Vamos fazer outra.
Do mesmo aço, ela colocou no fogo novamente e deixou as peças mais finas, deixou esfriar e me deu na mão.
_ Bem melhor!_ eu sorri.
_ Certo!_ ela se levantou da mesa._ Quer tentar fazer sua cápsula?
_ Claro!
A fêmea separou uma mesa grande para mim, conjurei os produtos que ela comprou e comecei as etapas.
Mas não lembrei que teria que readaptar a cápsula uma vez que não tinha os mesmos produtos, apenas alguns parecidos.
A primeira vez, ela nem ficou inteira.
Fazendo tudo de novo e mudando as quantidades, consegui uma que praticamente não derretesse. Era igual uma receita.
Mas a segunda tentativa só durou mais um pouco que a outra. Nuan continuou fazendo seus trabalhos com os corpos das armas, e eu fiquei quebrando a cabeça para conseguir apenas uma cápsula que ficasse boa, nem gostava mais de chamar de cápsulas.
_ Você tem alguma ideia para um nome?_ puxei assunto.
_ Para suas cápsulas?
_ Sim! Não aguento mais chama-las de cápsulas.
Ela riu um pouco.
_ Chame de um nome de bichinho, tipo floquinho._ virei a cadeira para ela parando o trabalho, olhei com cara de desdém, Nuan gargalhou na minha reação.
_ De um nome sério! Que seja perigoso._ argumentei.
_ Chame de Cassian!_ ela brincou.
_ Última coisa que ele é, é perigoso._ eu ri.
_ Chame de algo que venha de suas terras!_ ela sugeriu._ Não foi de lá que vieram? Não foi você que as criou? De o nome de algo que você gostava de lá.
Boa ideia, eu sorri um pouco pensando.
_ Mas não é algo perigoso que estamos criando?_ raciocinei.
_ Perigoso não, protetor!_ gostei do jeito que definiu.
Fiquei um tempo fazendo várias tentativas, muitas falharam, uma simplesmente não ia caber na arma, outra explodiu mas no final do dia eu consegui fazer uma que se ergueu quando usei feitiço para moldar e consegui fazer que a magia ficasse lá dentro.
_ Vem ver, Nuan!_ ela se aproximou rápido.
Pegou a pequena bolinha, segurando com o polegar, indicador e o dedo do meio.
Observou um pouco e colocou contra a luz.
_ É brilhante!_ ela disse finalmente.
_ Vou fazer mais algumas para garantir.
_ Vamos fazer nosso primeiro teste semana que vem, assim vamos ter tempo de fazer os outros tipos de pistola, antes de sair atirando.
_ Tudo bem!_ respondi.

Corte de Amor e Caos - AzrielWhere stories live. Discover now