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Mesmo respirando fundo a cada 3 segundos e com os dedos tremendo de tanta ansiedade, eu caminhava calmamente pelas terras Ilyrianas. Os homens grandes me olhavam desentendidos, dava pra sentir o cheiro da masculinidade desnecessária neles.
_ Posso ajudar você?_ um macho quase da minha altura, só pouco menor, me abordou sério. Eu pretendia descobrir onde Cassian estava sem ajuda, não era impossível, mas burrice.
_ Eu procuro o General Cassian! Pode me dizer onde ele está?_ cruzando os braços ele franziu o cenho.
_ Quem gostaria? Não deixamos fêmeas entrar.
_ Me chamo Eglantiny, a feiticeira da Corte Noturna.
Sua postura não mudou nem um pouco, mas ele me olhou de modo estranho por um tempo.
_ Se não vai me ajudar, peço licença, não tenho muito tempo!
_ Ele está na sala de reunião, no final dos alojamentos. Siga até o fim e vire a direita._ E eu estava esperando que ele fosse um macho que só queria pagar de superior e me fazer perder tempo._ Minha sobrinha estava em Velaris quando Koschei atacou... Obrigado.
Ele disse a última palavra quase num sussurro, não mudou de postura e o cenho ainda estava franzido, eu sei que não deixaria de mostrar uma imagem de soldado. Mas não pude deixar de sorrir para ele mesmo assim, sorriso esse que foi retribuído quando comecei as andar de volta.

Bati na porta três vezes no lugar que o soldado me indicou, aguardei alguns segundos e nada. Sem paciência alguma bati com a dobra dos dedos freneticamente até ela ser aberta pelo General de cabelos cumpridos.
_ Tiny, pela Mãe, o que foi?_
_ Preciso falar com você sobre uma coisa que vi na prisão hoje.
Ele me deu licença para entrar no lugar. Tinha uma mesa redonda e grande no meio do lugar, prateleiras com muitas folhas de relatórios ou sei lá o que eles fazem aqui.
_ Sei que somos amigos mas pensei que seu confidente de desabafo era Azriel! _ disse Cass após fechar a porta.
_ Eu ainda vou falar com ele sobre mas estava tão incomodada com isso que precisava de respostas.
_ Sente-se! O que você precisa?
Algumas poltronas estavam em volta da mesa, eram macias e grandes. Não gostei muito do apoiador de braços.
_ Uma prisioneira, de olhos brancos falou comigo lá.
_ Sério?_ ele questionou com uma cara de quem se esforçava para lembrar do ocorrido.
_ Não notou?_ ele negou._ Bom, ela disse algumas coisas que estranhamente se ligam ao meu mundo.
_ O que?
_ Disse que estão esperando a "herdeira" chegar e que ela brilhará quando o Genitor Rei morrer,acho que estava falando do rei de minhas terras._era tão estranho tentar explicar.
_ Por que acha que tem a ver com seu povo?
_ Antes ela disse que meu amor está próximo, tão próximo quanto meu destino cruel que estou desesperada para terminar logo. E o pior é que ela disse tudo isso na minha língua.
Ele levou o corpo um pouco para trás arregalando os olhos.
_ Já entendi qual sua preocupação._ ele iníciou._ Está com medo dela ver o futuro ou algo assim.
_ Exatamente, Elain faz a mesma coisa de forma diferente.
_ Mas Elain não tem uma visão a muito tempo e a quantidade de mentirosos que está preso lá é absurda._ ele argumentou.
_ Você tem um ponto, mas como ela falava minha língua? _ questionei
_ Você tem um ponto!_ ele colocou o indicador na boca pensando._ Vamos precisar ir nos registros da prisão, fica no castelo de Rhys na corte dos pesadelos, nos leva até lá?
_ Claro! Mas o que vamos fazer?_ perguntei inocentemente.
_ Vamos ver se tem algum relatório dessa detenta.

Estiquei meu braço dando a mão para Cassian e em segundos aterrissamos na corte dos pesadelos.
Nunca tinha visto essa parte do castelo, Rhysand tinha uma casa aqui também que aparentemente é apenas para pensarem que ele passa algum tempo aqui.
_ Foi aqui que Feyre ficou antes de ir para Velaris no acordo entre ela e o Grão Senhor._ Cassian quebrou o silêncio._ No início de tudo, é estranho pensar em como a história mudou tanto de lá pra cá.
Ele respirou fundo, quase aliviado.
_ Mas a história ainda não acabou e nem vai acabar tão cedo... As coisas teriam sido mais fáceis se você estivesse aqui dês de que Feyre foi atrás de Tamlin._ ele continuou.
_ Ou talvez vocês não estivessem com problemas de outra dimensão se eu não tivesse aparecido._ Refutei.
_ Não vejo assim!
Eu sorri para ele e continuamos caminhando até Cass indicar uma porta enorme no fim do corredor.
Ao entrar vi uma biblioteca gigante, as prateleiras do chão ao teto cheias de arquivos e pastas.
_ Vocês guardão todos os arquivos aqui?_ perguntei retirando uma pasta da prateleira.
_ Não, só os menos importantes. Documentos como leis ou acordos ficam com Rhys, aqui estão os de acesso parcial._ explicou.
_ Certo! Então o que temos que procurar?
_ Procure por prisão, classe 3, feminino. _Ele foi para um lado da sala e começou a olhar para a primeira prateleira.
Revirei meus olhos me recusando a procurar por aquilo tudo, então estiquei minha mão espalhando uma névoa azul por todo o lugar, o que fez Cassian se virar para mim. Logo um arquivo pesado veio voando rápido dos fundos da biblioteca parando quando já estava em meus braços.
_ Feitiço para achar algo?_ o macho perguntou com as sobrancelhas levantadas.
_ Feitiço para não perder muito tempo!_ pisquei um olho.

Nos sentamos e procuramos um pouco entre os arquivos até achar informações sobre a tal vidente. Não demorou muito até acharmos um contexto sobre alguém que foi presa por ordem da Corte Invernal por torturar pessoas fazendo elas verem suas visões do futuro sobre mortes.
Acontece que ela não é bem alguém que vê o futuro, mas alguém que lê e viaja atravéz da história do indivíduo com problemas a serem resolvidos. Consegue fazer uma conexão com o passado, ambições e um futuro próximo e geralmente usa desse poder para torturar. Por isso que sabia falar minha língua.
Se ela vê através das memórias de alguém, coleta suas informações, se conecta com elas e vê seu futuro, então ela estava realmente vendo meu mundo e citando sua visão sobre mim.
_ Como que vocês não sabiam que alguém consegue ver atravéz dos mundos?_ estou tão nervosa de estresse nesse momento que praticamente consigo sentir na garganta.
_ Não é como se ela visse entre os mundos, ela lê a história das pessoas e nunca tinha cruzado com uma viajante._ ele deu uma pausa._ Ela conseguiu ver sua dimensão atravéz de suas memórias, estava mesmo falando de você e de seu povo.
_ "Estão esperando a herdeira"..._ citei a visão.
Eu não quero acreditar nisso...
_ "O Genitor Rei"._ Cassian também lembrou. _ Eglantiny...
Antes que ele continuasse eu já tinha entendido.
A herdeira.
Eu mal conseguia piscar, me tremendo tanto de puro susto. Essa é a segunda vez que sinto tanto medo de uma situação na minha vida. Deus, isso é pior que ser mordida por um Trasgo.
Me levantei correndo da mesa e das coisas que estavam em cima dela.
_ Tiny!_ Cassian chamou minha atenção._ Fique calma!
Nesse instante eu começo a sentir raiva, esse homem é meu pai biológico, minha mãe deve ter escondido isso de mim para me poupar do desgosto.
_ Estou calma!_ senti meus olhos arderem, estiquei minha mão fazendo os documentos serem organizados de volta na pasta e coloquei de volta no lugar mais rápido do que tirei da prateleira._ Vamos, General?!
Com a mão ainda esticada e os olhos da cor azul, esperei que ele segurasse. Cass veio com muita cautela até apertar meus dedos.

De volta as terras Ilyrianas, deixei o macho na frente da sala onde eu o encontrei.
_ Aonde você vai?_ perguntou preocupado.
_ Não se alarme, só preciso esfriar a cabeça!
Eu disse me afastando.
_ Volte para casa e fique lá! Vamos fazer uma reunião.
_ E para que? Não vou conseguir ficar quieta nem que me amarre, Cass! Já me demorei demais para voltar para a casa e não resolver nada como sempre. Você não tem noção do ódio que estou sentindo e agora consigo compreender o por que dá corte do Rei sentir tanto com minha presença, por que eu me senti estranha ao me deitar todas as noites para tentar dormir enquanto pensava nas pessoas que morrem inocentes nas minhas terras._ minha voz estava baixa mesmo que minha cabeça estivesse gritando em confusão._ Não quero continuar parada, General. Obrigada pela a ajuda! Nós encontramos no jantar.

Dei as costas para o macho e atravessei até o campo que visitei dias atrás. Cheio de neve fofinha e branca, tirei meu cajado das costas e derramei algumas lágrimas de raiva que logo se transformaram em soluços altos e manhosos.
Me senti como quando era criança e só queria o colo de minha mãe quando estava chateada e ela me deixava chorar e por tudo que eu nem sabia que sentia dentro de mim para fora, falava que tudo ia ficar bem e que o mundo seria mais difícil se não pudéssemos chorar.
Nunca me importei com quem eram meus pais já que tinha Lasky para cuidar de mim, mas agora eu choro por arrependimento por tantos anos de ignorância quando O Rei Kludd foi o responsável pela morte da mulher que me protegeu como se eu fosse seu tesouro. Como eu pude guardar o choro e não vingar ela antes? Como me deixei sentir cada morte e desconforto das pessoas daquele lugar?
Meus olhos inchados e ardendo não paravam de cair lágrimas até eu levantar o rosto e limpar o nariz.
As coisas estão ficando mais claras na minha cabeça.
Minhas orelhas estavam atentas agora, levantei a cabeça para o céu com os olhos fechados e senti a neve se aproximar. Me concentrei ao máximo e escutei, começou como um pequeno ruído, lá longe e veio de aproximando. Logo um grito grave soou, também muito longe. O galopar de um cavalo chegava perto, muito, muito perto, cada passo do animal correndo com uma fêmea a gritar desesperada. Foi ai que eu consegui.
Ouvi os tiros daquela guerra antiga que estava prestes a acabar, o desespero tomou conta de mim me fazendo abrir meus olhos brilhando com aquela azul forte. E eu corri o mais rápido que eu podia, a névoa azul que emanava de meu cetro nunca esteve tão densa e escura. Em um segundo eu estava em Prythian no outro eu estava nas Terras do Caos.

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Oiee!
Queria que vocês mandassem bastantes mensagens, amo quando interagem!
Qual seu livro de acotar preferido?
O que vocês mudariam na história?

Corte de Amor e Caos - AzrielWhere stories live. Discover now