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Narradora

Josh estranhou quando, três dias depois, Sina o chamara até o andar da presidência. Ele entrou no elevador, nervoso, após ter escutado um "boa sorte" de Vitor.

Quando as portas do mesmo se abriram, ele caminhou para fora, parando na mesa de Sina.

-Boa tarde, senhorita deinert. - Ele disse, chamando a atenção da mulher. Sina levantou o olhar e deu um sorriso, ajeitando os óculos. - Eu fui chamado aqui. Aconteceu algum problema?

- Boa tarde, Josh, e pode me chamar de Sina. A Any quer falar com você. - Ela falou e Josh levantou as sobrancelhas. - Fica tranquilo que eu acho que ela já superou os sapatos manchados de café. -Josh riu e Sara apontou uma porta de madeira à sua direita. - Ela está te esperando.

O rapaz assentiu, soltando um suspiro e caminhou na direção da porta.

A madeira escura contrastava com as letras pratas onde estava escrito: Any Gabrielly R. Soares -Presidente.

Josh bateu na porta e escutou ela sussurando um "entra" lá de dentro.

Ele sentiu um arrepio percorrer o corpo todo ao ouvir a voz dela e precisou respirar fundo antes de girar a maçaneta e entrar na sala.

Any estava sentada na grande cadeira atrás da mesa.

Havia um papel entre suas mãos e ela o lia com
atenção. Josh se aproximou da mesa dela, prestando atenção na sala.

As paredes eram beges e o lugar parecia vazio de mais. A mesa em forma de "L" ficava no centro da sala e era marrom escura.

A cadeira de Any, bem como as duas que ficavam do outro lado da mesa, eram bege claro.

Na parede próxima a porta havia uma mesa, onde tinha um pacote de biscoitos e uma garrafa de água.

Atrás da mesa tinha uma parede de vidro e a
vista dali era muito bonita. O escritório
em si era bonito, mas Josh achou tudo muito impessoal.

Não havia fotos, quadros ou coisas coloridas. Era um lugar até um pouco triste.

A mulher levantou o olhar ao sentir a presença de Josh e ele deu um pequeno sorriso sem mostrar os dentes. A Morena indicou a cadeira à sua frente e o rapaz se sentou, ainda um pouco nervoso.

-Mandou me chamar?! - Perguntou, receoso, e ela assentiu.

-Sim. Eu analisei sua proposta para o condomínio e eu gostaria de lhe fazer algumas perguntas. - Josh concordou com a cabeça e Any olhou o papel, que Josh percebera ser seu projeto, por alguns segundos.

-Você realmente acredita que se eu usar suas ideias como base do meu projeto eu vou conseguir fazer esse condomínio no tempo que eu preciso e na qualidade que a minha empresa costuma fazer? -Perguntou e o homem engoliu em seco, tentando entender se havia ou não deboche no tom dela.

- Acho sim, senhorita Soares. Eu posso ter me formado há algum tempo já, mas estou sempre me atualizando e eu acho que conseguiremos fazer uma obra de qualidade e no tempo necessário.

-Você acha? - Perguntou, levantando as sobrancelhas. - Desculpe-me, mas por aqui nós não trabalhamos com achismos, senhor beauchamp. Minha empresa é conhecida sim pela beleza das construções e pelo compromisso
que tem com as obras, mas também somos conhecidos por nossa confiabilidade. Então, me perdoe por te pedir que reconsidere sua resposta, mas eu preciso saber, beauchamp, se você acredita nisso que você me propôs. Eu preciso de uma certeza e não de um talvez. Então eu vou perguntar mais uma vez. Você acredita no seu projeto? - Josh engoliu em seco, brincando nervoso com os dedos das mãos.

Ele encarou os olhos dela por alguns segundos, antes de respirar fundo.

- Eu acredito sim. Acredito que minhas ideias são boas e que elas podem e vão contribuir para o sucesso do projeto.

- Então você acredita que te escolher para a minha equipe seria uma boa opção?

- Com certeza. Eu sou responsável, determinado e sempre aberto a críticas e aprendizados. Acredito muito que eu seria uma ótima adição à sua equipe.

- Ok. - Ela respondeu e ele levantou as sobrancelhas, confuso. "Ok?! Só isso?!"

-Começamos a trabalhar amanhã mesmo. Obrigada pelo seu tempo. -Ela falou, escrevendo algo em sua agenda e ele franziu o cenho, confuso.

Depois de tudo que havia escutado sobre ela, Josh não esperava que aquela conversa fosse ser daquela forma.

Esperava por mais relutância da parte dela ou pelo menos que ela demorasse a decidir sobre ele.

Demorou alguns segundos para que Any percebesse que josh ainda estava ali, encarando-a.

- Mais alguma coisa, beauchamp?

- Não. - Ele falou e a morena levantou as sobrancelhas, esperando uma explicação. -Só estava esperando que fosse ser mais dura comigo.

- Eu deveria? - Ela perguntou, cruzando os braços na altura do peito e ele negou.

- Claro que não. Eu só pensei demais. Já vou indo. Obrigado pela oportunidade, senhorita Soares. -Ele agradeceu, levantando-se.

-Não precisa agradecer. -A morena respondeu e ele sorriu, assentindo. -Eu sei o que as pessoas falam de mim, beauchamp, mas eu não sou o monstro que eles pintam. - Josh engoliu em seco, concordando.

- Eu sei. - Falou e ela deu um pequeno sorriso, algo que ele não via com frequência.

O rapaz saiu da sala e Any ainda ficou alguns segundos olhando para a porta.

Não demorou para que ela se abrisse e Sina passasse por ela com um sorriso digno do gato de "Alice no país das maravilhas", como a engenheira sabia que aconteceria.

- Demorou um pouco mais que o normal. - Ela disse e Sina riu, sentando-se na cadeira de frente para a amiga.

- Eu precisava ver aquele cara indo embora. -Disse maliciosa e Any riu, revirando os olhos. - Ele é muito bonito, já reparou?

- Eu tenho namorado, Sina.

- E isso te deixa cega desde quando? -Perguntou e a amiga negou, sorrindo. -Além disso,esse seu namoro nem é muito bem um namoro, né?!

-Claro que é.- Any disse e Sina levantou as sobrancelhas.

- Any, vocês moram na mesma rua, um de frente para o outro, e se veem três vezes no mês.

-Eu e Caio não somos o tipo de casal que faz tudo juntos.

- Ok, e eu não vejo problema nenhum nisso.Mas você precisa concordar que passar tanto tempo sem se ver estando a menos de duzentos metros de distância não é um bom sinal.

- Eu gosto dele, Sina.

-Eu sei. Mas até quando só gostar dele vai ser suficiente para você? -Ela perguntou e Any suspirou, encarando seus dedos. Sina olhou algo no celular e revirou os olhos. -Noah está me chamando na sala dele, preciso ir. Mas, por favor, promete que vai repensar se esse é o relacionamento qe você merece? - A morena assentiu e a outra deu um sorriso. - Daqui a pouco eu volto e se você quiser conversar sobre o quão bonito o Josh é, me chama, gata.

Sina saiu da sala e Any suspirou, pensando em Caio.

Eles haviam se conhecido na rua deles há alguns anos atrás.

Ele era engenheiro ambiental e, no começo, a relação era leve e divertida. Depois de quase quatro anos juntos, as coisas pareciam mais frias.

Eles quase nunca estavam juntos, a conversa não era mais fluida e quase todos os encontros deles terminava em briga.

Porém, Any não enxergava motivo para um término e Caio também parecia não enxergar.

Eles se gostavam e, para ela, aquilo era suficiente.

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Amável Megera!! ❤️ Where stories live. Discover now