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Josh achou que iria se arrepender de aceitar o convite de Victor. No final do expediente daquela sexta, o colega dele aparecera o convidando para ir até um barzinho comemorar o aniversário de uma funcionária do RH.

Ele aceitou por pressão de Victor e bailey, acreditando que o assunto da roda de amigos seria o trabalho.

Porém, apesar de estar cercado de colegas de trabalho, ele estava se divertindo muito. A aniversariante, que Josh descobrira se chamar Luna, estava contando algo sobre a última vez que eles estiveram naquele bar, porém o engenheiro parou de prestar atenção quando viu uma mulher de cabelos cacheados e nariz empinado caminhando na direção do balcão.

O sorriso foi instintivo quando ele viu Any se sentar em dos bancos altos no balcão e falar algo com o garçom. Não demorou para que ele colocasse um copo na frente dela.

Josh aproveitou que os colegas estavam todos envolvidos na conversa e se levantou, indo na direção dela.

Encostou-se no balcão, ao lado dela, e encarou seu perfil por alguns segundos.

Ela estava distraída, com o olhar longe e Josh se lembrou da primeira vez que a vira, sorrindo por pensar que, seis anos depois, ainda a achava a mulher mais linda que já conhecera.

-Você não parece o tipo de pessoa que gosta de cerveja. -Josh comentou e Any o olhou, curiosa ao vê-lo ali.

- Não sabia que existe um tipo certo de pessoa que toma cerveja. - Ela disse, ácida, e ele sorriu, levantando as mãos em rendimento. - Mas, você está certo, eu sou mais vinho ou, dependendo do dia, um whisky ou uma tequila.

- E por que a cerveja?

-Eu esqueco as coisas muito fácil quando bebo, e, apesar de querer deletar o dia de hoje da minha cabeça, eu sei que não posso esquecer. Mas, eu ainda preciso de álcool. Então eu vou ficar na cerveja mesmo.

- Dia difícil? - Perguntou e ela suspirou, levando a cerveja até os lábios e tomando um gole. -Está sozinha? -Perguntou e viu os olhos dela se encherem de lágrimas.

Any se xingou mentalmente, não havia chorado desde que descobrira da traição, e não queria chorar ali,no meio de um bar. - Fiz a pergunta errada? Eu sempre faço, me desculpa.

Any não respondeu. Ela se levantou, jogando uma nota sobre o balcão e saiu andando do bar.

Josh franziu o cenho, impressionado com a similaridade daquela cena. Não pensou duas vezes antes de sair dali, indo atrás dela.

A mulher estava do lado de fora, encostada em um muro. As lágrimas escorriam livremente pelo rosto dela e ela tinha o pequeno chaveiro de coração entre as mãos.

-Aconteceu alguma coisa, Any? - Ele perguntou, cauteloso, e ela levantou a cabeça, olhando na direção dele.

Os olhos dela estavam tristes e Josh teve vontade de pegá-la no colo e mimá-la até que ela parasse de chorar.

-Aconteceu que a vida me mostrou mais uma vez que eu nasci pra ficar sozinha. - Ela falou e ele franziu o cenho, negando.

- Ninguém nasceu para ficar sozinho.

- Você não conhece minha história, Josh, se conhecesse concordaria comigo.

- Eu já te disse uma vez e vou dizer de novo, eu não preciso conhecer sua história para saber o quão incrível você é. -Josh se aproximou mais dela e levantou seu queixo com a mão, olhando dentro de seus olhos. -Qualquer pessoa que tenha o prazer de estar do seu lado é um puta de um sortudo.

- Não precisa dizer essas coisas para me agradar.

- Eu estou dizendo a verdade, Any. Se sentir sozinha é a coisa mais normal do mundo, mas isso não quer dizer que não existem pessoas que amem estar ê, porque existe sim.

-Eu me sinto muito sozinha, Josh.-Ela confessou, enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto e Josh deu um pequeno sorriso, puxando o corpo dela na direção do seu e abraçando-a.

-Eu entendo o que você está sentindo. Mas vai ficar tudo bem. Posso te contar uma história? - Perguntou, ainda abraçando-a e ela assentiu. - Tinha um garoto que era muito apaixonado nos
avós dele. Ele amava ir para a casa deles e amava todos os momentos que passava com os dois. E o avô desse menino era o maior exemplo para ele. Ele via no avô tudo que ele queria ser
quando fosse maior. Mas, um dia, o avô dele adoeceu e faleceu. O menino ficou desesperado. Ele não queria acreditar que nunca mais iria ver o avô e vivia chorando pelos cantos. Ele achava que se o avô, que era seu grande herói, tinha ido embora, ele iria ficar completamente sozinho.

- E aí? - Any perguntou, curiosa, e Josh sorriu antes de voltar a falar, afastando-se um pouco para olhá-la nos olhos.

-Aí a avó dele o chamou um dia e disse que o avô o amava muito e que ele sempre estaria junto com ele. Então, ela costurou um pequeno chaveiro de coração e deu para ele e disse que aquele chaveiro representava seu avô e que enquanto ele o tivesse, o avô estaria com ele. - Josh pegou a mão dela,que ainda segurava o chaveiro, e sorriu ao ver o objeto tão marcado pelo tempo, mas que ainda tinha tanto significado para ele. - E por anos, esse chaveiro foi o maior conforto da vida dele, o acompanhando nos melhores e nos piores momentos.

- Esse garoto é você? - Perguntou e ele sorriu, assentindo. - Então, esse chaveiro era seu?

- Sim. Eu achei que carregaria ele comigo para sempre, mas um dia eu conheci uma morena linda em uma boate,que estava completamente abatida e falando coisas sobre não merecer o amor e sobre estar sempre sozinha. E eu senti que ela precisava mais dele do que eu.

-O cara daquela noite era você. -Ela falou,ainda tentando acreditar naquilo e ele assentiu.

-Era.

- Eu sempre tive curiosidade para saber quem era o homem por trás desse chaveiro.

- Eu voltei naquela balada várias vezes, esperando te encontrar lá de novo. Mas você nunca voltou.

-Minha memória não foi nossa melhor amiga. - Ela falou e ele sorriu, acariciando a mão dela entre as suas.

-Tudo bem, a gente se reencontrou no final das contas. - Any assentiu e Josh a olhou com cuidado. - Eu sei que você é minha chefe e que você acha que nosso relacionamento tem que ser só profissional. Mas eu preciso de mais, Any. Me deixa ser pelo menos seu amigo.

- Você já me viu chorando tantas vezes que eu acho que já te considero amigo. - Ela falou e ele riu, assentindo.

-Justo. -Josh sorriu, olhando para dentro do bar e vendo os colegas, brincando e rindo. -Estamos comemorando aniversário da Luna, do RH, quer se juntar?

- Não, obrigada. Não é todo mundo que quer ser amigo da chefe. Eu vou para casa,obrigada pela companhia e pelas palavras.

-Precisando, é só gritar.

Any parou um táxi, deixando um beijo na bochecha de Josh.

Dentro do veículo ela olhou mais uma vez o pequeno coração em suas mãos e, agora, aquele pequeno objeto parecia fazer ainda mais sentido.

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Estou vendo um dejavu?!

Josh não aguenta ver a Any chorando.....

Gatilho em amores

O show e a amizade deles🥺💔

+20

Amável Megera!! ❤️ Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon