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Narradora

Da varanda de seu quarto, Any encarou a casa de Caio. Ela não havia respondido no dia anterior e sentia um pouco de culpa por aquilo.

Seu celular vibrou e ela pegou o aparelho, sorrindo ao ver a foto que Sina havia acabado de enviar.

Era uma foto da mão dela, com o anel, dizendo que estava namorando.

A morena sabia que a melhor amiga estava feliz e foi pensando nessa felicidade que ela bloqueou o telefone e encarou a casa do namorado uma última vez, antes de sair de seu quarto e descer as escadas.

Chegar até a casa de Caio não fora difícil. O complicado fora tomar coragem para abrir a porta da frente.

Sabia que precisava conversar com ele, colocar todas as cartas na mesa e mostrar que estava disposta a ter um acionamento mais saudável se ele também estivesse.

Gostava dele, estar com ele era algo cômodo e ela não queria abrir mão daquilo. Porém, sabia que ele precisava querer também, e mudar a forma como encarava o relacionamento deles.

Girou a maçaneta,empurrando a porta. Fazia algum tempo que eles não batiam na porta um do outro para entrar mais.

Caminhou em direção a sala e a cena em sua frente fez se estômago embrulhar. Era melhor ter ficado em casa.

Caio estava sentado, no sofá. A cabeça pendia para trás e os olhos estavam fechados. Estava apenas de cueca e tinha um sorrisinho nos lábios enquanto ganhava uma mordida no pescoço.

A pessoa sentada no colo dele tinha cabelos castanhos claros e lisos, na altura da cintura e usava apenas uma calcinha preta pequena e uma camisa vermelha. Any engoliu em seco, paralisada no lugar onde estava.

-É assim que você gosta é? - Ela perguntou, rebolando no colo dele e Caio assentiu.

- Eu sou tão sortudo de ter você, Flô.

-Ele disse, ainda de olhos fechados e a mulher deu uma risadinha. - Tão gostosa.

Any quis sair dali em silêncio. Porém, no momento que ela se virou para ir embora, esbarrou na estante que havia ao seu lado, derrubando alguns livros no chão. O barulho fez com que Caio abrisse os olhos e olhasse para Any, um pouco assustado.

-Any?! - Ele perguntou e ela se virou devagar, sem coragem de olhá-lo.

A mulher ainda estava no colo dele e tinha os olhos levemente arregalados. Caio tirou o corpo dela de cima do seu, sentando a mulher seminua no sofá.

Ele puxou a camisa que estava no chão, vestindo-a, e Any não sabia muito bem o que fazer. Queria correr e ir para bem longe dali, mas seus pés pareciam estar presos no chão.

-Desculpa interromper a diversão de , eu já estou indo, não queria atrapalhar.-Ela falou, dando um passo para trás e Caio negou, andando na direção dela.

- Não vai não, Any. Vamos conversar.

- Eu não sei se quero conversar com você. -Any falou e Caio deu um pequeno sorriso.

- Por favor, meu amor. - Ele pediu, estendendo uma mão para tocá-la, mas rlina desviou do toque dele.

-Amor? Quem é essa mulher, Caio? -A outra mulher perguntou e Any levantou as sobrancelhas. Não seria possível que ele estivesse enganando as duas, era?!

- Eu sou a namorada dele. Ou pelo menos eu era até entrar nessa sala. - Ela falou e viu o momento que a morena franziu o cenho.

- Não. Eu sou a namorada dele.-A mulher estava exaltada, parecia tão confusa quanto Any, sem acreditar no que estava acontecendo. -O que está acontecendo aqui, Caio?

-Por que você não vai lá para cima e me espera? Eu vou conversar com a Any e já falo com você. - Caio pediu e ela pareceu ponderar a situação.

-Mas,eu acho que a gente... -A mulher começou a dizer e ele travou o maxilar, virando-se para ela.

- Agora,Floriana. -Ele disse e ela assentiu, pegando o short em cima do sofá e correndo na direção das escadas.

- Floriana?! -Any perguntou, assim que a mulher sumiu de sua vista. - Eu sou realmente muito idiota, né?! Todo esse tempo, que você me dizia que estava com um amigo e eu me achava uma boba por duvidar de você, por desconfiar, quando na verdade você estava me traindo. Você se fez de santo,me fez me sentir culpada por estar destruindo nosso relacionamento quando, na verdade, você também estava acabando com ele. - Ela disse, exasperada, e Caio a encarava, em silêncio.

Existia um ar prepotente nele, como se, mesmo errado, ainda fosse melhor do que ela e isso estava irritando Any mais do que tudo. -Vai ficar em silêncio? Não vai pedir desculpas ou dizer que não é nada disso que eu estou pensando?

- Você não pode colocar a culpa disso em mim. -Ele falou e Any levantou as sobrancelhas, mal acreditando naquilo que havia acabado de escutar.

- Você está sempre trabalhando, nunca tem tempo para mim,para satisfazer minhas necessidades. E a Flô sempre esteve do meu lado, me dando toda a atenção que eu queria e precisava. O que você acha que eu deveria fazer?

-É claro que a culpa é minha, né?! Sempre é.Mas quer saber de uma coisa, Caio? Eu cansei.

- O que você está dizendo?

- Eu estou terminando com você. E estou fazendo isso pelo pouco amor próprio que eu ainda tento. Porque eu não aguento mais sua arrogância, não aguento mais ser diminuída e humilhada por você. Não aguento mais seu ciúmes em excesso e sua desconfiança sem fundamento. Não aguento mais ser a culpada por um relacionamento fracassado só porque vcê não está acostumado a levar a culpa por nada.

- Vai dizer então que a culpa do fim do nosso relacionamento é minha?

-Estou dizendo que a culpa é de nós dois. Eu realmente fui um pouco negligente, mas quem escolheu trair foi você.

- Não. Se você fosse mais presente, eu não precisaria te trair.

-Chega desse discurso ridículo, Caio! Pelo amor de Deus, assuma a responsabilidade pelos seus atos e para de colocar a culpa nos outros. Nosso relacionamento acabou há muito tempo, hoje eu só coloquei um ponto final.

- Você está cometendo um erro.

-Será mesmo?

- Está e você sabe disso. Eu te amo, Any, mas você nunca vai achar alguém para te amar como eu. E sabe por quê? Porque você é uma megera e ninguém te suporta. Você deveria me agradecer por ter te aguentado, já que nem sua mãe foi capaz de fazer isso. -Any engoliu em seco. Ainda se assustava com a facilidade que Caio tinha de escolher as palavras exatas para machucá-la.

-Se isso é realmente amor, Caio, eu prefiro não ser amada. Espero que seja feliz e que trate a Floriana melhor do que me trata. Passar bem.

Any caminhou depressa para o lado de fora da casa.Quando ela chegou na rua, deixou que, enfim, um suspiro dolorido esvaísse de seu peito.

Eram tantas emoções dentro de si mesma que ela não saberia explicar o que estava sentindo.

Mas, apesar da dor e da vergonha da traição, pela primeira vez em muito tempo, Any se sentiu mais leve por não ter mais nada ligando-a a Caio.

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Amável Megera!! ❤️ Where stories live. Discover now