Cap 7

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Se fosse perguntada na posteridade como chegara em casa naquela noite, Yibo simplesmente reviraria os olhos, e ignoraria seu perscrutador. Em um dia de bom humor, talvez até soltaria uma piadinha irônica.

Mas a resposta honesta era que ele não sabia.

Arrepios passavam por todo o seu corpo como se morresse de frio, apesar do aquecedor do Audi estar ligado e em bom funcionamento. Yibo sentia como se tivesse sido dragado para um terrível pesadelo, uma realidade à qual ele não estava familiarizado. Nessa nova realidade ela era um desastre. Falhara pela primeira vez e, para completar sua decaída, em uma missão ridiculamente fácil.

E tudo era culpa dele.

Socou o volante quando os olhos do Agente invadiram-lhe a cabeça, amaldiçoando o dia em que Xiao entrara em sua vida. Uma nova onda de arrepios passou pelo seu corpo quando ele se lembrou do extremo atrevimento do homem. Ele o tocara. Beijara. E, inegavelmente, ele o fizera sentir coisas.

Yibo odiava Xiao Zhan por isso.

Já havia se adaptando com o fato de que era seco. Imune. Incapaz de se sentir atraído ou regozijar-se com qualquer toque de cunho sexual vindo de outro indivíduo. Vitor, é claro, desenvolvera uma teoria para aquilo, como fazia sempre que algo necessitava de uma explicação. Segundo ele, Yibo se portava daquele jeito indiferente perante o toque de alguém, porque todas as figuras que ele ficou foram escolhas da máfia, e não dele. Yibo defenestrou a ideia assim que ela saíra da boca de Vitor.

No fundo, o fato de que ele não poderia ser submisso ao toques fazia com que se sentisse superior. E não era como se Yibo fosse morrer sem conhecer o tão "superestimado" orgasmo. Devido à sua particularidade, aprendera junto com a chegada da puberdade como proporcionar prazer a si mesmo. E estava satisfeito com isso.

Mas Xiao Zhan chegara determinado a acabar com a sua vida!

Pegou o celular, seu íntimo a avisando que deveria informar seu tio da sua falha, Mas o estômago embrulhou só de se imaginar fazendo isso. Yibo resolveu então postergar o fato o quanto pudesse. Ouvir a voz do tio censurando-o àquela hora da noite era tudo de que Yibo menos precisava.

Olhando à sua volta, percebeu que se encontrava estacionado na calçada, de frente para o seu apartamento. Não saberia dizer quanto tempo passara ali. De repente, estava cansado demais para guiar o Audi até a garagem e desligou o carro, resolvendo deixá-lo ali mesmo.

Andou lentamente até a porta, não se importando com as gotículas de chuva que lhe atingiam o corpo. O que mais queria era esquecer o que acontecera. Sabendo que o fato era impossível, pelo menos, não veria mais a cara do Xiao. Pensando bem, ele não queria sequer ouvir o nome do federal novamente.

- Yibo! - Seu nome foi gritado assim que ele colocou o corpo para dentro de seu apartamento. Pôde visualizar a figura de Vitor que quicava no sofá branco, aparentando muito menos que seus 22 anos. Seu cérebro registrou, mais por força do hábito que por interesse, uma pasta preta que as mãos pequenas agarravam. como se daquilo dependesse a sua vida.

- O que é isso? - disse apontando para a referida pasta, deixando as chaves em cima da mesinha de vidro.

- AGENTE XIAO ZHAM - Vitor gritou ainda mais. Yibo permitiu-se fechar os olhos por um instante, imaginando o que o universo tinha contra ele.

- Fiz uma pesquisa completa sobre o agente- Vitor continuou, saindo do sofá e abrindo a pasta - sobre seus amigos no FBI, o que ele teve que passar para chegar até lá, seu relacionamento com a família, suas posses... Desencavei até a vida do pai dele, o Matthew.

Vitor parou na frente do Yibo, mastigando avidamente um chiclete, mania que sempre adotava quando estava investigando algo.

- Eu sei, eu sei. O papai aqui é demais. Sinceramente, eu caprichei nesse relatório e acho que você...

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