Capítulo 3

102 44 34
                                    

Eu rodopiava uma caneta entre as mãos, meus pés estavam acima da mesa do senhor Julian.

-Vou perguntar mais uma vez. – Ele disse arrumando os óculos. – Você já usou alguma dessas armas?

Respirei fundo.

-Já disse que não. – Coloquei a caneta sobre a mesa.

-Então como você explica a arma encontrada no seu armazém?

-Até isso conseguiram encontrar? – Disse, indignada.

-Por favor senhorita Kate. – Ele juntou as mãos em forma de oração. – A senhorita precisa colaborar comigo para que eu te ajude.

-Onde está a minha joia? – Olhei ao redor, para os guardas posicionados atrás de mim. – Onde vocês guardaram a minha joia?

Eles me olharam carrancudos, mas não responderam nada.

-Senhorita. – Julian chamou minha atenção. – Se colaborar comigo, darei a quantia dobrada do valor da joia. – Ele cruzou os dedos, sério.

-Não quero o dinheiro, quero a joia, quase morri tentando pegá-la. – Me encostei na cadeira.

Um dos guardas exclamou.

-Foi essa maluca que roubou a joia vermelha? – Ele olhou indignado para Julian.

-Agora entende porque precisamos dela? – Julian retrucou.

-Precisam de mim para que? Desembuchem logo!

-Nós falaremos sobre isso em outra ocasião. – Ele se endireitou. – Agora falemos sobre a arma.

-Olha, não sei porque você está fissurado com ela, eu a ganhei de um cliente que não tinha o valor em dinheiro, já a usei algumas vezes, mas é isso. – Cruzei os braços.

-De qualquer forma, obrigado. – Ele fez um gesto para os soldados. – Podem leva-la, cela 189.

-Pera ai! Cela? Para onde vocês v...

Os seguranças me seguraram cada um de um lado e me levaram para fora da sala.

Decidi não dizer mais nada, a situação estava feia para o meu lado.

Descemos umas dezenas de degraus até parar na 'prisão' do castelo.

Sai dos meus pensamentos quando chegamos as celas. Um corredor longo se estendia, escapando da minha visão. As paredes eram todas de pedras, e a maior parte do chão era coberta por feno.

Havia centenas de celas com prisioneiros, homens, mulheres, crianças e jovens. Enquanto os guardas me arrastavam, observei homens amolando facões e dando sorrisos maliciosos em minha direção. Logo uma mulher colocou o braço para fora das grades segurando o guarda que me carregava.

-Me tire daqui, por favor, eu não fiz nada. – Ela não era velha, mas seus cabelos desgrenhados, suas olheiras profundas, e as manchas pelo rosto demostravam um cansaço eminente.

-Fique na sua cela. – O guarda da esquerda ordenou.

189 celas depois, chegamos onde aparentava ser a minha.

Eles me colocaram para dentro e começaram a trancar pelo lado de fora. Coloquei as mãos sobre a grade

-Disseram que o rei queria me ver.

-Ele vira ver você, vocês na verdade. – Ele debochou.

-Vocês?

-O rei vai fazer uma visitinha para os amiguinhos da cadeia. – Ele riu imitando o som de um porco, o outro guarda deu um soco nas costas dele.

AutodestruiçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora