Capítulo 9

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5 dias depois

O homem de alargador tinha desaparecido depois daquele dia.

'Refeição' Dessa vez quatro guardas faziam questão de alimentar os presos.

Aidan estava de pé, perto das grades, mãos estendidas.

Eu não o via, pois estava deitada de frente para a parede, onde um dia eu fazia marcações, mas agora só tinha um monte de rabiscos, eu tinha perdido a noção do tempo completamente.

Ouvi a grade se fechar.

–Se dividir a comida com ela. – Um dos guardas alertou. – Os dois ficam sem comer.

Aidan não respondeu, acredito que tenha apenas assentido.

Eu continuava fazendo rabiscos pela parede, sem direção. Meus braços estavam extremamente finos, meu corpo estava magro, eu estava a quatro dias sem comer, esse era o quinto. Bebia apenas água da torneira velha, meu corpo estava chegando ao seu limite.

–Desculpe. – Aidan confessou.

Eu continuava rabiscando, ele não tinha que se desculpar.

–Eu divido com você. – Ele continuou. – Mesmo que fiquemos sem comida.

Não respondi.

–Merda Kate, você está me ouvindo? Se continuar assim você vai morrer! – Sua voz era firme. – Não estou a fim de conviver com um cadáver.

Meus olhos lacrimejavam, eu não estava chorando, meu corpo estava apenas reagindo.

–Eu não vou morrer! – Larguei a pedra. – Eu não vou morrer. – Repeti, baixo, mais para mim mesma do que para ele.

–Então coma logo! – Ouvi o barulho do prato tocar o chão.

–Não. Se eles pensam que vão me matar assim, eles estão enganados.

–Deixe de ser orgulhosa. – Aidan gritou. – Você prefere morrer do que ser ajudada?

Eu me levantei com muito esforço, eu estava imunda, o máximo que eu pude fazer todo esse tempo, foi pegar um pouco de água e esfregar no meu corpo.

–Não é orgulho! Eu vou sobreviver, não importa o que façam. – Estava de pé, mas tive que segurar nas grades para permanecer assim.

–Sobreviva comendo. – Ele empurrou o prato na minha direção.

Um guarda se aproximou.

–O que está acontecendo aqui? – O homem tinha uma cicatriz na boca.

Eu o encarei, como um lobo encara sua presa. Ele desviou a atenção para o prato.

–Você alimentou ela? – O soldado gritou.

Aidan iria responder, mas eu o interrompi.

–Não, eu não comi. – Estava agarrada a grade.

–Não preciso que me defendam! – Aidan disse baixo. – Ela não comeu.

–Não estou defendendo ninguém, estou apenas dizendo o que já sabem... Precisam de muito mais para me matar! – Mostrei os dentes, o guarda me olhou assustado.

–Por que o rei insiste em manter essa louca viva? – O homem da cicatriz questionou-se a outro soldado que se aproximava.

–Ele só não quer que os números caiam. – Ele me olhou de cima a baixo. – Essa vai ser boa de apostar.

Mostrei o dedo do meio.

–Se eu não a matar antes. – O soldado da cicatriz mexeu na arma em sua cintura.

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