Capítulo 02:

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Eu sempre disse que uma hora ou outra Grandmère iria me arrastar — lê-se sequestrar— para Genovia, mas ninguém acreditou até eu ser jogada em um jatinho particular e passar as minhas últimas semanas de férias surtando por dentro por medo de fazer algo errado.

Nessas três semanas eu aprendi coisas muito valiosas, entre elas:

Sempre está ensolarado em Genovia;

As praias genovianas são muito boas;

Eu não aguento mais comer pêra;

O palácio de verão não tem Internet e nem sinal;

Genovia tem muitas pedras, muitas delas;

O filho de Joe é claramente mil vezes melhor que o pai;

Eu sinto falta da Flora.

Quer dizer, esse último item da minha lista já era bem óbvio. Estava estampado na minha cara e minha avó não me deixaria esquecer disso.

— Amelia — ela dizia, toda sábia —, você não precisa ficar chateada, tenho certeza de que vocês vão se ver de novo em breve.

— Grandmère. — Grunhi pegando uma almofada que estava ao meu lado e enfiando no rosto. Não estava ajudando que Lydia estivesse sentada no mesmo sofá que ela, as duas de mãos dadas enquanto Lydia lia um livro e Grandmère me julgava com seus olhos muito azuis.

Esse verão tinha sido particularmente torturante, com toda a questão de eu estar sendo apresentada para o povo de Genovia pessoalmente e tal, todas as fotos, jantares, barcos sendo batizados, segurando bebês e tendo que ouvir as opiniões de Joe sobre tudo e todos sem parar.

Inclusive, batizaram um barco com o meu nome. Foi bem estranho, mas foi legal também. Quebraram uma garrafa de champanhe e esse tipo de coisa, agora o Princesa Amelia era um barco de turismo.

Além do mais, ver Lydia e Grandmère estava me deixando com todo tipo de saudade possível. Os sorrisos que elas compartilhavam quando estavam em lados opostos da sala, as mãos dadas discretamente quando estavam junto de pessoas que confiavam, os selinhos casuais quando alguma delas ia sair para fazer alguma coisa fora do castelo e tudo mais.

Eu as observava com um sorrisinho no rosto, feliz de ver minha avó tão feliz. Enquanto isso, eu estava tentando esquecer a toda custa o que um rolo de dois meses fez com a minha cabeça.

Tipo sério, eu ainda tive um "amor de verão" — entre mais aspas do que necessário—, com o filho de um barão do qual eu não gostei muito, chamado Vincent. Nem menos dois dias depois do nosso segundo encontro eu disse, da forma mais educada possível, de que não achava que éramos compatíveis um com o outro e lhe dei um pé na bunda, segundo os tabloides. Não foi um pé na bunda, ele levou o "término" na boa.

Claro, a minha parte compatível está na Escócia sem perspectiva de vinda, tanto para os Estados Unidos quanto para Genovia e tudo culpa da insuportável da mãe dela. Eu tive que escutar minha avó praguejando mais de uma vez em seu escritório porque a imbécile da Rainha Clara negou, mais uma vez, a vinda de Flora para passar o verão por aqui.

— Preparada para amanhã, querida? — Lydia perguntou, ignorando minha avó.

— A senhora sabe que não, mèregrand. — Falei finalmente tirando a almofada da frente do meu rosto. Como toda vez que eu chamava Lydia de "avó", seu rosto se iluminava um pouco mais (mèregrand é outro jeito de dizer "vovó" em francês, se quiserem saber).

— Besteira, Gregorstaun fará muito bem a você, Amelia. — Grandmère disse e eu suspirei olhando para o novo quadro na sala de estar do quarto delas. Porque existem salas de estar em praticamente todos os quartos, não só do Palácio de Verão como no outro palácio também.

Highland Princess - RocksaltWhere stories live. Discover now