Capítulo 10:

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Okay, talvez essa não seja a melhor situação, mas pelo menos conseguimos salvar algumas coisas. Meu mapa estava mais ou menos legível, o que foi um alívio, mas boa parte dos nossos equipamentos estavam esmagados, encharcados ou perdidos no rio. Em alguns casos até os três.

O problema maior é que nós duas estávamos sem os nossos sinalizadores, ou seja... eu vou ter um ataque.

— Vem cá, você vai ficar aí no chão? — Perguntei e Flora soltou um suspiro.

— Tipo isso, quer vir também?

— Nunca imaginei que logo você iria deitar no chão de terra depois de cair em um rio. — Falei e Flora deu de ombros.

— Tem certas coisas que você não sabe sobre mim, Quint, e você sabe mais coisas sobre mim do que 99,9% das pessoas. — Ela disse fechando os olhos e eu soltei um suspiro.

— Okay, o que vamos dizer para a dra. McKee?

— A verdade, óbvio. — Flora disse dando de ombros mais uma vez. — Não tem muito o que dizer além disso.

— E se ela achar que você ainda está tentando ser expulsa? — Cruzei os braços e Flora abriu seu olho esquerdo.

— Aí não tem muito o que se fazer né, acho que a escola não tem um detector de mentiras ou sei lá.

Olhei ao redor, pelas minhas contas tínhamos mais algumas horas antes de anoitecer e o que eu menos queria nesse momento era passar a noite tão próximas assim do rio.

— Sua bússola está funcionando? — Perguntei enquanto procurava a minha própria bússola, Flora grunhiu ao se sentar e me jogou a sua bússola de dentro da sua mochila.

— Ela tá meio rachada. — Avisou e eu a coloquei no bolso do meu colete.

— Dá pro gasto, vamos voltar para a escola. — Falei pegando o que tinha sobrado dos meus equipamentos e os enfiando de volta na mochila, deixando de fora apenas o meu mapa e a bússola.

— E depois eu sou mandona. — Flora murmurou revirando os olhos, também pegando sua mochila e começando a me seguir.

Começamos a caminhar, e caminhar, e caminhar, e caminhar um pouco mais. Nunca agradeci tanto por saber ler um mapa quase ilegível, mas quando finalmente chegamos em uma lareira decidi parar.

— Graças a Deus. — Flora disse imediatamente deixando sua mochila no chão e se espreguiçando. — Você é cruel, Quint.

— É de família. — Respondo também deixando a minha mochila no chão. — Vamos aproveitar esses últimos minutos de luz pra ver se conseguimos montar uma barraca.

Eu tenho muita experiência em montar barracas, muita mesmo, mas rapidamente concluímos que as barracas seriam tão inúteis quanto ficar do lado de fora, já que dentro das barracas estava ainda mais úmido e gelado do que o relento.

Flora puxou um maço de cigarros de seu bolso e suspirou depois de mexer neles por um tempo enquanto eu terminava de acender uma fogueira.

— Ei, você está bem? — Perguntei finalmente erguendo o olhar do que eu estava fazendo, Flora finalmente pareceu sair do transe que estava enquanto olhava para um cigarro amassado entre seus dedos.

— Quê? Ah, eu tô bem. — Ela disse se aproximando da fogueira e abrindo um sorriso, mas eu a conhecia bem o suficiente para saber que era um sorriso falso. Segurei em sua mão, entrelaçando nossos dedos, só então percebi que ela estava tremendo, eu não sabia se era de frio ou por outra coisa. Seus ombros caíram e seu sorriso se desmanchou. — Talvez... talvez eu não esteja tão bem assim.

Highland Princess - RocksaltOnde as histórias ganham vida. Descobre agora