Capítulo 23:

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Aviso de gatilho para uma crise de ansiedade/pânico, mas assim como em Vegas não é nada muito explícito certo? Boa leitura!! 

***

Já sei o que esperar no momento em que Glynnis aparece na porta, quero pedir que Quint fique, mas sei que não posso. Ou simplesmente não consigo.

Vou para o corredor, mas não tenho para onde ir. Vão me achar de qualquer forma, nada vai mudar. Eu sei disso, eu já tentei fugir antes, fugir não adianta em nada.

Minha respiração começa a acelerar, de repente a iluminação das tochas não é mais suficiente. Tento fazer os exercícios de respiração que minha psicóloga insistia que eu fizesse, mas minha mente estava cheia.

Mon petit? — Levanto a cabeça e olho para o fim do corredor, onde meu pai está em pé.

— Pai? — Minha voz sai um sussurro, mas ele escuta do mesmo jeito, vindo até mim com os braços abertos. — Pensei que você estivesse na França.

— Eu voltei por causa do baile do Alex, mon petit. — Ele diz, usando o apelido que ele costumava me chamar quando eu era pequena. — Mas está na hora de ir.

Ele me abraçou, mas eu me retesei. Eu praticamente o empurrei para longe, nunca gostei do contato físico vindo dos meus pais.

— Stephan, você falou com ela? — A voz da minha mãe me faz revirar os olhos, mas mantenho a compostura, de alguma forma.

— Clara querida, você tem certeza... — Ele tenta dizer, mas ela o corta com o olhar. — Sim, meu amor, eu falei.

— Ótimo. — Minha mãe se aproximou, fazendo carinho em meu rosto. — Você teria um futuro brilhante pela frente, Flora, se continuasse na linha.

— Não, eu tenho um futuro brilhante pela frente, mamãe. — Respondo e ela afunda as unhas em minhas bochechas, o que me pega de surpresa. A dor faz com que lágrimas involuntárias preencham meus olhos, mas não deixo que elas caiam.

— Eu duvido disso. — Ela diz e me solta bruscamente. Ela faz um gesto e Ralph segura em meu braço.

— Ei, Ralph, Ralph, o que você está fazendo? — Perguntei quando ele e outro segurança começam a me puxar, seguindo os passos dos meus pais. — Ralph, o que você está fazendo?

Pergunto mais uma vez, porque não quero acreditar. Eu me recuso a acreditar. Ele vira a cabeça pro lado, mas tenho certeza de que vi seus olhos reluzentes por um momento.

— Ralph, me solta, agora. Ralph! Me solta, Ralph! — Ele e o outro segurança apertaram meus braços com mais força ao mesmo tempo.

E eu odeio isso, odeio tanto assim. Odeio o jeito que me sinto como uma criança de novo, como o pânico parece estar prestes a me sufocar. Tento respirar fundo para acalmar a minha respiração, mas engasgo com as minhas próprias lágrimas.

— Olá, família! — A voz bêbada de Seb nos chama a atenção e eu arregalo os olhos, pronta para chamá-lo. Pedir para que ele chame a Quint, o Alex, qualquer pessoa. No entanto, minha mãe segura em meu rosto mais uma vez me forçando a olhar para a frente.

Eu reconheço aquele caminho como a palma da minha mão, eu reconheço aqueles arranhões nos degraus de pedra causados por gerações de Bairds em desespero quando crianças, mas que não hesitam em fazer o mesmo com seus filhos anos depois.

Como se esquecessem. Esquecessem do terror, do medo, do frio, da mentira, da humilhação.

Prometo a mim mesma que quando eu tiver filhos, não deixarei que eles sintam uma fração disso. Uma fração dessa casa de bonecas que é a família Baird.

Highland Princess - RocksaltWhere stories live. Discover now