Capítulo 04:

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Eu amo todo esse aesthetic meio gótico de Gregorstaun com as montanhas e as pedras e tal, mas ao mesmo tempo eles certamente têm métodos medievais por aqui.

Sério, quem considera correr seis horas da manhã embaixo da chuva em uma pista cheia de cocô de ovelha uma atividade saudável? E não me entenda mal, eu acho interessante esse discurso de vida saudável e tal, mas eu odeio corridas. Odeio mesmo.

Se essa parte terrível não existisse eu muito provavelmente me sentiria nas nuvens o tempo todo durante essa primeira semana. Eu ainda sentia vontade de me beliscar toda vez que eu acordava e via cabelo loiro espalhado no travesseiro da cama ao lado.

E Flora parecia estar tentando compensar pelo tempo perdido a todo custo, e eu estava fazendo o mesmo. Sentávamos juntas no refeitório sempre que aquelas amigas de Flora não decidiam intervir, sua mão sempre estava a centímetros de distância da minha quando não tínhamos os dedos mindinhos entrelaçados.

Voltando a essa corrida insuportável, estava chovendo — para variar —, então o chão estava especialmente escorregadio e junto dos cocôs de ovelha por toda parte não ajudavam em nada.

Parecia que Gregorstaun queria tirar o sedentarismo a força do meu corpo, o que eu não estava nem um pouco afim de fazer.

Mas o que eu realmente não estava afim de fazer foi quase escorregar em bosta de ovelha molhada, mas foi exatamente o que fiz. Não caí por muito pouco e me xinguei mentalmente por ter certeza de que esses tênis não seriam recuperados tão cedo.

— Tudo bem aí, Millie? — Sakshi perguntou sem parar de correr, mas também sem sair do meu lado. Ergui o rosto e indiquei meu tênis destruído. — São os ossos do ofício. — Ela se limitou a dizer, dando um dar de ombros gracioso e voltando a correr, suas tranças presas em um rabo de cavalo balançando enquanto corria.

De repente, não tive tanta certeza se gostava tanto assim de Sakshi.

Se bem que eu não tive tanta certeza se gostava dela no primeiro dia, quando nos conhecemos. Flora praticamente correu do corredor e eu fiquei a olhando sair sem me mexer.

Até Sakshi e Perry entrarem no corredor pelo menos, com ela dizendo:

— Estou dizendo, Perry, elas estão aqui!

Não preciso dizer que ela logo me viu né, mas ela não se tocou de primeira quem eu era. Quando ela finalmente percebeu ela arregalou os olhos e disse:

— Você é a princesa. — Eu me limitei a erguer as sobrancelhas e sorrir.

— A própria, acho eu.

Eu realmente estou passando muito tempo com Grandmère.

Sakshi me arrastou para o Chá das Garotas com Perry logo atrás parecendo escandalizado.

— Sakshi você não pode fazer isso com uma princesa! Principalmente uma de outro país! — Ele dizia, mas eu não estava ligando nem um pouco, gostava da normalidade.

Ou o mais normal que essa escola demoníaca consegue ser.

— Isso é infernal. — Perry arfou também parando de correr, a mão sobre o peito. — Eu tenho tentado avisar as pessoas sobre esse lugar, mas ninguém me escuta.

— Se eu tivesse te conhecido antes, Perry — arfei torcendo o nariz para o chão —, pode ter certeza que eu teria escutado.

— Obrigado, Millie. — Ele sorriu, mostrando seus dentes da frente que eram mais avantajados.

— Não seremos vítimas do Colégio da Morte. — Digo solenemente e ele estufa o peito.

— Dois a mais na rebelião contra Gregorstaun. — Ele diz e então explodimos em risadas graças a seu tom de voz pomposo demais, em parte por me lembrar do jeito do Príncipe Alex falar.

Highland Princess - RocksaltWhere stories live. Discover now