Capítulo 20

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⚠️ Aviso ⚠️: Este capítulo pode conter gatilhos.


O cheiro de carne assada com especiarias típicas da Corte Noturna tomou conta do olfato de Morrigan. Pelo caldeirão! Como ela tinha sentido falta disso.

Com cuidado para não fazer muito barulho, Mor entrou na Casa do Rio. Antes de passar lá, tinha ido em seu apartamento deixar suas malas e tomar um banho. Pelo menos o cheiro extremamente cítrico, e pode se dizer ácido também, saiu de sua pele.

As roupas que tinha usado em Vallaham, ela deixou todas de molho em água sanitária e outros produtos. Tudo isso apenas para ver se o cheiro sairia delas.

Quando chegou no portal do grande cômodo, a loira teve a visão de todos eles juntos. Toda a sua família ali reunida para o jantar. Mor sorriu. O aperto que sentia em seu coração diminuindo um pouco.

Amren e Feyre estavam sentadas casa uma em uma ponta. Rhys ao lado direito da parceira com Nyx no colo, Cass, Nestha, Azriel e Elain ao lado de Rhys.

Do outro lado da mesa, estava com um lugar vago ao lado esquerdo de Feyre, no acento seguinte Lucien e depois as amigas da Archeron mais velha.

Mor levou algum tempo as observando.

Lembrava perfeitamente do dia em que ela e Azriel resgataram a garota ruiva assustada. Céus, como aquela garota estava assustada quando Az a encontrou.

Ela não deixava ninguém chegar perto, estava debruçada em cima do corpo sem vida de sua irmã.

Gwyneth correu para a sua gêmea assim que Azriel matou o macho que a estuprava. Depois disso o illyriano tentou se aproximar e perguntar como ela estava, se estava muito ferida, mas a fêmea se desesperou com a aproximação dele, mesmo que ele fosse seu salvador, e teve uma crise de ansiedade.

Ver como ela estava fez uma parte de Azriel se contorcer e apertar. As sombras estavam extremamente agitadas e ariscas. Sussurravam a todo momento para que seu mestre ajudasse a fêmea. Mas Azriel sabia que não poderia fazer muita coisa agora, a sacerdotisa estava assustada e um macho como ele o assustava ainda mais.

Então, Azriel correu em busca de Mor, para ver se ela conseguiria acalmar a jovem sacerdotisa. Deu certo, pelo menos em parte, pois logo depois de Mor conseguir acalma-la, a ruiva desmaiou. Az pegou seu corpo pequeno e machucado no colo, em seguida alçou voo diretamente para Velaris.

Morrigan já estava na biblioteca da Casa do Vento quando Azriel chegou. Ela e Clotho já os esperavam na entrada do santuário de fêmeas. A Grã-Sacerdotisa conduziu os três para uma pequena enfermaria que tinha ali, ela ficava um pouco antes da ala dos quartos.

Com cuidado, o mestre espião depositou o corpo esguio da fêmea ruiva na maca perto da janela. Ele olhou para trás, seus olhos procuraram os de Mor, os olhos avelãs do espião continham uma pergunta silenciosa.

Mor negou e apontou com o queixo para a porta, ele entendeu o recado e saiu, deixaria as fêmeas sozinhas para um momento de privacidade. Enquanto isso avisaria a Rhys sobre a nova sacerdotisa e o que tinha acontecido no templo.

Morrigan observava atentamente quando Clotho ajeitou a outra na cama, e em seguida a despiu para poder examina-la e fazer os curativos. E Pelo Caldeirão! Ela estava tão machucada! Seu corpo estava sujo, com hematomas, alguns cortes e arranhões. Era devastador olhar o estado em que a outra se encontrava.

Mor não deixou de se ver ali, no lugar da jovem sacerdotisa. Diferentemente dela, Morrigan possuía três pregos cravados na barriga, tinha sido espancada quase até a morte e deixada na fronteira de duas Cortes praticamente desconhecidas.


- Mor? Morrigan?

Mor é tirada de suas lembranças com a voz de alguém a chamando. Ela balançou a cabeça, afastando as lembranças. Ali não era hora nem o local para reviver tudo o que tinha passado. Não mesmo.

Seu olhar voltou a se focar nas pessoas a sua frente. Na sua família. Ela forçou um sorriso em seus lábios.

- O que está fazendo aqui prima? Não que sua presença seja ruim, não é isso. - seu primo se apressa a dizer, seu cenho franzido- Mas eu achei que ainda estaria em Vallaham e voltaria daqui umas duas ou três semanas.

- E você está certo. - ela suspira - É que aconteceu algo e por isso precisei voltar mais cedo.

- Entendo... Bom, depois falamos sobre isso, sente-se e coma algo.

Lucien mudou para a cadeira ao lado de Feyre e Gwyn para onde o ruivo estava. Mor só não entendeu o porque disso. Dando de ombros ela sentou-se ao lado da illyriana que em muitas noites roubava seu sono.

Quando olhou para o lado afim de falar com Emerie, o olhar de Mor desceu, diretamente para o que Emerie segurava. A loira engasgou com o ar. Um bebê?! Como diabos a illiryana estava com um bebê?

Corte de Passados SombriosWhere stories live. Discover now