Estou com saudades.

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Passei a agenda da manhã com meus clientes e seus horários. Estou satisfeita.
Tudo está correndo bem, sem grandes dramas para atender. Eu escrevo a lápis as poucas visitas para a próxima semana, sorrindo quando eu escrevo entre as linhas diagonais de caneta marcadas permanentemente. Eu preciso substituir meu diário antes que Simon veja meus compromissos diários com a Deusa.

É de bom grado aceitar o cappuccino e muffin que pousa sobre minha mesa, cortesia de Ally, e ouço um barulho de buzinas de carros que vêm de fora do escritório. Eu olho para cima, e vejo uma van rosa estacionando e DJ freneticamente acenando para chamar minha atenção. Eu levanto-me da minha cadeira, gemendo quando sinto meus músculos em protesto. Eu assobio em cada passo que eu dou até estar ao lado de Margo Junior, sorrindo carinhosamente, o rosto de minha amiga animada.
— Ela não é bonita? — DJ carinhosamente acaricia o volante de Margo Junior.

— Linda. — Eu concordo, mas então eu me lembro de algo. — O que você estava pensando ao deixar Normani abrir a minha gaveta de calcinhas?

— Eu não pude impedi-la! — Sua voz é estridente e defensiva. É bem terrível de se ouvir. — Ela é uma porca atrevida.— Ela sorri.

Eu não tenho nenhuma dúvida de que ela seja. O pensamento instantaneamente me lembra sobre toda a história de ser amarrada. Estou tentada a perguntar a Dinah, mas eu decido rapidamente que eu realmente não quero saber.
— Como está Lauren? — Seu sorriso se alarga.

— Tudo bem. — Eu estreito meus olhos pra ela.

— Você ficou lá. —Ela diz em seu tom sugestivo. — Divertiu-se?

Eu zombo.
— Bem, eu tive um passeio selvagem em uma Ducati 1098, punhais foram lançados em mim por Keana e corremos nove quilômetros esta manhã. — Eu passo minhas mãos sobre as coxas doloridas.

— Porra, ela está no pé dela? Diga a ela para sumir. — Ela franze a testa. — Você correu nove quilômetros? E que diabos é um Ducati 1098?

— É uma super motocicleta. — Eu dou de ombros. Eu não sabia até poucas horas. –Ela depositou cem mil na conta do Union Rococo.

— O quê? — Ela grita.

— Você ouviu.

— Por quê?

Eu dou de ombros.
— Para manter Simon em silêncio, enquanto ela me monopoliza. Ela não quer me compartilhar.

— Uau! Essa mulher é louca.

Eu rio. Sim, mulher louca, louca iludida; louca  rica; louca desafiadora, louca adorável ...
— Vamos sair hoje à noite? — Eu pergunto.

Eu rejeitei uma mulher louca na suposição de que Dinah estaria livre. Ela não pode supor que eu esteja lá, à sua disposição, para foder. É muito tentador, no entanto.
— Absolutamente! Pergunte a Lucy e ao Hazz.

— Lucy tem um encontro com Verônica, mas vou perguntar ao Harry. Você não verá a Normani, então? Ela está se tornando uma diversão permanente. — Eu levanto uma sobrancelha. Ela é, na verdade, uma diversão permanente, está sempre seminua, mas eu não digo isso.

Ela vai jogá-la fora quando a diversão terminar.
— É apenas um pouco de diversão. — Ela responde com arrogância.

Eu rio dela com descontração. Eu sei que está sendo diferente. Nós estamos falando sobre a menina que não teve uma segunda oportunidade no ano.
Mani é bonita. Eu posso ver claramente que elas estão se entendendo.
Um carro começa a buzinar atrás de Margo Junior.
— Ah, vai se foder! — Dinah grita. — Eu estou indo. Vejo você em casa mais tarde. Você está encarregada da compra do vinho. — A janela começa a subir e ela sorri de orelha a orelha.

Eu ainda não posso acreditar que ela deu-lhe uma van.

De repente, me lembro do acordo em troca de minhas roupas... Não beba hoje a noite. Bem, isso é bobagem porque eu só vou beber um copo ou dois. Ela nunca vai saber. DJ corre pela estrada, e eu volto para o escritório.
— Simon ligou. — Ally me informa quando eu passo por sua mesa. — Ele não virá agora pela manhã. Ele está jogando golfe.

— Obrigada, Ally. — Volto à minha mesa, estico as pernas. Sim, eu estou realmente sentindo isso agora. Alongando-me, eu puxo meu calcanhar até minha bunda, deixando escapar um suspiro longo, e grata quando meu músculo da coxa se estica mais satisfatoriamente. Meu telefone começa a vibrar na minha mesa e começa a tocar Running Up That Hill. Eu nem sequer tenho que olhar para a tela para saber quem é. Ela tem um gosto incrível pra música.
— Eu gosto. — Digo, como forma de saudação.

— Eu também. Nós vamos fazer amor com ela mais tarde.

— Você não vai me ver mais tarde. — Eu lembro-a de novo. Ela está fazendo isso de propósito.

— Estou com saudades.

Eu não posso vê-la, mas eu sei que ela está fazendo beicinho. Isso faz parte do amor... bem, é um grande avanço. Eu sorrio, e meu coração bate acelerado no meu peito.
— Você sente saudades de mim?

— É claro, eu sinto saudade de você. — Ela resmunga. Eu olho para o meu computador. É uma hora. Já se passaram cinco horas desde que eu a deixei. — Não saia hoje à noite. — Ela diz. — Não é um pedido, é uma exigência.

Eu me inclino na minha cadeira. Eu sabia que isso iria acontecer.
— Não. —Advirto, com a voz mais assertiva que consigo fazer. — Eu fiz planos.

–– Você sabe que, pode estar no trabalho, ou em qualquer outro lugar, eu vou saber se você fizer algo errado. — Sua voz está muito séria e até um pouco irritada.

Ela não, ela não conseguiria. Ou poderia?
Caramba, eu nem tenho certeza.
— Divirta-se. — Eu respondo, muito levemente.

Ela ri.
— Eu estou falando sério.

— Eu sei que você está.— Eu não tenho nenhuma dúvida sobre isso, mas ela vai ter que esperar até amanhã para fazer qualquer tipo de merda.

— Suas pernas ainda doem? — Ela pergunta, enquanto eu estou esticando-as em minha mesa novamente.

— Mais ou menos. — Eu não vou dar à, ela a satisfação de saber que eu estou realmente com dor. Eu vou tomar um banho relaxante antes de sair à noite. Segure-se... ela estava tentando me prejudicar, então não posso sair?

— Mais ou menos. — Ela fala com humor claro em sua voz rouca. — Lembra-se do nosso acordo?

Reviro os olhos para mim. Eu estava iludida comigo mesma, se eu achava que ela iria esquecer isso. E agora eu estou certa de que ela tinha que me fazer correr uma maratona ao amanhecer, numa tentativa de me imobilizar.
Controladora anormal!
— Merda. Esse lembrete não é necessário. — Murmuro.

Ela nunca vai saber. Eu não vou ficar tão bêbada que me faça ter uma ressaca violenta - ainda é muito cedo depois da minha última.
— Cuidado com a boca, Camila. — Ela suspira, cansada. — E eu vou decidir qual foda pra me dar razão, será necessária.

Ela fala sério? Eu bocejo um pouco ao telefone. Será que ela não tem bom humor? Eu me levanto de novo, puxando a minha coxa, e solto um gemido satisfeito. Maldito seja ela que me fez correr ao amanhecer.
— Claro, acredito. — Eu confirmo com todo o meu sarcasmo que merece.

— Quando eu vou te ver? — Suspira.

— Amanhã? — Eu realmente quero vê-la, apesar de seus caminhos desafiadores.

— Eu vou buscá-la às oito.

Oito? É um sábado, eu quero dormir mais. Oito? Eu realmente não posso ficar bêbada, se Lauren vai acabar comigo.
— Meio-dia. — Eu contradigo.

— Oito.

— Onze.

— Oito! — Ela grita.

— Você deveria me encontrar no meio do caminho!

A mulher é impossível.
— Vejo você às oito. — Ela desliga, deixando-me em uma perna, com o telefone pendurado em meu ouvido. Eu olho para o meu celular, incrédula. Ela pode fazer tudo o que ela quiser às oito, não vou estar acordada para deixá-la entrar.

E eu duvido seriamente que Dinah vá estar. Eu afundo meu corpo dolorido de volta em minha cadeira e sinto pontadas... Eu nunca mais correrei novamente.

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