Somos Três I - Flores Silvestres • jjk + pjm

1 - Mudanças e Arco-íris

Lembro bem do dia em que você chegou
Veio como quem vinha me carregar
Mas só tem as mãos a desenhar
Me desenha histórias, eu nem caberia
Me atrevo a te inventar  - "Desenhista", canção de Léo Fressato

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Outubro de 1994
Portland, interior de Minas Gerais

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No interior de Minas existe uma pequena e pacata cidade cercada por montanhas e serras, o que faz sua temperatura ser amena e agradável o ano todo. As paisagens são repletas de cachoeiras que formam lagos ao longo de percursos rodeados pelo verde de bosques que pertencem a enormes fazendas com plantações de café e cacau.

O estado dos minérios de ferro, é aqui que a história de três garotos destinados a se encontrar nessa vida começa.

Pequenas estradas de ferro por onde passavam trens antigos podiam ser vistos por todos os lados, preservando a história milenar de um país tropical, as casas e as ruas no pequeno centro da cidade comprovavam que aquelas terras eram de fato os celeiros da arte, e preservavam a história do começo de um país até os dias de hoje, afinal, foi em Minas que tudo começou.

E nesta pequena cidade cercada de belezas naturais estava a fazenda Rio Manso, a propriedade da família Jeon.

Os Jeon haviam chego ali a mais de duzentos anos atrás, eram uma família coreana antiga e cheia de costumes, preservam as tradições de sua terra mesmo estando tão longe de casa, mas obviamente se adaptaram bem aos costumes brasileiros.

Portland era conhecida por ter sido fundada por uma colônia coreana, então obviamente haviam muitas famílias coreanas vivendo ali.

Os Jeon eram detentores de mais da metade da produção cafeeira da região, suas lavouras se perdiam de vista, além de terem um haras com os mais bonitos cavalos, sempre ganhavam nas competições de hipismo anual.

Jeon Hansol e Jeon Somi eram um casal feliz e jovem, Hansol havia herdado a fazenda de seu pai, e então chamou seu melhor amigo para trabalhar consigo, Park Hungjoo era um homem honesto e bom que havia se mudado da Coreia com sua esposa Park Hyre, a pouco mais de cinco anos.

Hansol e Hungjoo haviam se tornado melhores amigos ao dividirem um quarto em um internato na Coreia, os Jeon tinham a tradição de sempre mandarem seus filhos para estudarem em internatos na Coreia, e manter a tradição de seus costumes da terra natal.

E após se formar, órfão de pai e mãe, Hansol retornou ao Brasil no intuito de tocar os negócios da família, trazendo seu amigo Park para ser seu braço direito.

O grande casarão dos patrões Jeon ficava em frente de um lindo gramado quase na entrada da propriedade, enquanto que a dos funcionários Park ficava um pouco mais para baixo, no meio do pomar de frutas.

A fazenda rio manso ficava a mais ou menos trinta quilômetros da pequena Portland, haviam várias opções de se chegar até lá, pegando o trem que parava sempre as duas na estação, indo pelas trilhas por dentro dos campos, caminhando ou á cavalo, e ainda pelas estradas de chão, porém essa opção só era recomendada para veículos camionetes e carros altos, pois carros baixos poderiam facilmente atolar.

As famílias Jeon e Park se davam muito bem, eram felizes vivendo naquele pedaço de terra, socializando com os vizinhos que sempre cooperavam uns com os outros e se juntavam nas datas comemorativas.