010 ✦ interesse(s) amoroso(s).

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SAN.

Eu acho que há diversas formas de passar vergonha na frente de um interesse amoroso, e chorar na frente dele, com certeza, está entre as primeiras.

Finjo que está tudo bem, que não desmoronei na primeira oportunidade e que tinha sido por um motivo nem tão plausível assim.

Encontro Hongjoong juntamente a Yunho, o qual conversa tanto com Serim quanto Sujin; Yeosang se mantém ao lado de um outro rapaz e de Tzuyu, que ainda está emburrada, e seus olhares são mordazes, cortantes.

Wooyoung rapidamente solta nossas mãos, e me sinto vazio, sem a devida âncora. Minha mão formiga, e ignoro isso, pensando que esse incômodo sumirá. Soobin aparece momentos depois, bem como Yeonjun, o rapaz do terceiro lugar.

Yeonjun rapidamente vai até Wooyoung, lhe abraçando apertado, questionando diversas coisas; sequer sabia que ambos se conheciam. Soobin para do meu lado, me analisando de modo crítico, bem como Serim fazia às vezes.

Aos poucos, as pessoas vão saindo dali, esvaziando o local. Há uma mistura de conversas em nosso grupo, e seguimos até a lanchonete mais próxima, e sou incapaz de puxar algum assunto com Wooyoung.

— Vocês brigaram? — Soobin pergunta o mais baixo que pode, embora toda aquela cacofonia sirva para o oposto, para que ele fale normalmente.

— Ainda que fosse, acho que só precisamos de tempo para pensar e nos pôr nos eixos, sabe? — digo, e penso que seja isso, que ele precise entender aquilo que gira ao seu redor. Eu preciso me estabelecer, e embora pareça sucumbir, cada vez mais busco forças para sair disso, dessa prisão.

Soobin nada responde, e me deixa pensando, sozinho, comigo mesmo e com tantos demônios pessoais. Sei que terei de falar outra vez com Tzuyu, que terei de lhe impor limites, que tanto doem físico e mentalmente, e que terei de aguentar as tais consequências.

Mas, no fundo, sei que preciso estar limpo para que possa ser livre.

— Por que não me chamou? — ela pergunta, e me surpreendo com todos os minutos que gastou não questionando, não vindo em cima.

— Você é livre para ir e vir, Tzuyu, eu apenas não queria ser seu passe livre. — falo da melhor forma que posso, esperando não soar rude demais. — E você sabe disso.

Ela fica em silêncio, e penso que desistiu brevemente. Então, com a voz doce, diz:

— Mas isso não significa que não possamos convidar um ao outro, como amigos, é o que eu digo.

Se ainda soubesse que ela desejava apenas minha amizade, não haveria problemas. Só que todo o desconforto que sinto, que me prende ao chão, não me deixa ceder facilmente.

— Você não parece querer minha amizade, Tzuyu. E não posso lhe dar o que tanto quer, quando nem mesmo isso me pertence. — finalizo, derrotado, apressando meus passos, tentando, inutilmente, ficar perto de Yunho e Hongjoong.

Me obrigo a compreender o assunto que eles discutem, para, pelo menos, fingir que estou ali, em meio a eles verdadeiramente. Mas não estou e isso me desconcerta.

— Você parece chateado, tá tudo bem? — é o que Serim pergunta quando se aproxima de mim, segurando sua mão contra a minha.

— Problemas do coração, não se preocupe. Vejo que se deu muito bem com Sujin, sobre o que tanto conversaram?

Serim cita star versus as forças do mal, miraculous, tik tok e fanfics de now united e one direction. Explica termos que somente quem tem contato diário entende, mas assinto, incentivando-a a continuar.

Quando chegamos na lanchonete, o movimento é relativo, e vamos até uma mesa mais ao fundo. Serim e Sujin rapidamente se sentam, analisando um cardápio; o restante de nós se senta como dá, e acabo ficando entre Wooyoung e Seonghwa — como vim saber momentos depois.

Embora seja uma mesa até que grande, ela parece pequena demais para onze pessoas. É uma mistura de vozes, de economias e sugestões de pedidos. Por fim, chegamos a um consenso, e esperamos.

— San, sua última manobra foi dos deuses. — elogia Yeonjun, o sorriso brilhante na face. Havia prendido os fios azuis num coque, e sua regata realçava suas tatuagens aparentes. — Soobin até tentou me ensinar ela uma vez, só que ainda não peguei o jeito.

— É uma técnica complicada, admito, mas uma vez memorizada, fica difícil de esquecer. — comento, satisfeito por poder falar de algo que está no meu campo de conhecimento, que é neutro e que não exige muito de mim. — Se quiser, posso te ensinar, já que Soobin claramente não sabe explicar. — provoco, causando certas risadinhas e um revirar de olhos do próprio citado.

— Ele age com essa pose de maioral mas não conta quem lhe ensinou uma das manobras que o consagrou Choi San. — retrucou, como se tivesse revelado o maior segredo do Universo, que explica todas as teorias da conspiração.

— Soobin oppa tem razão, Sannie. — Serim sai em defesa de meu amigo, e eu a olho com um falso olhar ultrajado. Ela ri, ainda que não tente se defender. Sujin ri junto a si, uma risada adorável de ser ouvida.

— Ele é um ingrato, Serim. — Soobin cochicha para ela, e ela assente com certa seriedade. É um complô, assim, de graça? Escuto outra risada, dessa vez a de Wooyoung e por mais que tenha saído baixinha, contida, acho-a fofa.

Será que consigo fazê-lo rir outra vez?

O assunto continua, e apesar de não prestar mais tanta atenção, bebo com certa frequência o meu milkshake sabor morango. Venci a competição — o que é fantástico —, no entanto, o peso da medalha em meu bolso parece representar tudo, menos minha vitória.

— Então sua tatuagem é inspirada na sua irmã? — Wooyoung pergunta, bem perto do meu ouvido, para que apenas eu escute. Pensei que ele ficaria na sua, visto que o clima anteriormente se assemelhava a uma pausa. Automaticamente, olho para a tatuagem em meu braço, lembrando de quando a fiz. Sorrio, assentindo para Wooyoung.

— Basicamente. Não tem um plot twist por trás dela. É apenas ela. — respondo. Serim, mesmo com medo, me acompanhou, e fez questão de segurar minha mão — da forma como deu, claro — e disse que daria tudo certo. Eu não temia, mas ela teme agulhas. Ela é um alicerce crucial em mim, minha vida.

— É linda. — diz apenas, ficando em silêncio depois. Espero que diga mais alguma coisa, que questione ou comente, entretanto, Wooyoung fica na sua.

Penso no que dizer. Se devo dizer alguma coisa. E opto pelo vazio temporário.

Yeonjun conta de sua temporada nos States, de como tudo parece vibrante por lá, bem mais gay, eu diria. Soobin olha para ele de modo tão óbvio, sem deixar-se esconder, que me questiono como eu não notei; ele apenas deixou estar, e precisei ver para entender.

É meio tarde quando vamos embora, Serim está muito cansada e pede para que eu a leve nas costas, o que acabo aceitando. Gastou suas energias brincando, correndo, e uma parte de mim fica satisfeito em vê-la aproveitar sua infância.

— Você me avisa quando chegar em casa? — pergunto em tom brando, pegando Wooyoung de surpresa. Ele se mantém do lado de Yeosang — o qual também conversa com Seonghwa — enquanto Sujin está se esforçando ao máximo para não dormir ali mesmo.

— Aviso. — responde depois de alguns minutos, sob o peso do olhar de Yeosang. Hoje, ambos estão com olhares conspiratórios, e não entendo ao certo o porquê.

Sigo um caminho diferente, com Yunho e Hongjoong conversando em tom baixo, entre eles. Serim, que pré julguei estar adormecida, sussurra em meu ouvido.

— Ele parece gostar de você... o irmão da Sujin. — e se acomoda como dá, voltando a dormir.

Por um instante, finjo que acredito, que é realmente isso. Mas sei que não, que ele não sente o mesmo que eu.

oi! desculpem não aparecer muito nas notas finais, obrigado por todo o suporte e eu amo vocês <3

SK8ER BOI.Where stories live. Discover now