023 ✦ segundas chances.

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WOOYOUNG.

Me sinto a Cinderela, com uma agenda a ser cumprida e que lhe obriga a estar em casa antes da meia noite. Dessa vez, porém, a agenda não parece ser algo estritamente gritante ou tão desafiadora, pois todo o clima pacífico que ronda anestesia cada passo meu.

Despertei um tanto quanto perdido, tentando me situar ao cenário em questão, sentindo os braços de San ao redor de minha cintura momentos depois. Estávamos bem aconchegados, num mundinho de apenas dois habitantes, e foi esse conforto que fez a realidade se assentar no meu peito.

Estava ali, com um cara legal, que cuidou de mim na minha versão mais frágil e de maior vulnerabilidade. E eu estava feliz por não precisar guardar tudo aquilo que vivi, afinal, querendo ou não, fez parte da minha história.

San resmunga um pouco quando tento sair da cama, me trazendo para mais perto de si, e acabo rindo. Deixo um beijo em meio aos fios de cabelo, caminhando até o banheiro. São quase seis horas da manhã, o sol nasce bem lentamente e já escuto os passos da mãe de San pela casa.

Yoona preparava o café da manhã quando entrei na cozinha, ouvindo um podcast sobre a política atual. Lhe observei por alguns instantes, comparando seus traços com os de San. É bem verdade que a fisionomia dele se assemelha bem com a dela, como, por exemplo, os olhos exibem a mesma determinação e o mesmo brilho altíssimo; San, porém, tem outros detalhes que muito provavelmente são registro de seu pai, o qual não memorizei exatamente, pois só vi uma única foto e bem de relance.

— Bom dia, querido. Espero que tenha dormido bem. — cumprimenta a mais velha, me abraçando e me fazendo sentar na cadeira. Yoona tem uma real energia de manhã, mesmo com o horário peculiar e a temática do podcast. Gosto disso. Ela usa um terninho escuro, saltos de bico fino e cabelo preso num coque. — San comentou que você gosta de omelete com queijo, então o fiz. E o café está sem açúcar, como você geralmente bebe.

Meio sem jeito, murmuro um agradecimento, o olhar recaindo para aquele prato de comida e a xícara de cafeína. Yoona se afasta, terminando de cortar as frutas para serem postas no pote, que provavelmente levaria para o trabalho; levanto-me, e antes que eu perca a coragem, abraço-a.

Ela se vira, fazendo com que o abraço seja mais confortável, e não questiona o porquê dele. Apenas sente, como também sinto.

— Fico muito feliz que tenha preparado isso pra mim, obrigado. — falo contra si, o perfume suave sendo presente, nada incômodo. Às vezes, Yoona parecia ser a metade que um dia perdi em minha própria mãe. E doía um pouco, fazer essa associação.

— Você se tornou tão especial para mim quanto San e Serim, querido. — segura meu rosto em suas mãos, com cuidado e delicadeza. — San tem estado tão feliz ultimamente, e sou grata pelo motivo que o deixa feliz.

Depois disso, sutilmente, fomos entrando num modo de cumplicidade que acalentou meu coração. Ela contava histórias de quando San era mais novo, de tudo que ele criava quando brincava, dos universos que viajava e de como ele sempre teve um espaço enorme em seu próprio coração. Sempre disposto a ceder mais para aqueles do que ele próprio.

Yoona está me contando da vez onde San se escondeu dentro de um armário, aos sete anos, tudo para evitar cortar o cabelo, quando o dito cujo aparece na cozinha. Ele, assim como eu, usa um moletom — o meu caso sendo algo a parte, visto que precisei dormir com as roupas dele, não que eu me incomode, claro — e tem uma feição de puro emburre na cara, a mão apoiada na cintura, o cabelo arrumado do melhor modo mas, ainda sim, bagunçado.

Mesmo que tente esboçar seriedade e impunhar respeito, tudo nele me causa uma certa crise de risos — que aumenta quando encaro Yoona, a qual ri junto a mim. E uma parte de mim acha tudo aquilo muito fofo, sendo sincero.

SK8ER BOI.Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang