020 ✦ sagrada traição.

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WOOYOUNG.

Desisti da pilha de trabalhos no momento que meu telefone tocou, anunciando o nome de San no visor. Suspirei cansado, demorando meio segundo para atender a ligação, os olhos recaindo sobre as horas que teria de gastar para finalizar tudo. O silêncio foi breve, seguido da risada alta de Serim e dos dizeres de seu irmão:

— Eu vou contar pra mamãe, ouviu? — era uma clara brincadeira, já que San ria bastante enquanto dizia tal coisa. Ela ri mais, gritando um oi, Woo! no fundo, totalmente animada. — Ela só queria dar um olá. — conta, focando cem por cento em mim.

Me escoro na cadeira, o olhar voltado para uma das folhas cuja caligrafia se destaca das anteriores, visto que a mão havia começado a doer.

— E você, não queria dar um olá para mim? — provoco, surpreendendo, não apenas San, mas a mim mesmo. Há um curto silêncio que talvez apenas eu tenha notado, quando ele responde:

— Apenas um olá não seria o suficiente.

Sorrio com isso, visualizando a determinação em seus olhos, a convicção em sua voz. Faz alguns dias que não vejo-o, mensagens sendo a única coisa que nos une nesses momentos, ligações sendo um presente divino.

— Estou com saudades. — confesso a ele, no exato instante que meu coração pesa, consternado, sabendo que os últimos dias têm sido um caos. Não apenas com o acúmulo de tarefas referentes a faculdade, mas, também, com o cuidado de casa e Sujin. — Podemos nos ver de noite?

Sujin, após ter feito o dever de casa, pediu para sair na companhia de Yeosang e Seonghwa, os quais arrumaram ingressos para algumas atrações do parque. Ficaria aberto até o domingo, e ainda que tenha desejado ir, não houve tempo.

Isto é, até Yeosang prometer que cuidaria de minha irmã a noite — juntamente ao namorado, claro — e me arranjou dois ingressos, dizendo para ir de noite com San.

Eu só não tinha contado a San sobre, optando por enrolar um pouco. Sei que temos algo, ainda não definido exatamente, apesar de vários beijos e afins, e que isso está me saindo um bálsamo na alma. Fazia tanto tempo desde que eu me sentira assim, bem comigo mesmo.

— O que tem em mente? — conto-lhe do evento, de Yeosang e de seu modo cupido. San faz pausas nos intervalos certos, pontuando seus comentários e tecendo suas opiniões. — Posso passar na sua casa, então? O que acha de sete horas?

— Por mim, tudo bem. — noto que essa será a primeira vez que ele vem aqui, já que eu sempre acabava parando em sua casa, nos seus braços, em suas artes secretas. — Vou resolver aqui e te aviso.

— E, bebê? — respondo um oi, apreciando a doçura de seu tratamento. — Eu também senti saudades.

São apenas seis e meia e já bebi, pelo menos, dois copos de café. Não sei ao certo se deveria ingerir tanta cafeína em tão pouco tempo, ainda mais tão rapidamente, mas direcionar meu foco para alguma simples parece ser a melhor opção.

— Seonghwa oppa disse que o carrossel fica mais bonito a noite, é verdade? — Sujin pergunta, parando de escrever no seu diário roxo, com glitter e bastante purpurina.

— Sim, querida, é verdade. — respondo, fazendo um singelo carinho no topo de sua cabeça. Seu diário exibia desenhos na borda, ainda que eu não tenha os compreendido e nem focado exatamente no que ela escrevia, afinal, era sua privacidade ali.

Bebo mais uma dose do restante do café, pensando se devo ir atrás de mais. Tanto Yeosang quanto Seonghwa me observam, nada dizem, e espero que digam algo, mesmo que seja um simples aviso sobre meu estado atual.

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