024 ✦ a preciosidade de seu coração.

73 13 3
                                    

WOOYOUNG.

Quando San me chama para sua residência, quase penso em recusar. São cinco horas de uma sexta parcialmente fria, onde todo o dever fora feito e agora repouso no conforto da minha cama. Com o notebook sobre o colo, série pausada, olho de relance vez ou outra para o celular, a mensagem no visor já desaparecida.

Sinto uma torrente de pensamentos se espalhando como um emaranhado de raízes, prendendo-me e me puxando para direções diferentes. O foco, que anteriormente possuía clareza, se perdeu parcialmente, e aparentemente a parede é super interessante.

— Posso entrar? — minha mãe fala, parada próxima a entrada. Pisco os olhos, focando nela. Ela está usando seu velho avental — Sujin pediu torta de frango — e limpa as mãos no pano de prato, antes posto sobre o ombro. O cabelo está preso num coque simples, e há alguns fios de cabelo branco visíveis.

— Claro.

Yuri se senta na beirada da cama, o silêncio ainda muito forte. Dias após sua volta fomos ao shopping, onde pude comprar coisas de papelaria, igualmente a alguns livros. Descobri, naquele dia, que minha mãe já fora muito fã de star trek — dizia que via bastante, só que depois abandonou por causa do trabalho.

Prometi que iríamos maratonar tudo que houver disponível de tal universo.

— Aconteceu alguma coisa? — pergunta momentos depois. Ela ainda pisa em ovos, claro, e eu também. Não esqueci toda a dor que vivi no decorrer dos anos devido a sua ausência e não será em semanas que apagarei as marcas.

Mas estamos, ambos, tentando. E já é bem mais do que antes.

— San me chamou pra passar a noite na casa dele. — conto. Depois de desligar o notebook, abaixo a tela do mesmo, pondo-o de lado.

Uma das primeiras coisas que Yuri quis saber assim que voltou, foi sobre o papel de San em minha vida. Lembro de quando me assumi, ainda novo, e ela estava num período oscilante; mesmo aceitando, seus olhares eram dolorosos.

Hoje, seus olhos parecem mais pacíficos, e mesmo sem compreender a pessoa que sou, noto que ela conseguiu se estabelecer nisto, nesse lance de amor materno que ama independente de partes suas que, a outras pessoas, pode assustar.

— E de que horas você vai? — quando a mais velha pergunta, estou prestes a responder, no entanto, ela completa: — Acho que a torta vai levar mais alguns minutos para assar. Tudo bem se você esperar um pouquinho? Assim pode levar um pedaço pra San.

Seu olhar constata o que eu deveria afirmar. Que irei. E isso me deixa, de certo modo, impressionado. Vê-la disposta a abrir as portas para aquele que se mostrou disposto a me amar, mesmo com todos os meus demônios internos.

— Eu posso esperar uns minutinhos. — deixo escapar, um pequeno sorriso brotando em meio aos lábios segundos depois. Dando-me batidinhas carinhosas no braço, ela se retira, fechando a porta no processo.

Pego o celular, logo desbloqueando-o e busco pelo contato de San. Está entre as conversas frequentes, igualmente a Yeosang e Yeonjun — o último, tendo retornado a Califórnia para uma competição com direito a acompanhante, o que resultou em Soobin se virando nos trinta para poder ir com o outro.

Ele atende no terceiro toque, pedindo para Serim fazer silêncio — a mesma, ao fundo, gritando um olá animado. Rindo, ele finalmente me cumprimenta.

— Ela parece animada. — comento enquanto analiso o interior do meu guarda roupa, separando o que irei usar mais tarde e amanhã.

— Serim comprou um álbum novo do stray kids. — explica por alto, pois nesse momento Serim pega o celular do irmão, dizendo:

— Mamãe vai pegar ele amanhã, Woo! É o no easy. Eu queria o maxident, mas não tinha no estoque, o que eu achei uma ofensa- — Serim para de falar, porque San pega o aparelho eletrônico, se afastando da mais nova. Ela ainda resmunga, e embora eu não entenda ao certo o que diz, acabo rindo.

SK8ER BOI.Onde histórias criam vida. Descubra agora