018 ✦ o arco íris de seus olhos.

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SAN.

Dentre todas as possibilidades, uma paixão que se transforma em sentimentos mais profundos não estava exatamente em minha lista, e talvez, nem mesmo na de Wooyoung. Então, a tal ocorreu, causando, assim, a famosa corrente elétrica.

Parecia que, após aquela vulnerabilidade, onde presenciei sua ascensão e queda, uma conexão fora criada. Não apenas isso. Mas, também, um reforço significativo no nosso laço. Semelhante, talvez, a parceria estruturada em Prythian.

O ritmo das aulas de Wooyoung nos deixava meio distante, a necessidade de desenvolver trabalhos e seminários sempre presente. Em contrapartida, sentia o mesmo, visto que, apesar de me divertir no skate, isso era apenas um hobby, a faculdade era real, bem mais que o passatempo criado como válvula de escape.

Fins de semana eram sagrados, ninguém discutia. Soobin possuía ideias mirabolantes, contudo, eram a base da cadeia alimentar que conectava nosso pequeno grupo. Afinal, Yunho, Mingi, Hongjoong e eu gostávamos disso, da cumplicidade e de como a liberdade soava prazerosa.

— Você precisa relaxar, descansar um pouco. — escuto Soobin dizer, beliscando os aperitivos da mesa sem tanta pretensão. Yeonjun não pudera vir a essa pequena reunião, deixando, assim, o grupinho de sempre. Hongjoong mexia na playlist, ouvindo os comentários dos mais novos acerca da preferência de ambos, já que Yunho queria Britney, e Mingi, Ariana. — E beijar, com certeza beijar.

O final de sexta feira começou após as sete, quando tudo que eu mais desejava era ver algum dorama água com açúcar e beber uma boa dose de chá de camomila. Toda via, isso desapareceu no exato instante que os meninos apareceram, com pizza e refrigerantes, e tudo que pude fazer foi pedir para que a música não ficasse tão alta.

— Me conte uma novidade. — rebato, provando da pizza de calabresa, dessa vez. Soobin revira os olhos, pedindo para que os meninos deixem tocar Bebe; os três respondem, num belo uníssono, a palavra não. Esse trio, quando separado, faz estragos, juntos, então... é melhor se preparar.

— Vai levar Wooyoung para a reunião de amanhã? — Soobin pergunta, mudando o foco da conversa anterior para um campo mais neutro. Embora, claro, no atual momento, Wooyoung seja tudo, menos neutro.

— Eu falei sobre mais cedo, estou esperando a mensagem de confirmação. — digo, aquilo mais para mim do que para Soobin. — E vocês três, deixem uma música tocar até o final, de preferência IU.

Não diria a meus amigos que vira e mexe Wooyoung ouve IU. E que acabo ouvindo por causa dele. Lilac é tocada, em volume um pouco mais contido, e agradeço aos demais por isso.

— Espero que vá. Você precisa de serotonina, San, e ele é a sua, e não tente negar.

Eu nem pensaria em negar. Sei que Soobin tem razão. Jung Wooyoung é minha serotonina diária.

Estamos os dois, eu e Wooyoung, quietos, sentados na parte alta da pista de skate, a qual fica perto de uma ponte, cujo interior tem artes diversas e algumas pichações. Os meninos competem entre si, e ouço suas risadas, mas, naquele momento, estou focado em como Wooyoung parece encaixado nesse contexto.

É um dia de Sol mediano, o brilho acentuando todas as características visíveis, já que nem eu ou Wooyoung usamos maquiagem. Ele diz que usa, claro, mas apenas de vez em quando, pois na maioria do tempo, está focado nos estudos e em Sujin.

— Pensei que fosse recusar meu convite. — comento sincero, os pés balançando, bem semelhante aos dele. Ele me encara, um sorriso nervoso adornando sua face.

— Eu também. — responde. Desvia o rosto, encarando meus amigos, o sorriso exibindo, dessa vez, animação. Wooyoung diz que gosta deles, que os acha divertidos e engraçados. Conhece poucos sobre estes, é verdade, no entanto, gosta da confortabilidade que eles trazem. — Sua mãe foi muito gentil em cuidar de Sujin enquanto estou aqui.

Lembro de quando Wooyoung a conheceu. De como sorriu doce ao ouvir o elogio proferido pela mais velha. Naquele momento, achei precioso. Agora, após saber da história com sua própria mãe, meu coração se aperta significativamente.

— Ela adorou Sujin, então talvez isso vire uma competição e ela se recuse a devolver sua irmã. — brinco, ouvindo Wooyoung rir após isso. Quando para, seus olhos analisando os meus, diz:

— É só eu ser da família que isso se resolve rapidinho.

Fico em silêncio, absorvendo as palavras, o choque visível. Wooyoung, que antes mantinha as mãos em seus bolsos, usa a destra para fechar minha boca aberta.

Estamos perto demais. Ele dá espaço, para que eu recue, caso queira. Não quero me queimar no Sol. Ele é o Sol. E me queimaria, sim, nele.

Então, ele me beija. Há lentidão nisso, em seus lábios sobre os meus. É uma degustação cuidadosa, sentindo a textura, maciez completa; sua mão está em minha nuca, trazendo-me para perto, muito perto, tudo soando fisicamente impossível.

Isso dura poucos minutos. Sinto como se durasse uma eternidade. Uma eternidade em repeat.

Ao fundo, ouço as risadas e os gritos de comemoração. Wooyoung se afasta, um sorriso brilhante em sua face; roubo-lhe um selinho, o que lhe deixa sem graça, ainda mais com a plateia reunida. Ele apoia sua cabeça no vão de meu pescoço, se escondendo dos outros. Passo minha mão ao redor de sua cintura, e baixinho, ele me confidencia:

— Eu acho que demorei a entender o quão bom pode ser, apenas estar aqui e aproveitar sua companhia. E são momentos, sabe, que tornam tudo completo. Você é meu bom momento, San.

Um beijinho cálido na minha pele. Uma risada contida. E um sorriso que desconfio estar adornando seus lábios.

juro que a partir daqui vem os mimos (sério) e um pouco de drama porque, bom, eu amo drama. até o próximo!

SK8ER BOI.Onde histórias criam vida. Descubra agora