025 ✦ sk8er boi.

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WOOYOUNG.

Meu anel, que faz referência ao castelo mágico, brilha sob o sol, do mesmo modo que na mão de San, meu namorado.

É uma palavra curiosa, eu diria. Simples, também. Mas parece pertencer a um reino e filo diferente, preso entre camadas e partes distantes.

Não me sinto curado de todos os males existentes que fazem parte de minha vida. Me sinto, às vezes, anestesiado, e isso dura um pouco. Só que, eu inspiro fundo e expiro, respirando, e isso diz muito sobre o aqui e agora.

O sorriso de San é brilhante, sincero, e seus olhos entregam seus sentimentos por mim. Sobre como sou um alguém que valeu a pena todo o esforço durante todo esse tempo.

Ganho um beijo dele, um que dura uma eternidade e logo estou roubando outro e estamos perdendo a conta de quantos beijos damos nesse momento.

— Vem. — ele para com os beijos, ainda que eu receba alguns nas bochechas e testa. Rio. É estupidamente fofo a forma como toda a sensação de bem estar e cuidado duplica e amplifica quando estou consigo. Sei que posso ser meu próprio conforto em meu próprio mundinho particular, mas também sei que quando somos cuidados por aqueles que importam, esse sentimento se torna mais forte e importante.

Logo após os beijos, vem nossos corpos sentados sobre a parte superior da pista de skate, apenas contemplando o movimento da vida cotidiana que se mistura ao anonimato, de mesmo modo que nós dois. Meus pés balançam conforme meus olhos observam a altura na qual me encontro, que embora não seja muita, causa-me calafrios.

Ele beija meu pescoço, de maneira lenta e penosa, dando-me brechas para pensar — que são completamente ignoradas, afinal, estamos falando de Choi San — no entanto, todos os pensamentos se embaralham e penso apenas em como seus lábios são macios, quentes e confortáveis sobre minha derme.

Os últimos dias após o pedido de namoro — que, segundo San, ocorreu de forma diferente ao que tinha pensado — se mostraram a mim, um alguém que passou por experiências ruins no quesito amoroso, como um relacionamento saudável se desenvolve.

— Está bem, vamos lá. — finjo um tom chateado, que é rapidamente retribuído com uma risada alta e animada. Retribuo sua risada.

Segundo San, há várias formas de entrar na pista de skate, e ainda que sua favorita seja já em cima do objeto, ele me oferece o mesmo e indica para que eu sente nele. Sem compreender de cara seus objetivos — maléficos, eu diria —, o faço, e antes mesmo de dizer qualquer coisa que seja, ele me empurra.

Mesmo com a risada de San se espalhando pelo ambiente, noto como ele demonstra real preocupação após a brincadeira. Isso me deixou só um pouquinho dolorido, mas nada que incomode verdadeiramente.

— Desculpa, bebê. — diz enquanto me ajuda a levantar, analisando meu estado. Sua mão é firme, segura, e me deixo apoiar nisto. — Pronto?

Quero rebater e dizer que não, que somente essa experiência anterior bastou pelo dia inteirinho, mas San estava tão animado quando propôs isto, que tudo que posso fazer é assentir.

Percebi que, quando se gosta de alguém, você aprende a fazer coisas que fogem de sua zona de conforto, não porque deseja agradar, mas porque quer viver toda e qualquer experiência ao lado desse alguém.

San segura minhas mãos firmemente conforme me ponho sobre o skate. É algo que oscila, as tais rodas, mas jamais o aperto de seus dedos. Ganho um sorriso encorajador de si, me incitando a continuar.

Quando minha primeira queda vem, momentos após ele soltar minhas mãos, não estou exatamente com medo. Apenas chateado por ter caído. Então, San me ajuda a levantar e retorno para o skate.

Não posso dizer que magicamente me tornei um ótimo skatista, que aprendi manobras legais ou que surpreendi até mesmo San com alguma habilidade oculta. Não. Eu apenas posso dizer que cair várias vezes machuca, que é uma experiência divertida o suficiente para suprimir os poucos machucados e que os beijinhos de San pós treino são divinos.

— Foi divertido. — comento após tudo, vendo em seu olhar a pergunta não dita. Ele, que além do skate, trouxe uma cesta com alguns alimentos, sorri fraquinho; levou-me até a parte onde a arte se espalha pelas paredes, e daqui posso ver o desenho que San me mostrou tanto tempo atrás. — Gostei disso, de sair na sua companhia e aproveitar o dia.

Sempre fui um pouco inseguro na hora de expressar meus sentimentos — que talvez tenha sido esse um dos motivos pelos quais demorei tanto tempo para confiar e aceitar —, além de possuir certa vergonha. Só que, quanto mais tempo eu passava ao lado de San, mais eu conseguia falar em voz alta sem me sentir totalmente torto ou errado.

San deixa The Beatles tocando, e não reconheço sua primeira escolha. É uma melodia boa, porém. Vejo-o murmurando-a, as mãos focadas em separar os lanches entre ele e eu; ganho um suco sabor morango enquanto o seu é de abacaxi; o lanche, por sua vez, é uma mistura de San e Serim, já que ambos fizeram juntos.

— Um dia — San começa, olhos focados nas várias artes espalhadas — quero pintar algo tão duradouro quanto a esperança. Que mesmo morrendo, sempre nasce outra vez.

— E eu posso te ajudar a pintar esse algo tão duradouro? — questiono. Seu corpo está apoiado contra a parede, me encontro no meio de suas pernas e corpo apoiado ao seu. Here comes the sun toca ao fundo, sei disso. Uma das poucas que sei.

— Não precisa pedir por algo que já é seu, bebê. Afinal, você é minha esperança.

Não somos parte da doença, um livro uma vez disse. Somos parte da cura. E estou sempre me curando, buscando por melhores versões de mim mesmo. E talvez, e em meio há tantas buscas, o caminho para isso tenha se iniciado no garoto de sorriso bonito que tinha um skate.

Meu garoto de sorriso bonito que tem um skate.

oi! depois de uma eternidade, finalmente concluo a fic. na realidade, a previsão era dezembro de 22 mas vemos que nem sempre as coisas sai como planejado, né. não imaginava que as coisas escalariam tão rápido (no quesito temas abordados) e cá estamos; obrigado a todos que deram uma chance a fic, amo muito vocês e até a próxima <3

SK8ER BOI.Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ