015 ✦ pausa no tempo.

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WOOYOUNG.

Por um instante, por menor que fosse, pensei em como seria ter beijado San naquele breve momento de hesitação. E esse pensamento se manteve intacto, pelo menos enquanto eu voltava para casa, Sujin contando um milhão de coisas, e eu, sem de fato entendê-las.

Meu pensamento vai desaparecendo aos poucos, penso que seria abrupto beijá-lo quando pedi para que fossemos com calma. Antes de chegar em casa, mando uma mensagem para Yeosang, pedindo que ele venha até a mesma mais tarde.

Yeosang exibe uma feição indecifrável ao chegar em minha residência, a tal perdurando por vários minutos. Era como se um monstro voraz destruísse seus órgãos internos mas ele fora proibido de esboçar sua dor.

Lhe conto tudo, sem hesitar em nenhuma parte. Conto-lhe até mesmo sobre a vontade que senti, de poder apreciar o sabor existente nos beijos de Choi San.

— Você quer minha opinião sincera sobre tudo? — pergunta, e eu assinto. — Entendo sua hesitação para relacionamentos, o último foi o pior deles e isso te traumatizou. Mas, Wooyoung, você não pode se fechar para as novas experiências. Você sabe que eu te amo mais do que tudo, somos amigos a mais tempo do que posso recordar e sou grato por isso. Mas, porra, seu cu doce tá me deixando incomodado pra caralho. Pronto, falei.

— Yeosang! — exclamo incrédulo, sem crer no quanto tudo soou direto demais. Estou chocado demais para rebater, as palavras sendo absorvidas aos poucos. Por fim, abraço ele, recebendo um afago nos fios castanhos. — Obrigado por dizer aquilo que preciso ouvir, não o que desejo ouvir.

— San parece ser um cara incrível, está solteiro e é a fim de você. É um belo combo, não é mesmo? — fala sem esperar uma resposta, e ele está certo. Me afasto de si, e o observo deitar-se despreocupadamente em minha cama. — Sei que pediu para irem com calma, e tudo bem, não espero que saia daqui e vá até a casa dele. Mas espero que reaja, Wooyoung, e que seja feliz.

— Woo — chama Sujin, a voz baixa e um pouco sôfrega. Saio de onde estou, indo até a mais nova, me abaixando. Sua testa, anteriormente quente, parece ter esfriado parcialmente; ela usa roupas frescas, e há indícios de lágrimas em seus olhos. — A mamãe vai demorar?

Esboço meu melhor sorriso, sabendo ser maldade. Eu não gosto de dar noticias ruins, ainda mais para aqueles que estão em desenvolvimento constante.

— Ela vem logo, meu amor. Enquanto isso, eu te conto uma história e você descansa, ok? — ela assente meio chateada, mas não diz nada. Yeosang torna a me acompanhar, ajustando a temperatura do ar condicionado conforme peço; após pôr Sujin na cama, ponho o tecido molhado sobre sua testa e ajeito-a, para que fique confortável. Mesmo com suas reclamações sobre o frio que sente, mantenho-me firme em meu posicionamento, pois sei que é a melhor opção.

São apenas oito horas da noite, minha irmã já passou mal duas vezes e sua febre parece oscilante. Devia ter feito ela usar um casaco mais cedo, assim não teria levado tanto sereno. Quando o corpo da mais nova parece calmo e quieto — os remédios fazendo efeito — igualmente a sua temperatura corporal baixa, respiro aliviado.

— Você não deveria ligar para sua mãe? — é o questionamento de Yeosang após todo o meu silêncio.

— E o que ela poderia fazer, afinal? Ela nunca está presente, e mesmo que estivesse, não acho que poderia fazer muito por Sujin. — retruco, o assunto cansando-me por inteiro. Yeosang sabe de tudo melhor do que ninguém, de quanto tudo foi complicado e difícil, e do quanto alguém precisou estar ali por Sujin, por sua infância e pré adolescência. — Tenho um trabalho pendente, e preciso pensar na questão de Sujin quanto escola. Tudo bem se você se for? Você entende, certo?

— É claro, seu bobo. Me liga se precisar de alguma coisa que eu venho o mais rápido possível. — beija o topo da minha cabeça, dando-me um sorriso amável e me abraça por fim. — Se cuida, Woo, e me mantenha informado, ok?

E do seu jeito, tão terno e precioso, ali me deixou. Apenas para que eu perceba o quão solitário me sinto por dentro. E esse vazio, cruel, sufoca mais do que poderia imaginar.

e a partir daqui as coisas tendem a escalar mais rápido que antes. até o próximo!

SK8ER BOI.Onde histórias criam vida. Descubra agora