Prólogo

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Alya foi vista encolhida perto de uma grande e velha árvore, seu pequeno corpo de criança tremia violentamente a cada vez que suas narinas puxavam o doloroso ar. Seus braços agarravam os joelhos machucados e sujos, suas unhas sujas apertavam o pequeno par de pernas.

A dor era dilacerante, tanto quanto a dor física quanto a de sua alma eram perturbadoras.

Agora que estava sozinha, e lágrimas escorriam por seu doce rosto, ela finalmente se perguntava o motivo de ter ideias tolas. A mãe de Alya perdeu as asas com 11 anos de idade, assim que o sangramento veio, as mulheres que conheciam também não tinham a glória do povo illiryano. Por que ela acreditou que continuaria com suas asas?

Talvez fosse porque ainda era criança e cheia de sonhos, também por alimentar esperanças e sonhos inalcançáveis. Mas Alya sabia que o verdadeiro motivo de ter tanta confiança e certeza de que seria mais uma fêmea que permaneceria com suas asas, era porque ouvirá a história da senhora da Corte Noturna. Da illiryana que ainda tinha suas asas, riquezas e sua família.

Um soluço saiu de seus lábios trêmulos, seus olhos escuros olharam para a lua que as nuvens pesadas não conseguiam esconder. Um dia ela poderia estar no céu, um dia ela poderia lutar contra o vento e sentir o verdadeiro sentido da vida de um lliryano.

Um dia... Um dia que jamais aconteceria. Suas asas se foram, seu sonho sumiu e sua vontade morreu intensamente.

Ainda se lembrava de quando acordou e viu seu lençol manchado de vermelho, do misto de tristeza e felicidade que sua mãe sentia ao saber que sua única menina tinha se tornado uma moça. Do olhar conhecedor que seus irmãos compartilharam ao saber e o olhar aterrorizador de seu orgulhoso pai ao compreender o que deveria ser feito.

Aquele peso, aquele delicioso peso que Alya treinava escondida todos os dias para aguentar, não estava mais ali, não existia mais nada para carregar. Ela não se sentia mais uma fêmea illiryana.

Alya não sabia mais onde estava, e sua mente realmente não se preocupava com isso. Quando ouviu passos leves arruinando galhos e as folhas secas da floresta, ela se agarrou mais forte, suas lágrimas desceram em abundância e seus soluços passaram a ser audíveis.

Ela parecia um pássaro que perderá as asas e já não tinha vontade de cantar.

Um toque quente e aconchegante deslizou por seus cabelos bagunçados, o cheiro da flor violeta encheu seus sentidos. Até que uma doce voz acalmou toda a tempestade:

— Não precisa mais temer, pequena criança. Eu cuidarei de você.

Ela não morreu naquela noite escura. Sua luta ainda não tinha acabado.

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Invencível | ʳʰʸˢᵃⁿᵈWhere stories live. Discover now