Invencível | ʳʰʸˢᵃⁿᵈ

Capítulo 1

Alya era jovem e não entendia muita coisa, mas sabia que já não mais estava na floresta fria, não estava mais lá fora submersa na escuridão. 

Seu corpo nu estava sendo envolvido por água quente e aconchegante, com pétalas de flores que a divertiam e distraiam somente de olhar, o cheiro era bom e suave. Isso a deixava facilmente relaxada. A criança não disserá nenhuma palavra desde que foi acolhida por uma illiryana bem conhecida por todos. A fêmea que por sua força fez Alya sonhar mais alto e mais longe.

Ela estava sendo acompanhada por outra fêmea além da senhora da Corte Noturna, a criança não sabia quem era, mas Adhara parecia confiar nos dons da feérica enquanto deixava com que a mesma verificasse as costas com os extensos machucados. 

Madja, esse era o nome da feérica. Sua pele é escura, os cabelos esvoaçantes e seus olhos castanhos, sua pele com rugas denuncia sua idade já avançada, mas apesar disso, seus olhos ainda são claros e acesos com um calor interior.

Alya arregalou os olhos quando a sensação se espalhou por seu corpo, era algo como doce e refrescante. Seu repentino espanto tirou um sorriso de Adhara e de Madja, que observaram a criança como um tesouro.

Com o som dessa risada, Alya voltou os olhos para a mulher que a acolheu. Adhara, era tão linda quanto diziam. Sua pele é bronzeada, os cabelos tinham o tom escuro do preto e seus olhos a cor aconchegante de chocolate quente. E suas asas, a imagem das asas erguidas fizeram a pequena suspirar.

— Você parece estar melhor agora. — Ela disse, se abaixando na altura de Alya. — A sensação é boa, não é?

Alya não respondeu com palavras, mas balançou a cabeça lentamente em afirmativa, a sensação doce e refrescante era algo bom, algo que Alya nunca tinha sentido.

— Eu sei, Madja também já me ajudou algumas vezes. — Um sorriso doce desenhou seu rosto.

Alya continuou em silêncio enquanto observava Adhara atentemente, seu olhar não era assustado ou de raiva, era apenas calmaria que aquela mulher poderia trazer.

— Qual é seu nome, querida?

Alya desviou o olhar, seus pequenos olhos se enchendo de lágrimas enquanto seus lábios tremulos anunciaram seu choro repentino.

Seu nome, foi o mesmo nome que todos gritaram enquanto tentavam a conter, a mesma palavra que gritaram enquanto tiravam seu sonho.

Alya! Alya! Alya!

O som dos gritos trouxe agonia para sua calmaria de minutos atrás, ela se encolheu. Desviando o olhar de Adhara enquanto olhava para a água com pétalas de flores, suas lágrimas que caíam sobre a superfície faziam pequenas ondas constantes.

— Está tudo bem. — Adhara acariciou seus cabelos calmamente, colocando as mechas molhadas atrás da orelha. — Tudo bem, querida. Você está bem.

Alya inclinou a cabeça, encostando sua testa no ombro de Adhara, que acolheu com seus braços enquanto a criança chorava. Ela olhou para Madja que parecia transmitir palavras somente com o olhar. 

Ficariam cicatrizes, Adhara percebeu. Mas estava tudo bem, pois, ela sabia que aquela criança. Já era uma lutadora.

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Alya ainda não tinha dito nada, nenhuma palavra saiu de seus lábios, nenhum som que não fosse seus soluços e agora, o som de quem estava apreciando a sopa feita por Adhara. A illiryana estava sentada ao lado da criança, segurando um prato com fatias de pão, que de vez em quando, Alya pegava para morder após engolir um pouco de sopa.

Ela já não mais chorava, uma vez ou outra fungava pelo choro recente, mas nada saia de seus olhos. Seu corpo de criança já não estava mais sujo, agora vestida com uma simples camisola branca, que ficava um palmo a baixo de seus joelhos, ela gostou da peça e de como era larga em seu corpo, não a apertava e não mostrava demais, era perfeito e confortável.

Alya levantou a cabeça quando ouviu risos próximos, os passos eram rapidos e apressados, ela levantou a cabeça, enquanto ainda mastigava um pedaço de pão.

Quatro crianças emergiram da escuridão, pareciam sujas em peças de roupas simples, mas ainda sim, todos carregavam um pequeno toque de elegância.

A primeira criança que encarou foi uma garota, ela carregava uma semelhança com Adhara, o mesmo tom dos cabelos e quase o mesmo sorriso bonito, o desenho das sobrancelhas e o formato dos olhos, a única diferença era a cor, violeta, com toques prateados. Ela tinha asas, asas que Alya desejava muito.

O outro já se tratava de um garoto, ele era o maior entre os três e o mais bagunçado também, seu rosto estava sujo e seus cabelos ondulados bagunçados. Sua pele é marrom-dourada e seus cabelos tão escuros quanto o de Alya, possuía um par de olhos acastanhados, lembrando a casca escura de uma árvore, ele parecia um pouco mais velho que os outros. E também tinha asas.

Ao seu lado tinha outro garoto, um pouco alto para uma criança, seus cabelos eram escuros, sua pele castanho-dourada e seus olhos acastanhados, como avelã. Seu corpo parecia escondido por sombras, mas não escondia suas asas e suas mãos, que tinham cicatrizes tão brutais quanto as costas de Alya.

Então finalmente tinha o último entre eles. Sua aparência tinha semelhança com a garota e com a doce mulher que ajudou Alya, apesar de novo, já era terrivelmente bonito, seu cabelo era escuro e curto, no tom preto azulado, seus olhos tinham a cor violeta com manchas prateadas, sua pele estava um pouco suja, mas era visível o marrom-dourado, suas asas eram grandes e lisas com a mesma pitada de irisdescência que a garota.

Era estranho a sensação de seu coração palpitando.

— Quem é essa, mamãe? — A garota perguntou.

— Também estou curioso. — Disse o de aparência mais velha.

Adhara sorriu para as crianças presentes, alisando o ombro de Alya que encarava a todos eles com curiosidade e medo.

— Ela é nossa nova amiga. — Disse sorrindo, logo olhando para Alya. — Não é, querida?

Alya balançou a cabeça concordando. E essa era apenas o começo de sua nova vida.