Capítulo 3

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Tudo indicava que não seria uma temporada fácil em Paris. Ayla escutava nos corredores sobre mais uma morte de uma bailarina. A senhorita Louise Mallet era muito bela. Havia se mudado há quatro meses. Seus cabelos loiros eram lindos, encaracolados e ela tinha um rosto perfeito. Angelical. E aparecera morta uma noite atrás, nos telhados da Ópera de Paris. Todos estavam alvoroçados. Exigiam uma posição do curador do teatro, Philipe Chagny e do misterioso administrador, que apenas mandava as exigências por Persa.

- Senhor Persa - disse Madame Giry - O assassino de Paris entrou aqui. Não é possível. Já é a décima morte. Não podemos mais olvidar de que ele ronda os corredores. E se for o fantasma?

Persa suspirou, passando a mão na testa.

- Madame Giry, peço que se acalme. O fantasma não é esse homem. Tenho absoluta certeza disso. E ao que tudo indica, pelo inquérito policial, essa moça se suicidou.

Madame Giry não estava convencida disso. Há cinco anos o assassino de Paris rondava o lugar. E matava mulheres loiras, sempre com rostos angelicais. E que tivessem uma propensão artística, como dançar, cantar e atuar. E isso tudo ela sabia pelos jornais. Cada passo que o homem dava. E as pistas que levavam a crer que poderia ser ele era sua escolha pela vítima e fazer com que parecesse que ela tivesse se suicido. As investigações apontavam que havia cortes muito precisos nos pulsos e nos pescoços, como se alguém tivesse feito sido de forma premedita. E esse homem havia revelado sua identidade a primeira vez, quando ateou fogo na Ópera de Paris, matando Christine Daee, deixando uma carta. E continuava deixando cartas a polícia, sempre que cometia os crimes. Dessa vez, com a morte da senhorita Mallet, a carta ainda não havia aparecido. E Madame Giry vasculhou o local, mesmo sendo proibida pela polícia. O teatro estava cercado e todos estavam sendo interrogados.

- Será que temos um Jack estripador em Paris? - ela se perguntou.

Persa fitou-a com incredulidade.

- Não vai acreditar nessas bobagens, vai Madame Giry? O tipo de crime que está sendo cometido não tem ligação com que está acontecendo em Londres - ele se levantou da cadeira e esticou as pernas - Bom, preciso sair agora. Há algo a mais que possa ajudar, Madame Giry? As meninas do balé estão bem?

- Ó, sim. Estão assustadas, mas todas estão bem.

- Ótimo, ótimo - Persa parecia distante e se dirigiu a porta, virando a cabeça para encarar ela - Fique descansada. Se realmente for o fantasma, eu mesmo saberei. Mas, confie em mim, eu tenho absoluta certeza de que não foi ele. Assim, como não foi ele que ateou fogo há cinco anos no teatro. Ele amava Christine.

Madame Giry assentiu, com tristeza. Observou Persa sair do escritório e ficou observando a janela do lado de fora. O clima estava chuvoso. Assim como o sentimento que imperava no teatro. Todos estavam melancólicos e tristes pela pequena Mallet. Ela parecia tão feliz, mas ao decorrer dos meses não estava tão viçosa. Isso Madame Giry notava.

- Senhor Persa...- Ayla parou na porta e fitou Madame Giry de costas, olhando para a janela - Ó, desculpe Madame Giry. Está tudo bem?

Ela se virou e encarou Ayla, com um olhar abatido.

- Sim, senhorita Ayla. Eu já conversei com o senhor Persa. Não há nada de errado, a não ser que talvez a senhorita Mallet não estivesse bem de saúde. Eu nunca teria notado, se não fosse pelos rumores de que ela estava muito triste por um mês. Havia mudado de humor e parecia abatida por um amor não correspondido.

- Hum...presumo que não tenha sido o fantasma, então - Ayla murmurou, chamando a atenção de Madame Giry.

- Eu não saberia dizer, senhorita. Ele apenas continua com suas exigências e nunca feriu ninguém...a não ser...- ela se calou e permaneceu com uma expressão constrita.

Um assassino em Paris - O Fantasma da ÓperaWhere stories live. Discover now