Capítulo 40

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Erik estava cansando de esperar em Paris, por notícias do seu amigo. E ainda sentia um incomodo terrível no ombro. Com a ajuda de Persa, que conseguiu contatar um médico de confiança de discreto, seu ombro foi tratado e teria que ficar com o braço imobilizado, por algumas semanas. O que era muito irritante para ele. Depois de uma semana, já estava enlouquecendo, devido à pouca mobilidade que podia fazer, além do tédio. Precisava voltar ao trabalho e compor suas músicas.

Avisou Madame Giry que voltaria a Londres, para cuidar dos seus negócios. E que se alguma carta ou telegrama chegasse a ele, que enviasse para o endereço de Londres. Além do fato de ter medo de que algo acontecesse com Ayla. Ela era teimosa e vivia saindo sorrateiramente de casa, muitas vezes sozinha. Antes de partirem de volta para Londres, Ayla insistiu em ir até o túmulo de Francesca. Eles foram de carruagem até o local. O cemitério tinha um aspecto sombrio, com cruzes e estatuas de anjos. Além de mausoléus. Ayla percorreu o terreno, andando rápido, buscando o local indicado pelo coveiro, que a jovem Francesca fora enterrada.

Ela se ajoelhou, em frente a lapide simples, sem qualquer adorno, ou foto dela. Apenas seu nome e sobrenome, além da data de nascimento e morte. Ela depositou rosas brancas em cima do túmulo e sentou-se ficou pensativa, com os olhos fechados. Christine, que estava ao lado dela, fez o mesmo. Erik observou as duas, parecendo estar orando pela alma da jovem. Erik nunca fora devoto a Deus, nem frequentou a igreja. Só conhecia a religião através do seu tutor, Lê Champ. Já lera a bíblia, apenas para estudo, mas nunca teve aquele fervor. Nem ao menos rezou para Deus. Talvez, tenha alucinado com algumas coisas, como o fato de Christine pedir a ele que encontrasse Ayla em Londres e a trouxesse a Ópera de Paris. E que se cuidasse dela. E jurava conversar com Christine em seus sonhos. Aqueles momentos realmente foram dias difíceis para ele, onde estava a delirar e talvez, tenha clamado por Deus.

Afastou-se delas, olhando em volta. Desejava muito sair dali não pisar mais os pés em qualquer cemitério. Era uma sensação estranha de ver a morte espalhada por aquele terreno. Ver pessoas entregando flores aos seus entes queridos, que ali não estavam. Seus corpos apenas depositados ali, suas cascas vazias. E enterrados, dentro de caixões, cobertos com terra. Mas, ali não havia vida. Eram apenas corpos em decomposição. Erik não conseguia compreender aquele tolo ritual, pois de fato, nunca perdeu alguém, apenas Christine. Mas, ele não tinha um local para ir e chorar pela sua morte. Nem sabia onde estava seu corpo. Então, para ele, nada daquilo fazia o menor sentido.

Agradeceu mentalmente quando as duas resolveram ir embora. Aquele local estava lhe causando calafrios. É claro, ele nunca iria admitir tal coisa. Viveu por anos no subterrâneo da Ópera de Paris e aguentou todas as situações insalubres do local, mas, aquele cemitério era enervante. Os anjos pareciam julga-lo pelo que ele já fez em vida. Tudo que já fizera fora movido por instinto de sobrevivência. E era somente nisso que se afiançava. Nunca feriu alguém com sadismo. Nunca pensou em torturar pessoas. Talvez, tivesse exagerado um pouco em suas ações, era um fato. Pelo menos, o que Persa sempre disse a ele. E seu amigo não estava de todo errado.

Ele desviou os pensamentos para o que importava no momento. Levar Ayla e Christine de volta a Londres. Para isso, pediu a companhia de Persa. Se algo desse errado, ele teria seu amigo. É claro que Persa disse que não iria ficar em Londres. Havia muitas coisas a serem feitas da Ópera de Paris e ele continuou sendo o administrador.

Erik chegou a sua mansão, muito mais feliz, aquela tarde. Apesar de Ayla estar um pouco distante. Mas, nada que uma boa conversa não resolvesse seus problemas. Sua noiva ficaria extasiada quando visse o anel que havia comprado a ela. Ayla não poderia usa-lo, mas ao menos, poderia ver o quanto ele havia se esforçado por ela. Por isso, convidou-a a cear com ele, em privado. Contou seu plano a Persa e Christine, que respeitaram a privacidade do casal e jantaram em seus quartos. E Erik pediu a Ayla que descesse ao jantar as sete em ponto, pois tinha algo importante para lhe dizer.

Um assassino em Paris - O Fantasma da ÓperaWhere stories live. Discover now