Capítulo 29

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Erik não conseguia compreender as razões de Ayla para ser tão arredia. E estava quase desistindo de ajuda-la. Ela que fosse para o inferno, se desejava tanto estar casada com o conde de Chagny. Talvez, tivesse interpretado tudo errado e ela amasse o esposo, de verdade. Mas, segundo o visconde, ela sofria sim maus tratos e estava sendo coagida.

- Ele sempre faz isso. Consegue minar as forças de qualquer um e fazer com que o temam – Raoul confidenciara, duas noites atrás, enquanto era interrogado por Persa e Erik – Ele tem um ótimo advogado. Um médico que faz tudo que ele precisar, se pagar é claro. Além de conexões. Quem iria querer se colocar no caminho do meu irmão? Eu não seria louco de enfrentá-lo. Por isso, resolvi me afastar o máximo que posso. Não o suporto mais. E Ayla também não. Ela me confidenciou o que ele faz. Como ele a manipula. E como ele a machuca, tanto moral quanto fisicamente.

Erik se sentia impotente. Como fazer Ayla enxergar que estava sendo manipulada e maltratada? Por que ela aceitava aquilo, se tinha uma opção melhor? Ou quem sabe, não quisesse que ele fosse sua opção. Talvez, ainda estivesse irritada com ele. Como não estaria, se ele resolvera cortar contato? Sentia-se idiota por ter feito isso. Por ter a abandonado. Ela enviava cartas constantes, no começo, quando ele fora para Londres. E nas primeiras cartas, ela implorava que ele voltasse. Não dizia seus reais sentimentos, mas quando ele mostrou a Persa, seu amigo disse que Erik estava cego por não ter percebido os sentimentos de Ayla por ele.

- Ela fora clara, Erik. Você não percebe que ela o ama? – perguntara Persa, em tom irônico.

Era claro que ele queria muito aquele amor. Desejava tanto ser amado. Assim como desejou que Christine o amasse. Mas, no final, ela teve medo do seu rosto. Se Ayla o visse, também o temeria. E todo o deslumbramento que tinha por ele cairia por terra e ele teria seu coração estilhaçado. Mas, se pudesse mantê-la sobre sua guarda, cuidando dela, se acostumaria apenas em ter sua amizade. E não queria permitir que Ayla sofresse. Não, não poderia ver a mulher que amava sofrer. Sabia que a amava. Não havia como negar seus sentimentos.

Contudo, a recusa dela em ir embora com ele o ferira demais. Ele poderia, é claro, levá-la a força. Mas, seria contra a vontade dela. Não queria que Ayla se revoltasse com ele. Primeiro, precisava entender o que a motivava a permanecer tão firmemente naquele casamento. Se seria por amar o conde ou por outro motivo. E se ela o amasse, Erik não saberia o que fazer.

Ele saiu da mansão do conde em estado de raiva e choque. Como queria fazer Ayla mudar de ideia, estava disposto a tudo. Confidenciou o que ocorreu a Persa e seu amigo suspirou, cansado, sentado na cadeira, em frente à mesa de jantar.

- Erik, por que raios você tentou fazer isso? Deveria conversar com a condessa de forma civilizada. Não é assim que as coisas funcionam.

O músico não parecia de acordo. Se havia um perigo de vida, ele agia sem pensar duas vezes.

- E você queria que eu não fizesse nada, enquanto ela sofre? – perguntou Erik, com a voz alterada, batendo o punho na mesa a sua frente. Isso não pareceu abalar Persa – Ela vai morrer, vai morrer como a primeira esposa do conde. Eu não posso ficar parado enquanto ela sofre. Não posso...- ele mordeu os lábios, passando as mãos pelos cabelos.

- Não pode deixar que sofra o mesmo destino da senhorita Daee, não é? – completou Persa, com pesar – Mas, ao menos ela conseguiu escapar, segundo o visconde.

Ele assentiu feliz por saber que poderia, enfim, rever Christine. Ela estava viva. Estava bem e Erik iria vê-la em breve.

- Exatamente. Mas, não consigo compreender o motivo de Ayla ser tão reticente a se proteger, a deixar que eu a ajude. Será ela ama o marido? – Ele temia que sim. Que ela o amasse tanto que não quisesse se separar.

Um assassino em Paris - O Fantasma da ÓperaOnde histórias criam vida. Descubra agora