Capítulo 30

49 7 0
                                    


Um baile de máscara sempre demandava muito trabalho. Contratar o buffet, orquestra, decoração do local, enviar os convites...tudo isso era cansativo para a jovem condessa. Ela não estava dormindo direito há dias. E tentava de tudo para distrair a própria mente preparando o baile. Erik ainda estava em seu coração e isso a consumia dia e noite. E precisava disfarçar suas emoções em frente ao esposo. Philip a vigiava constantemente e estava sempre a acusando de algo. Em um dia, disse que era sua culpa por ele ter sido um péssimo anfitrião aos seus sócios, pois não havia mais vinho a mesa. Ele gritou com ela, a fazendo se sentir diminuída e acuada. Ele não havia levantado a mão para ela, naquele dia. O que era um alívio. Mas, fez isso, quando ela havia tido um desempenho ruim no teatro. Sua voz não estava adequada, ele dissera. E que fora motivo de piada entre os pares, por ter uma esposa que cantava, além de cantar pessimamente.

Ela sentiu seu coração dilacerado aquele dia. Não era pela surra. Mas, por ele a ter proibido de voltar a cantar. E a proibido de sair da mansão. Pois, afinal, ela precisava aprender uma ligação por tê-lo humilhado tanto. E como ela não o satisfazia, isso ainda piorava ainda mais a situação entre os dois. Ele dizia que não tinha o menor prazer com sua esposa, pois ela sempre estava inerte quando ele tentava beijá-la. E isso não parecia ajudá-lo. Então, saiu para bordeis e voltava fedendo a perfume barato e recendendo a whisky. Ela agradecia por isso. Por não ter que cumprir seus deveres maritais. Pelo menos era um alívio ele não a tocar daquela maneira. Ao menos, poderia manter sua dignidade quanto a isso.

- Ayla, você está quieta – disse Meg, enquanto elas escreviam os convites para o baile que aconteceria dentro de uma semana.

- Eu? Ah, devo estar cansada – ela disse, dando de ombros, mergulhando a pena no tinteiro em cima da mesa e escrevendo sobre o papel – Não tenho dormido direito.

- Pois, deveria consultar um médico. Não pode ficar sem dormir, querida. Está com olheiras. Não pode aparecer assim em público, você sabe.

- Eu sei? – Por um momento Ayla pensou que Meg saberia do seu casamento fracassado. E queria tanto contar a ela o que passava.

- Claro que sabe – Ayla sentia o coração disparado ao ouvir a confirmação dela – Você é uma condessa. Deve sempre estar apresentável, não é? E aliás, sua saúde é importante...

- Deveria escutar a senhorita Giry, Ayla – disse Raoul, entrando na sala de música, com um sorriso presunçoso – Está perdendo seu brilho.

Ayla revirou os olhos a visão do cunhado. Raoul fazia visitas constantes, implorando que ela reconsiderasse seu pedido. Ele queria levá-la para longe de Philip. Ele mesmo presenciara a jovem sendo esbofeteada pelo marido, na sala de jantar. O visconde e seu marido rolaram sobre a mesa, entre socos e chutes. Depois daquilo, Ayla pensou que nunca fora tão humilhada, mas estava agradecida por Raoul ter tentado defendê-la. E achava curioso o fato de Philip ainda permitir que seu irmão pisasse os pés em sua mansão.

- E você continua fedendo a charuto e com esse cabelo seboso – ela provocou, se levantando.

Eles se abraçaram e Raoul beijou a testa dela.

- Sentiu minha falta? – perguntou, em tom jocoso.

- Que horror, não – ela disse, deixando um riso escapar – Sente-se por favor – ela apontou para o divã.

Antes, ele contornou a sala e beijou a mão de Meg, que sorriu. Os dois se tornaram amigos, mas não como Ayla e Raoul. Ele sentou-se e cruzou as pernas. Retirou uma caixinha de veludo negro do bolso.

- Venha aqui. Quero lhe dar um presente – ele pediu a Ayla.

Ela se aproximou, emocionada. Não sabia que alguém iria lembrar.

Um assassino em Paris - O Fantasma da ÓperaWhere stories live. Discover now