Capítulo 9

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- Ao que tudo indica, a senhorita Emma se suicidou – disse o inspetor Leroy para seu colega policial, senhor Bernardi.

- Apenas pela corda e a cadeira? – perguntou Persa, se aproximando e olhando para o palco – Ela não teria força para isso. A senhorita Emma não era conhecida por ter força para amarrar uma corda nos andaimes. E fazer um nó desse não é simples. Não é possível que tenha sido essa a causa.

O inspetor Leroy fitou Persa, irritado.

- O senhor não deveria estar dando palpites – ele retrucou – Apenas responder as perguntas que lhe forem dirigidas.

Madame Giry foi a frente, com um olhar irado.

- E o senhor, inspetor, deveria tratar o administrador com mais respeito. Precisamos saber o que de fato está acontecendo nesse teatro. As mortes estão muito além do que imaginávamos – ela disse, ríspida. Leroy a fitou com desdém – Isso está se repetindo há pelos menos dois anos. Não está vendo o padrão aqui, senhor? Todos nós estamos assustados!

Leroy e Bernardi trocaram olhares tensos.

- Madame, senhor, se pudermos conversar em o local privado – Bernardi pediu.

Leroy o fitou com indignação.

- Não podemos falar sobre o caso com civis, Bernardi – ele ralhou.

- Não temos mais escolha, Leroy. Isso está passando dos limites – o policial retrucou – Podemos, madame?

Ela assentiu e os guiou até o escritório de Persa. Ele foi atrás, preocupado. Aquilo não poderia ser obra de Erik, pensava. Mas, não o vira na noite passada. Estava em sua residência, descansando. Não havia um álibi para Erik, mas ninguém ali sabia da existência do fantasma. Talvez, o inspetor, mas Persa não relatava mais problemas a polícia. Não era necessário. Erik estava se controlando, quanto as mortes. E Persa cuidava para que ninguém descesse até os subterrâneos e caso houvesse abusos por parte dos atores, ou até mesmo dos músicos, Erik relatava, ao invés de fazer justiça com as próprias mãos. Mas, aquela morte não era o padrão que havia no teatro. As moças sempre apareciam com os pulsos cortados, nunca penduradas por uma corda. Isso era algo que Erik faria, mas, ele sempre fazia isso com homens, nunca com mulheres.

E logo as acusações vieram. O inspetor relembrou dos tempos em que o fantasma assombrava aquele teatro, inclusive os casos quem que pendurava suas vítimas por cordas. Ele está suspeitando de Erik, pensou Persa, tentando não transparecer nervosismo.

- Isso não pode ser obra do assassino de Paris, madame – o inspetor disse, com veemência – Essa morte foi diferente. Nós não podemos falar com civis sobre isso. E espero que o que iremos dizer nessa sala não seja compartilhado com ninguém. Possivelmente isso poderia ser obra do antigo fantasma. Que aliás, não recebo qualquer ocorrência há anos. Estão por acaso mantendo esse misterioso homem aqui?

- Não, de maneira alguma, inspetor – respondeu Madame Giry – Ao que se sabe, ele morreu no incêndio.

- Interessante a senhora dizer isso. Mas, eu estou recebendo denúncias do visconde de Chagny, dizendo que ainda recebe cartas desse suposto fantasma – Leroy retorquiu, com ironia, fitando-a com um olhar analítico – Estão escondendo esse homem? Sugiro que não o façam. Pois, se soubermos de algo, os dois serão acusados de serem cumplices desse homem e pela morte de Christine Daee.

- Mas, isso é um absurdo! – Madame Giry exclamou, furiosa – Eu jamais iria acobertar isso, meu senhor. Jamais!

Persa suspirou, passando a mão na testa.

Um assassino em Paris - O Fantasma da ÓperaWhere stories live. Discover now