Capítulo 28

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Tocar piano era algo prazeroso para Ayla. Parecia dissipar todas as suas angústias e tristezas. Nem se lembrava de quando havia aprendido a tocar. Tinha a breve lembrança de se sentar ao lado de alguém muito querido e essa pessoa a ensinar uma canção. E depois, quando pode chegar novamente perto de um piano, era devido a ajuda de lorde Hamilton. Ele permitia que ela tocasse em sua casa, sempre que desejasse. Ela passava horas em companhia das composições de Beethoven, Vivaldi, Bach e Mozart. As vezes era importunada pelo enteado de lorde Hamilton, mas na época, ela nem sabia que o rapaz era um aproveitador e libertino. Ele parecia doce e simpático. Seu nome era Frederick. Mas, todos o conheciam pelo título nobre. Era o visconde Hereford. E todos seus amigos o chamavam de Hereford. Ou pelo sobrenome, Cohen. E ela o chamava de milorde. Mas, com o tempo, quando estavam mais íntimos era Fred. Ela acreditava ter o amado. Contudo, amou uma ilusão.

- Você está belíssima sobre a luz do dia, Ayla – Fred dizia, quando entrava na sala de música.

Ele se sentava ao seu lado e dedilhava ao lado dela. E as vezes roubava beijos, sem que ninguém notasse. Ela se sentia nas nuvens com Fred. Ele parecia tão doce. Ela imaginava que iria se casar e se tornar a viscondessa Hereford. Qual não foi seu engano quando ele dissera uma certa tarde:

- Quem irá querer se casar com uma dama como você, Ayla? Não tem dote. Nem títulos. Eu não posso nem ao menos pensar nisso. Seria manchar a reputação da minha família. E mamãe já me apresentou uma noiva adequada – Ele dissera isso, quando ela lhe perguntou quando seria o casamento entre os dois. Pois, fazia meses que a cortejava e ela deixou que ele tomasse certas liberdades que uma dama não deveria permitir – Mas, fique descansada. Eu a farei minha amante. Lhe darei uma casa, conforto. Mas, infelizmente meu nome não. Eu sinto muito mesmo. Espero que entenda.

Naquele dia, seus sonhos ruíram. Caíram por terra. Mas, recomeçou de novo. Nada poderia abalá-la e já estava acostumada com o sarcasmo, julgamento e frieza do mundo. Hereford fizera questão de lhe tirar as esperanças de ser feliz. Por isso, sua maior ambição era ser uma soprano. Ser a prima donna e encantar no palco. Não pensava em amor e se viesse a se casar, sabia que não teria isso. Os homens eram criaturas volúveis e apaixonadas. Governados pelo fogo da paixão e não tinham qualquer sentimento de amor real. Era nisso que acreditava. Mas, ao conhecer Erik, pensou que poderia alcançar esse amor puro e genuíno. E mais uma vez, viu seu coração quebrado. Ele fugira dela, com tanto afinco, que chegou a pensar que não poderia nunca ser amada. Que um final feliz, um amor verdadeiro somente existia nos romances doces que lia. Ela estava cética demais e por isso se deixou entregar a Philip, pois ele prometera cuidar dela. Dar uma segurança e apoio incondicional. Em troca, ela poderia lhe dar herdeiros e ter uma família. Uma família que ela sonhava ter. Assim, nunca mais seria sozinha. Não amava mesmo seu marido, então seria impossível ser magoada por ele. Eram amigos, ao menos e isso a deixava feliz. Mas, qual não foi seu engano ao ter se casado. Se pudesse voltar no tempo, teria fugido dele. Nunca imaginou que atrás da fachada de um homem gentil, calmo e doce, se esconderia um homem ciumento e controlador.

Para seu alívio, Philip havia viajado a negócios. Algo relacionado aos seus negócios. Era sobre a fábrica que tinha ações. Vendia tecidos para fabricação de roupas e ele precisava urgente se reunir com os acionistas. E para a felicidade dela, ficava no interior da Inglaterra. Por isso, aquela noite, aproveitava o silêncio acolhedor daquela mansão e tocava o piano de calda, com desenvoltura. Parou de dedilhar os dedos sobre o piano, ao ouvir um barulho estranho, vindo da porta da sacada. A porta estava fechada, com as cortinas brancas fechadas. Ela sentiu o sangue enregelar e afastou-se do instrumento e procurou o castiçal em cima de um aparador. Viu a porta de vidro se abrir e uma sombra adentrar o ambiente. Ela avançou e tentou acertar o castiçal, sem pensar duas vezes.

Um assassino em Paris - O Fantasma da ÓperaUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum