Capítulo 8

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Os dias seguiram com tranquilidade na Ópera de Paris. Ayla continuava a ter aulas com seu misterioso professor. E começou a se questionar sobre o passado dele e seu nome. Mas, temia tanto fazer qualquer pergunta indiscreta, e temendo aumentar a ira dele, resolvia guardar suas indagações para si. Contudo, isso não impedia que ela perguntasse as pessoas que estavam a mais tempo naquele teatro.

- Madame Giry – Ayla disse, se aproximando, no corredor dos bastidores.

Naquele dia, Ayla e as bailarinas haviam terminado seu ensaio, para a ópera de Romeu e Julieta. E mais uma vez, Carlotta não comparecera ao ensaio. Madame Giry girou a cabeça e encarou a bailarina.

- Sim? – ela disse, desconfiada.

- Hum...a senhora, por acaso...hum...a senhora – ela engoliu seco e olhou para os lados. Não havia mais ninguém no corredor. Madame Giry encarou impaciente, esperando que Ayla falasse – A senhora já viu o fantasma da ópera?

Madame Giry a fitou com espanto, depois suavizou a expressão.

- A senhorita ouviu nos corredores sobre ele, não foi? – perguntou ela, ignorando a pergunta de Ayla.

- Sim, eu escutei. Mas, também ouvi um violino ser tocado, em uma hora incomum – ela respondeu, tentando não transparecer que conhecia o fantasma.

A mulher mais velha a fitou com os olhos apertados.

- Bom, o que sabemos é que esse fantasma continua a fazer suas exigências. Mas, está quieto demais – ela disse, mais para si mesma do que para Ayla – Desde que a senhorita chegou, ele não está exigindo nada. Apenas um pequeno pagamento, mais ou menos vinte mil francos. E não tem interferido nos espetáculos.

Ayla sabia dessas exigências. Meg havia contado tudo. Sobre o incêndio, sobre Christine Daee e sobre o fantasma que exigia que tudo fosse feito conforme sua vontade nos espetáculos.

- Hum...isso eu sei, madame. Mas, o que queria saber era sua identidade – Madame Giry pareceu sobressaltar diante da pergunta de Ayla. E ela se apressou em dizer – Eu apenas estou curiosa. Se a senhora sabe se ele é real, se não um vigarista. Se ele exige tanto, não deve ser o fantasma, não concorda?

- Bem...isso não é algo que eu deseje pensar no momento, senhorita Ayla. Não deveria bisbilhotar em assuntos que não lhe dizem respeito. E se sabe tanto dele, deveria saber que as paredes têm ouvidos – ela se afastou, sem deixar Ayla perguntar mais nada.

A bailarina suspirou. Tudo isso ela sabia. Sabia que o fantasma rondava aquele lugar, como se fosse uma assombração. E que puniria aqueles que não satisfizessem suas exigências. É um tirano, um déspota, ela pensou com amargor. Mas, não poderia reclamar. Ele a protegeu de Raoul. E devido a isso, o visconde não a procurava mais. Fazia uma semana desde o incidente, quando ele tentou molestá-la. E poderia ser por estar com medo do fantasma. Com certeza estava. Mas, Ayla era curiosa por natureza. Queria saber mais sobre aquele homem. Somente não tinha coragem de perguntar a ele. Isso poderia fazer com que o maestro desconfiasse dela. Não que ela quisesse denunciá-lo e fazer a verdade vir à tona. Não estava interessada nisso. Apenas queria entendê-lo. Apesar de temer o fantasma, sentira simpatia por ele. Segundo Meg, ele sofrera muito ao perder a senhoria Daee no incêndio. E as únicas pessoas que conheciam sobre seu drama era Madame Giry e Persa. Contudo, o administrador não estava no teatro há uma semana. E ela não tinha qualquer intimidade com ele, para poder perguntar sobre o fantasma e sua identidade.

E os ensaios continuaram. Ayla em paralelo, melhorando sua voz e alcance, além de ensaiar para a ópera. Estava cansada. Exausta por sua vida dupla. De dia, era uma bailarina e a noite a aluna do maestro.

Um assassino em Paris - O Fantasma da ÓperaOnde histórias criam vida. Descubra agora