Arco 1 - Capítulo 2

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Era o começo de julho e faltavam apenas alguns dias para Harry completar 11 anos. Ele estava merendando com os Dursleys, quando Vernon pediu que ele fosse buscar o correio. O garoto lançou um olhar irritado a seu tio, mas se levantou de todo modo, foi até a porta e pegou as cartas. Antes de voltar à cozinha, Harry parou para ver as correspondências: 'contas, contas, carta estranha, cont- espera, carta estranha?' Pegando o envelope amarelado e pesado, endereçado a "Sr. H. Potter; O Quarto Menor; 4 Privet Drive; Little Whinging; Surrey" em letras verdes.

Harry não sabia o que era isso, mas ninguém nunca o enviava cartas e ele não seria burro o suficiente para deixar os Dursleys verem essa. Então, antes de voltar para a mesa, ele colocou a carta dentro de seu antigo armário, em silêncio, e depois voltou a cozinha e entregou as cartas ao seu tio enquanto terminava sua comida. Terminando de comer às pressas, Harry saiu da cozinha, pegou sua carta no armário e subiu rapidamente para seu quarto dizendo que não queria ser incomodado pelo resto do dia.

Harry se jogou na cama e abriu o envelope, dentro ele leu duas cartas estranhas, uma que falava sobre uma escola de bruxos, outra que parecia uma lista de materiais, também havia um bilhete de passagem de trem. Ele demorou alguns segundos para entender o que estava acontecendo, e então, se lembrou das conversas com sua falecida amiga, Belinda. Uma das últimas coisas que ela lhe contou, antes de ser atropelada por um carro enquanto atravessava a rua, foi que existe uma escola de magia para jovens magos e bruxas em toda Grã-Bretanha.

Ele se apressou para pegar um pedaço de papel e uma caneta e logo escreveu uma resposta.

"Prezada Vice-diretora,


Escrevo esta carta com o intuito de informá-la que eu, Harry Potter, aceito o convite para estudar em sua escola. Contudo, eu não sei onde conseguir os materiais escolares necessários, também não sei onde fica essa plataforma 9¾. Então lhe peço, encarecidamente, que mande alguém que possa me ajudar nesses assuntos.


Atenciosamente,


Harry J. Potter"

Ele colocou a carta dentro de um novo envelope e ficou em dúvidas de como enviá-la, mas no final, decidiu em apenas escrever o endereço "Hogwarts" na frente e colocá-la na caixa de correio. No dia seguinte, Harry olhou a caixa e viu que sua carta havia sido enviada, tudo o que lhe restava agora era esperar que algo acontecesse.

Cerca de 3 semanas depois, no dia de seu aniversário, Harry estava sentado no peitoril da janela quando viu um grande homem, literalmente, um homem que mais parecia um gigante, e muito peludo, andando em direção a casa número 4. Harry observou com olhos de águia enquanto o homem chegava e batia com seus grandes punhos contra a porta, fazendo um barulho estrondoso. Ele continuou onde estava e escutou o grito de sua tia, e depois de algumas conversas não identificadas, ele escutou passos na escada.

Quando a porta de seu quarto se abriu, Harry viu o gigante passar com cuidado para não bater a cabeça no batente da porta. Ele examinou o grande homem e depois começou a falar

- Você não parece um doutor...

- Eu não sei o que é isso, mas com certeza não sou um desses.

- Obviamente não. Então se não é de algum hospício, e foi mandado aqui para me buscar porque meus familiares me acham um louco, suponho que você seja alguém enviado de Hogwarts. Só demorou três semanas para me darem uma resposta hein...

- Você usa muitas palavras complicadas, Harry! - o gigante gargalhou fortemente e Harry franziu o cenho levemente irritado - Eu vim aqui pra te levar ao Beco Diagonal, lá nos podemos comprar todos os materiais que vai precisar pra escola!

Harry acenou com a cabeça em compreensão, ele ficou um pouco chocado com a escolha de seu guia. O homem parecia gentil, mas também um pouco... desprovido de inteligência.

- Meu nome é Harry Potter, aliás. Mas você já parece saber disso.

- Ah, sim! Não tem ninguém que não o conheça Harry! - ele falou enquanto observava o quarto e Harry guardou essa informação - O meu nome é Rubeus Hagrid! Sinto muito não ter me apresentado antes, foi muito rude da minha parte. Eu devo dizer Harry, não o vejo desde que era tão pequeno que podia caber completamente na minha mão! E olhe pra você agora, um jovem homem! James e Lily estariam orgulhosos, com certeza - ele terminou com um olhar cabisbaixo e um sorriso triste.

Harry não sabia quem eram essas pessoas, mas provavelmente eram seus pais, já que não havia motivos para o gigante falar que pessoas aleatórias estariam orgulhosas dele. Hagrid limpou a garganta ainda um pouco comovido por suas lembranças, e olhou ao redor para mudar de assunto, ele viu alguns objetos na mesa de cabeceira e perguntou curioso:

- O que são essas coisas, Harry? - o homem falou enquanto pegava um dos objetos, parecia um disco pequeno e largo com um centro côncavo que segurava uma corda enrolada.

- Isso é um ioiô. Isso - Harry falou pegando outro objeto - é um isqueiro de colecionador, e o outro é apenas uma pedra de quartzo que... achei no parque.

- Uau! E isso é tudo seu?

- É meu agora... - ele falou baixo, se o homem ouviu, não demonstrou nenhuma reação. Então, Harry aproveitou para mudar de assunto - Quando vamos para o... como se chama? Beco Horizontal?

- Beco Diagonal! E nós vamos agora mesmo! Acha que sua tia vai ficar irritada se sairmos agora?

- Ah, tia Petúnia não vai se importar, tenho certeza. Vamos senhor Hagrid.

- Haha, apenas "Hagrid" é o suficiente Harry! Todos me chamam assim.

- Se insiste. Eu diria para me chamar apenas de Potter, mas-

- Hahaha, sem problemas Harry! - o mais jovem estava começando a ter tiques em seu olho esquerdo pela insolência do gigante, 'Você pode ter conhecido meus pais, mas não dei permissão para falar meu primeiro nome' ele pensava mas preferiu ficar em silêncio.

Os dois magos saíram da casa, Petúnia estava na entrada pronta para enxota-los para fora, e até mesmo bateu a porta na cara de Hagrid quando o homem se virou para se despedir.

- Parece que alguém está de mal humor hoje - falou sorrindo para o menor enquanto massageava seu nariz que havia sido acertado em cheio pela porta.

'Só hoje? Ela está de mal humor sempre, você só é muito inocente para não perceber a aura abusiva daquela casa' Harry pensou revirando os olhos e seguindo o mais velho. Eles foram até uma rua deserta e Hagrid levantou seu guarda-chuva cor de rosa - 'por que ele está carregando essa coisa?' - a sua frente. Depois de alguns segundos, um ônibus muito estranho e, definidamente, mágico, parou na frente dos dois. Então, um jovem de uniforme roxo saltou do ônibus e os cumprimentou:

- Bem-vindos ao ônibus Díabus Andante, o transporte de emergência para bruxos e bruxas perdidos. Basta esticar a mão da varinha, subir a bordo e podemos levá-lo aonde quiser. Meu nome é Venceslau Skorokhod¹, Vence, e serei seu condutor esta manhã!

- Vamos lá Har- Hm... Harvey. - Hagrid tentou esconder o nome de Harry, e o garoto ficou confuso por alguns segundos, até se lembrar que aparentemente "não tem ninguém que não o conheça". 'Hagrid deve ter se esquecido que o nome "Harry" é na verdade bastante comum, e não tinha necessidade de escondê-lo' Harry pensou subindo no automóvel.

O condutor não pareceu notar o deslize, ou simplesmente não se importava. Hagrid disse para o bruxinho escolher um lugar seguro para se segurar, e o menino o fez, o gigante também procurou a poltrona mais pesada para se sentar. Harry não entendeu o porquê de achar "um lugar seguro" até que o ônibus deu partida e saiu como um raio pelas ruas de Londres. Depois de muito se contorcer, revirar, acelerar e desacelerar, o ônibus finalmente parou em frente a um bar sujo.

Harry desceu cambaleando do veículo mágico, Hagrid desceu atrás dele levemente esverdeado. O meio-gigante respirou fundo para acalmar seu estômago, enquanto Harry aproveitou para olhar a fachada do lugar chamado de "O Caldeirão Furado", 'Era pra isso ser um lugar mágico? Está mais para um chiqueiro'. Quando Hagrid se acalmou, ele puxou o mais novo com ele para dentro, e logo todos os olhos estavam em sua direção.

'O Caldeirão é ainda mais miserável por dentro do que por fora', Harry pensou com uma leve carranca em seu rosto em branco. Havia umas velhas sentadas em um canto, bebendo e fumando cachimbos; e alguns homens bêbados cantando músicas de marinheiro, em outro canto. Todas as conversas pararam quando eles entraram.

Todos pareciam conhecer Hagrid, eles acenaram e sorriram para ele, as velhas soltaram nuvens de fumaça ao chamá-lo para uma rodada de drinques. Ele recusou rindo e Harry só conseguia pensar no "exemplo" que esse homem era. As mulheres, entristecidas, perguntaram o porquê da rejeição, e Hagrid respondeu:

- Não posso hoje, senhoras. Estou a serviço de Hogwarts! - disse dando uma palmada no ombro de Harry, o que fez os joelhos do garoto dobrarem e ele xingar mentalmente o meio-gigante por não saber reconhecer a própria força.

- Meu Deus! - exclamou o barman olhando Harry dos pés a cabeça - É... será possível?

O Caldeirão Furado repentinamente parou e fez-se um silêncio total. Prevendo um futuro próximo desagradável para ele, Harry abaixou a cabeça, inconscientemente escondendo sua cicatriz, e agarrou uma das mãozorras de Hagrid o puxando com força - mesmo que para o maior parecesse um puxão de leve.

- Hagrid, tia Petúnia não vai gostar que eu chegue tarde em casa. Será que podemos ir logo comprar meus materiais? - Harry falou com a voz mais inocente e pidona que ele conseguiu.

- Ah, sim! Tem razão Harry, precisamos nos apressar. Até mais tarde Tom, senhoras. - respondeu acenando para o barman e para as velhas respectivamente.

Enquanto seguiam para os fundos do local, Harry sentiu um frio na espinha e girou rápido o suficiente para ver um vislumbre de um par de olhos vermelhos o encarando, antes de ser empurrado para fora do lugar. Eles chegaram a um beco cheio de latas de lixo e um pouco de mato, e Harry duvidou que esse pudesse ser o "Beco Diagonal".

- Hagrid, você sabe quem era o homem com o turbante roxo?

- Turbante? Deve ser o professor Quirrell. Coitado. Um homem brilhante, definitivamente, mas quando resolveu abandonar a teoria dos livros e se aventurar na prática da vida real, acabou tendo um encontro com um vampiro que o mudou para sempre. Hoje em dia o pobrezinho não consegue parar de tremer ou falar sem gaguejar. Mas por que a pergunta repentina?

'O homem que me encarava não parecia ter medo da própria sombra, ele parecia bem seguro de si, e um pouco assustador também...' o mais novo pensou com um arrepio ao lembrar dos olhos carmesins. Após alguns segundos apenas, ele registrou a pergunta de Hagrid.

- Ah, por motivo nenhum, apenas o vi no bar. Ele era o único usando um turbante, fiquei curioso.

- Tudo bem então... - Hagrid murmurou distraído enquanto examinava alguns tijolos na parede por cima da lata de lixo. Quando ele pareceu achar o que procurava, exclamou - Certo! Chegue para trás, Harry.

Ele bateu na parede em um padrão com a ponta do guarda-chuva e o tijolo que tocou estremeceu, e depois torceu. No meio apareceu um buraquinho, que se foi alargando cada vez mais até que se viram diante de um arco grande o bastante até para Hagrid. Depois do arco havia uma rua cheia de lojas barulhentas com fachadas brilhantes e chamativas.

- Seja bem-vindo ao Beco Diagonal, Harry!

Harry não pode segurar sua máscara indiferente em face da visão exibida, o lugar era realmente impressionante.

- Vamos! Antes de começar as compras vamos precisar do dinheiro. - Hagrid anunciou. Eles andaram por várias lojas que interessaram o garoto, principalmente a loja de livros, até chegarem ao seu destino. Harry escrutinou o grande edifício impressionado, Hagrid, vendo a expressão do mais novo, informou onde estavam - Gringotes, o banco bruxo.

A dupla subiu degraus de pedra branca e passaram por um pequeno ser, "Um duende" Hagrid avisou, até chegarem a um grande saguão de entrada com vários outros duendes contando dinheiro e pesando joias, e filas e filas de bruxos impacientes.



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¹ Talvez não seja tão interessante assim mas... o condutor do Nôitibus é Stanislau Shunpike, Venceslau tem uma pronúncia parecida com Stanislau. Shunpike significa "evitar deliberadamente estradas que exigem pagamento de uma taxa ou pedágio", e Skorokhod pode significar "um trabalhador que dirige em alta velocidade" em ucraniano (não tenho confirmação dessa informação) ou "corredor", literalmente, alguém que corre, em russo (segundo o Sr. Google Tradutor).

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2130 palavras. Acho que esse foi o menor capítulo que eu escrevi, não tenho certeza.

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Lorde ApolloWhere stories live. Discover now