Arco 1 - Capítulo 16

1.1K 130 6
                                    

Harry dormiu profundamente naquela noite e felizmente teve o dia seguinte para descansar, mas quando chegou a noite, ele foi visitado pelas duas entidades que o escolheram em seu sonho. Ele estava de volta ao escritório falso, e Hades e Hecate estavam sentados em poltronas o esperando. Parece que a morena decidiu que esse lugar é melhor do que a sala branca.

- Boa noite Apollo.

- Lady Hecate. Lorde Hades.

- Ficamos devendo de lhe ensinar como utilizar as relíquias que agora fazem parte de você - Hades foi direto ao ponto - Um ritual seria necessário para que elas se fundissem à sua carne e trabalhassem em conjunto com sua pessoa, indo diretamente a você quando quisesse. Porém, como eu o abençoei antes de ter conseguido as relíquias e já é considerado o Mestre da Morte, mesmo que não esteja completo, o ritual não será necessário.

- Ok. Isso é bom, eu acho. Mas eu também deveria ser explicado sobre minhas responsabilidades com meu novo cargo, lady Hecate disse que você me explicaria melhor.

- Sim. Você deve cumprir algumas missões diariamente, semanalmente e anualmente. Elas variam em dificuldade de acordo com a quantidade de vezes que devem ser repetidas, por exemplo: missões semanais devem ser mais simples, enquanto missões anuais serão mais complexas.

- E o que são essas missões exatamente?

- Você sabe qual é o trabalho de Thanatos?

- Hmmm... Coletar almas?

- Sim, sua missão semanal é ajudar Thanatos na coleta de almas, não no mundo inteiro - ele disse e viu o menino suspirar aliviado - Seria difícil para um adolescente viajar semanalmente pelo globo terrestre, completamente sozinho. Não, você só precisa ajudar a coletar as almas na região da Grã-Bretanha, já que é seu local de nascença e está mais fácil para você. Porém, quando você for maior e estiver com seus poderes completos, eu posso pedir para que você viaje o mundo à procura de almas perdidas.

- Eu... Entendo. Mas como eu coleto uma alma?

- Thanatos vai ensiná-lo quando forem trabalhar juntos pela primeira vez.

- Certo... O que mais eu devo saber?

- Suas missões diárias são simplesmente momentos de meditação ou pequenos sacrifícios que você deve fazer, assim sua magia se mantém forte e sua conexão comigo também. Trabalhos anuais serão durante o Samhain, você deve preparar o ritual e ajudar seus colegas a reverem seus mortos. Você deverá ter forças para abrir a barreira entre os planos e deixar que as almas dos antepassados saiam por meio de você, e que suas formas fantasmagóricas possam conversar com seus entes queridos.

- E-eu posso fazer isso? Conjurar uma alma do além e conversar com ela cara a cara?

- Sim, mas por enquanto, somente durante o Samhain. Quando seus poderes estiverem completos, você será capaz de fazer isso diariamente.

- Isso é incrível!

- Harry - Hecate o chamou com um sorriso gentil - Deixando de lado suas responsabilidades como Mestre da Morte, vamos falar sobre seu trabalho como um Lorde Gris. - o menino se ajeitou em seu assento e prestou atenção no que a mulher falava - Você tem feito um trabalho esplêndido até agora e acredito que quando voltar das férias terá novos seguidores marcados, certo?

- Sim, Hermione e Neville... Eu só não tenho certeza se eles aceitarão tudo isso, principalmente Neville, com a história dele com Voldemort...

- Entendo, mas sei que você será capaz de convencê-lo. Além disso, sobre as tatuagens que você viu em Voldemort, elas são como "previsões do futuro", são mensagens que ele consegue através de mim do que pode vir a acontecer. Para conseguir se comunicar comigo assim, você terá que realizar alguns rituais antigos misturados com aritmância, então aconselho que você comece a estudar agora.

- Sim senhora.

- Acredito que isso é tudo - Hades falou se levantando de sua poltrona - Agora você deve voltar ao seu mundo e cumprir seus objetivos, em breve Thanatos fará contato com você, então fique atento.

Com seu último aviso, o homem estalou os dedos e Harry foi arremessado de volta para o seu corpo. O menino abriu os olhos de repente e se viu deitado em sua cama na mansão Riddle, ele suspirou e levantou da cama se espreguiçando. Depois de fazer sua rotina matinal e comer seu café da manhã, o menino seguiu para o escritório de Voldemort, determinado a fazer o homem ensiná-lo sobre aritmância e rituais antigos.

Os dias se passaram em um ritmo calmo, mas Harry se viu constantemente ocupado com seus trabalhos e novas atividades referentes ao que Voldemort lhe ensinava. O garoto, no entanto, esteve fazendo os rituais e meditações necessários diariamente, e a magia cantante ao seu redor lhe deixava claro que Hades estava contente com suas ações.

Quando finalmente a carta de Hogwarts para seu segundo ano chegou, Harry viu uma oportunidade para se encontrar com seu padrinho e pediu para Edwiges entregar uma carta a Sirius, o convidando para acompanhar o garoto na sua compra de materiais. O homem não demorou para responder e logo Harry, Sirius e Remus se encontravam caminhando pelo Beco Diagonal como uma família, como deveria ser.

Eles compraram vários materiais da melhor qualidade em diversas lojas e o lorde Black descobriu que Harry já possuía o anel de herdeiro Black, o homem ficou alegre ao saber. Quando entraram na loja de livros, os três ficaram surpresos com a quantidade de pessoas no lugar, mas logo ficaram sabendo que aquilo era por culpa de Gilderoy Lockhart, o autor da maioria dos livros de Hogwarts nesse ano, e também de séries de livros sobre suas aventuras corajosas e obviamente falsas.

Os três reviraram os olhos e já iam sair da loja quando alguém puxou Harry pelo braço e o arrastou para frente da multidão de pessoas na loja, e um fotógrafo que pulava de um lado para o outro procurando o melhor ângulo e soltando centenas de fotos.

- Minhas senhoras e meus senhores - Lockhart começou a falar - Que momento extraordinário este! O momento perfeito para anunciar uma novidade que estou guardando só para mim há algum tempo! Quando o jovem Harry entrou na Floreios e Borrões hoje, ele queria apenas comprar a minha autobiografia.

O moreno olhou para o homem como se ele fosse louco - e provavelmente era mesmo - e tentou se afastar, mas Lockhart agarrou seus ombros com força e não o deixou fugir.

- Com a qual eu terei o prazer de presenteá-lo agora. - o homem continuou e a multidão aplaudiu - Ele não fazia ideia - Lockhart apertou os ombros do menino com mais força e Harry agora se encontrava recitando, em sua mente, uma série de feitiços malignos que queria usar contra o homem, mas se segurou e respirou fundo - que em breve estaria recebendo muito, muito mais do que o meu livro "O Meu Eu Mágico". Ele e seus colegas irão receber o meu eu mágico em carne e osso. Sim, senhoras e senhores, tenho o grande prazer de anunciar que, em setembro, irei assumir a função de professor de Defesa Contra as Artes das Trevas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts!

A multidão aplaudiu estrondosamente, e Harry, em seu choque com a notícia, mal percebeu quando o idiota pomposo colocou uma pilha de seus livros em seus braços. Saindo de seu transe, Harry saiu do palco onde Lockhart ainda fazia seu papel de imbecil e caminhou até seu padrinho. Porém ele foi parado no meio do caminho por um grito familiar e se virou para encontrar seu estrategista.

- Harry! O que aconteceu? Você não respondeu nenhuma de minhas cartas por semanas e ninguém teve notícias suas, então de repente Draco enviou cartas para todos dizendo apenas que você estava bem e que explicaria tudo depois.

- Ah, Ron, sinto muito, aconteceu tanta coisa que não tive tempo de responder a todos devidamente. Mas antes, pode segurar isso para mim? Sim, obrigado. - Ele colocou a pilha de livros nos braços do ruivo que não prestou muito atenção no que estava fazendo - Como Draco disse, explicarei melhor depois, mas apenas quando estivermos todos juntos, okay?

- Ah, entendo...

- Irmãozinho! - duas vozes falaram em uníssono e logo Harry se viu sendo pressionado por duas figuras ruivas idênticas.

- Haha, olá meus gêmeos, há quanto tempo.

- Achamos que você tinha sido...

- Engolido por um basilisco e por isso...

- Não conseguiu responder nenhuma de nossas cartas. Imagine...

- A mais nova aventura do herói do mundo bruxo...

- Lutando contra uma fera mortal com centenas de anos, em sua tenra idade de doze anos...

- Oh grande herói! Sua lenda será contada por gerações!

- Vocês são inacreditáveis, de onde tiram essas ideias? - Harry riu e os ruivos o acompanharam.

Ele olhou ao redor e viu o resto da família ruiva atrás dos meninos. Ele acenou com a cabeça e cumprimentou a família:

- Senhor e senhora Weasley, é um prazer revê-los.

- Ah jovem Potter-Black, o prazer é todo nosso - Arthur falou por todos, e em seguida, Harry também cumprimentou a filha mais nova dos Weasley e Percy.

- Sirius! Remus! Eu não os vejo desde... - Molly Weasley começou a falar ao ver o casal, mas parou de repente, cabisbaixa.

- Olá Molly, realmente faz muito tempo - Remus falou gentilmente.

Antes que qualquer um pudesse falar mais alguma coisa, foi ouvido um grito chamando "HARRY!" e logo uma figura de cabelos platinados e olhos cinzentos se lançou nos braços do menino moreno. Harry riu contente enquanto abraçava Draco com força e viu os olhares esbugalhados dos adultos e da Weasley mais nova, que não sabiam como o Malfoy era com seu amigo.

- Draco! - uma voz autoritária repreendeu não muito atrás do loiro e Harry sentiu seu amigo ficar tenso em seus braços, enquanto Lucius Malfoy se aproximava.

Harry afastou Draco gentilmente e o passou para os gêmeos, ele então sorriu educadamente enquanto mantinha uma postura digna de um herdeiro puro-sangue, e se aproximou do loiro mais velho.

- Lorde Malfoy, acredito que ainda não fomos devidamente apresentados. - ele estendeu uma mão para o homem, que arqueou uma sobrancelha, mas segurou logo em seguida - Eu sou Harry James Potter-Black, herdeiro das antigas e nobres casas Potter, Black e Peverell.

- Peverell? - o homem perguntou espantado. Ele olhou para a mão do menino onde Harry deixou que aparecessem seus anéis de herdeiro, mas Lucius franziu o cenho quando viu apenas dois anéis. - Eu não entendo, você só tem dois anéis.

- A família Peverell não possui anéis de herdeiro, apenas de lorde, que eu possuirei assim que completar quinze anos. Assim como também serei lorde Potter. - quando o jovem terminou de falar, os olhos do Malfoy mais velho brilhavam de interesse.

- Bem, acho que também devo me apresentar. Eu sou Lucius Abraxas Malfoy, lorde da antiga e nobre casa Malfoy. É um prazer conhecê-lo herdeiro Potter-Black.

Os dois apertaram as mãos e se separaram com sorrisos igualmente educados, como se tivessem sido ensinados desde o nascimento a forma certa de sorrir. Harry tentou se manter firme naquela conversa extremamente educada, para manter a atenção do lorde loiro longe dos outros no recinto. Mas quando Sirius fez um som bem parecido com o de um rosnado de cachorro, o lorde Malfoy se virou novamente na direção dos outros com um sorriso bem mais forçado.

- Ah, Lorde Black, senhor Lupin. - ele cumprimentou os dois com a cara fechada e recebeu acenos de cabeça e um coro de "Lorde Malfoy". Mas logo o loiro se virou para a família ruiva e seus olhos pararam no patriarca que o olhava com irritação - Ora, ora, ora, Arthur Weasley.

- Lucius - disse o Sr. Weasley, dando um frio aceno com a cabeça.

Os dois homens passaram a trocar insultos um contra o outro, e após alguns minutos, todos se assustaram e não sabiam se era mais pelo caldeirão de Ginny que saiu voando, ou por Arthur ter se atirado contra o lorde Malfoy, derrubando-o contra uma prateleira. Os homens passaram a trocar socos no estilo trouxa e os gêmeos começaram a gritar "Vai! Pega ele! Um soco de direita, um gancho de esquerda, vamos, vamos!"

A Sra. Weasley gritava "Não, Arthur, não". Harry pinçou a ponte do nariz desacreditado com as ações dos mais velhos, e Draco estava com a boca tão escancarada que seria cômico se eles não estivessem a ponto de serem expulsos da loja. Ouviu-se um limpar de garganta e todos olharam para Remus, os dois homens continuavam lutando então o lobisomem precisou se fazer ouvir por sobre o som dos socos.

- É uma vergonha ver como dois senhores de antigas famílias puros-sangues estão agindo como crianças. - os dois homens pararam e olharam para o lobisomem, que arqueou uma sobrancelha - É esse o tipo de exemplo que vocês dão aos seus filhos? Parece que os adolescentes aqui têm mais maturidade que vocês dois.

Harry sorriu ladino e olhou para Remus de canto de olho, ele não tinha tanta intimidade com o homem, mas agora tinha certeza que o Lupin era alguém interessante e ele gostaria de ter um homem que consegue parar uma briga apenas com palavras e com sua presença, como amigo. O Sr. Weasley estava tão vermelho quanto seus cabelos quando se afastou do loiro, enquanto o Sr. Malfoy também parecia levemente corado.

Limpando suas vestes e levantando a cabeça de forma pomposa, ignorando os machucados em seu rosto e o cabelo bagunçado, Lucius chamou Draco para saírem da loja. O loiro mais novo olhou para seu lorde uma última vez e o abraçou dizendo:

- Vamos nos ver no trem para Hogwarts?

- É claro - Harry respondeu com um sorriso e acariciou os cabelos do mais baixo. Ele então falou em um sussurro que sabia que só Draco e seus outros seguidores podiam ouvir - Eu preciso ter meu braço direito ao meu lado em todos os momentos, não seria uma briga estúpida entre adultos que faria eu me afastar de você - ele sorriu para o loiro, que sorriu abertamente para ele. E em seguida falou com um sorriso maroto e em um tom mais alto, para todos ouvirem - Você cresceu bastante durante as férias, mas ainda vai levar um tempo pra alcançar minha altura, baixinho.

- Calado, Potter-Black. - Draco respondeu corando, e com um olhar superior, ele virou as costas e foi até seu pai.

Harry riu, mas logo se acalmou e se despediu dos Weasleys puxando seu padrinho e Remus para fora da loja. Quando os três já estavam bem longe, Ron ouviu seus irmãos rindo e quando Ginny tocou em seu braço, ele percebeu que ainda segurava os livros que seu lorde tinha lhe entregado.

- Parece que Harry...

- Te deixou um presente irmãozinho.

Ron corou e praguejou baixinho, mas não soltou os livros, sabendo que seu senhor tinha feito isso de propósito, para lhe ajudar e ao mesmo tempo se livrar dos presentes de Lockhart. Já longe da loja, Harry caminhava com seus padrinhos e ria do que tinha acontecido, quando ele se esbarrou sem querer em uma figura mais baixa e com muito cabelo.

Ele mal teve tempo para racionar antes que já estivesse ouvindo um sermão de Hermione sobre o seu sumiço. Harry continuou ouvido Hermione por uns bons dez minutos, enquanto Remus e Sirius conversavam com o Sr. e a Sra. Granger; quando a menina finalmente terminou o sermão, Harry prometeu que explicaria tudo no trem e depois se despediu da família.

Suspirando de cansaço, o menino foi para a sorveteria e se sentou em uma das mesas do lado de fora. Os dois adultos com ele o acompanharam e sentaram do outro lado da mesa, olhando para o mais novo com preocupação.

- Você tem muitos amigos - Remus quebrou o silêncio.

- Sim... - Harry sorriu um pouco menos cansado.

Remus sorriu para os dois e disse que iria pegar alguns sorvetes para eles, Sirius sorriu em agradecimento para seu parceiro e depois se virou para seu afilhado, segurando sua mão sobre a mesa e procurando ajudá-lo de alguma forma.

- O que foi filhote? O sermão foi tão ruim assim?

- Haha... - o menino riu e depois mordeu o lábio inferior pensativo.

Ele sabia que Sirius era um seguidor de Dumbledore, e o menino estava aproveitando essa oportunidade para conseguir separar um pouco seu padrinho das ideologias do velho. Ele olhou nos olhos gentis do homem que esperava sua resposta pacientemente, e então decidiu que sabia o que fazer para afastar Sirius da cabra velha. Talvez ele só não gostasse muito do que poderia acontecer depois... Lupin voltou trazendo três sorvetes e se sentou novamente. Então Harry limpou a garganta e começou.

O menino contou aos dois tudo o que aconteceu em sua vida desde que seus pais morreram, apenas excluindo as partes sobre seus encontros com os deuses e seus títulos de escolhido, além, é claro, de sua relação com Voldemort. Quando terminou, os dois homens o olhavam estáticos, e apenas os leves tremores nas mãos de Sirius e os olhos de Remus brilhando em dourado, declaravam a real emoção dos dois.

- Hm... Acho que isso é tudo... - Harry falou enquanto comia seu sorvete.

- Aquele... Verme maldito, filho da p-

- Sirius!

- Desculpa. - o homem colocou as mãos sobre a cabeça e passou os dedos entre os fios de cabelo, bagunçando seu belo penteado - Mas... Eu não entendo, quer dizer, eu já estava irritado com Dumbledore desde soube que ele o deixou com Petúnia, mas agora isso! O velho enlouqueceu! Trasgos e um Cérbero na escola? Voldemort estava lá também, e o velho sabia e não fez nada, e deixou o maldito escapar impune!

Harry ficou em silêncio enquanto escutava seu padrinho praguejar e amaldiçoar Dumbledore até o fim do mundo. Remus também se manteve quieto, seus olhos fixos no mais novo, até que o lobisomem respirou fundo e se acalmou, virando para Harry e perguntando o que o esteve preocupando durante toda a explicação.

- Filhote, tudo o que você disse é verdade, eu pude sentir o seu cheiro e ouvir seus batimentos cardíacos. Mas por que... Por que você omitiu certas partes da história, e até mesmo mentiu em algumas? Você não confia em nós?

Isso foi o suficiente para fazer Sirius calar boca e Harry tossiu com força, tendo se engasgado com o sorvete depois do que ouviu. O menino olhou para o lobisomem de olhos arregalados, mas então balançou levemente a cabeça e baixou o olhar.

- Eu... não é que eu não confie em vocês, porém... - ele parou e respirou fundo, afastando seu sorvete que estava pela metade, agora sem fome e se sentindo levemente enjoado - Eu não sou a pessoa mais... inclinada para a luz, se é que me entendem. - os dois homens arquearam as sobrancelhas confusos e Harry continuou. - Bem. Eu não posso dizer que confio totalmente em vocês.

"Vocês têm sido fiéis a Dumbledore desde sua infância, mas eu não tenho qualquer apreço pelo velho manipulador e preconceituoso. Eu sou um sonserino, se vocês não sabem..." os homens arregalaram os olhos, mas não disseram nada "Eu tenho certos ideias e pensamentos que não condizem com o que a luz acredita, e fico triste ao ver tantos bruxos como eu sendo exilados por serem mais... conservadores dos antigos costumes.

"O que quero dizer é que, as partes da história que eu não contei a verdade, ou que eu omiti, são as partes que eu acredito que vocês não gostariam muito. Quer dizer, eu acabei de conhecê-los, são minha única família e eu não quero perdê-los novamente por meus ideias, digo... Eu não sei, eu vou contar toda a verdade depois, só... Só não agora..."

Os dois homens se entreolharam e suspiraram antes de voltar para o mais novo. Cada um segurou uma das mãos de Harry, que estava com a cabeça baixa, e depois Remus falou com um tom gentil e acolhedor:

- Harry. - o menino levantou a cabeça e olhou para ele - Não importa o que você fizer, ou em que você acredita, como você disse, nós somos sua família e continuaremos te amando de qualquer forma.

- Acho que a parte de ser um sonserino nos chocou um pouco - Sirius riu levemente - Mas você deve entender filhote, você deve ser o primeiro Potter a ser escolhido para a casa das cobras.

- Bem... Eu também sou parte Black - Harry falou sorrindo minimamente e Sirius confirmou com a cabeça.

- Com certeza, qualquer pode ver o sangue da minha família em você. Mas de qualquer forma, nós não nos importamos se você não é totalmente inclinado para a luz, pelo amor de Merlin filhote, eu sou um bruxo das trevas desde que nasci, está no meu sangue, e Remy é um lobisomem - Sirius falou essas partes quase sussurrando, para apenas os três na mesa ouvirem - Mesmo quando estivemos na Ordem da Fênix, um tipo de comensais da morte, só que do lado da luz, os bruxos da luz sempre nos olharam feio.

- Nem todos são assim - Remus falou no mesmo tom de voz - Os Weasleys e seus pais sempre nos aceitaram, mas a verdade é que a maioria dos bruxos da luz são preconceituosos. Mas nós podemos falar o mesmo dos bruxos das trevas...

- Não tem nada de errado com os antigos costumes - Sirius continuou - Ouvi dizer que quando Voldemort assumiu o cargo de Lorde das Trevas, ele tinha boas ideias e planos para o mundo bruxo. Porém, em algum momento o homem enlouqueceu e passou a pregar ideologias extremistas e preconceituosas. O lado das trevas já foi bom, mas agora não passa de extremistas puros-sangues que querem afastar qualquer nascido-trouxa do nosso mundo, como se eles também não fossem bruxos.

- Ambos os lados tem pontos bons e ruins - Harry falou agora - E por isso eu não faço parte de nenhum dos dois lados.

- Espera - Sirius falou confuso - Achei que você tivesse dito que está do lado das trevas.

- Não, não, eu nunca poderia assumir o pensamento de que nascidos-trouxas são menos que lixo como alguns extremistas dizem. Minha mãe era nascida-trouxa, minha amiga Hermione é nascida-trouxa, e eu também não sou um puro-sangue. Não, na verdade eu não sou luz nem trevas, estou no centro, neutro. Eu sou um bruxo gris.

- Um o quê? - os homens falaram ao mesmo tempo e o mais novo riu.

- Gris, cinza, neutro, chame como quiser. Não tem uma identificação exata pra esse tipo de bruxo, mas basicamente é alguém que o núcleo não é totalmente luz, nem trevas, está no centro, e suas ideologias também. Eu quero resgatar os antigos costumes, mas também quero trazer novo sangue à comunidade mágica, com os nascidos-trouxas.

- Isso é... interessante - Lupin falou pensativo.

- Você conhece outros bruxos grises filhote?

- Alguns, mas com a guerra entre luz e trevas, eu prefiro manter os nomes deles em anonimato, se não se importam.

- Tudo bem, eu entendo.

Os dois homens continuaram pensativos por alguns minutos, mas logo Sirius virou para Harry novamente com uma pergunta inesperada.

- Ah, filhote. Você não explicou bem como conheceu Marvolo Riddle. Quem é ele exatamente? Não é um sobrenome bruxo, então ele deve ser mestiço ou nascido-trouxa, não é?

- Ele é mestiço, mas... - dessa vez o menino puxou sua varinha e fez um feitiço de silêncio ao redor deles. - Vocês precisam me prometer que não dirão a ninguém sobre quem ele é, até que ele mesmo decida se revelar.

- Do que está falando filhote?

- Prometam. - o menino falou firme e depois de alguns momentos, os dois homens prometeram e a magia cantou ao redor deles - Bem, Marvolo é filho de Tom Riddle, mas acredito que vocês o conhecem por outro nome...

Harry puxou o diário que Voldemort lhe deu de seu casaco, ele sempre levava para onde quer que fosse. Ele abriu na primeira página e os homens viram a inscrição na contracapa, mas não comentaram. Harry escreveu o nome "Tom Marvolo Riddle" na primeira página e mostrou para os homens, que apenas olharam confusos. Então o menino fez um feitiço de anagrama e as letras se misturaram, formando uma frase que deixou os dois homens extremamente pálidos.

- Voldemort? Harry, o q-

- Por favor, não o julguem por causa de seu pai, Marvolo é uma pessoa totalmente diferente - e realmente era, o novo Voldemort não lembra em nada o monstro que ele já foi um dia, e Harry não precisou mentir quando o descreveu aos homens - Ele é inteligente e charmoso, é bem sério, mas as vezes deixa seu humor sarcástico transparecer. Não vou dizer que ele é um homem bom... todos têm seus defeitos e mesmo eu já fiz coisas que me arrependo... - ele abaixou os olhos e sentiu uma mão sobre cada uma das suas.

"Mas ainda assim, Marvolo esteve do meu lado nos meus piores momentos, desde que o conheci" o menino continuou, falando com determinação "Como puderam ver no diário, nos tratamos como se fossemos irmãos. Ambos somos órfãos e entendemos a dor um do outro. Ele me ensina sobre os antigos costumes e me ajuda com os feitiços que aprendo em Hogwarts. Marvolo é meu melhor amigo, e eu o considero meu irmão em tudo, menos sangue"

Os homens estavam espantados com o discurso do mais novo, mas apenas sorriram em aceitação e abraçaram o menor. O resto de seu tempo juntos foi bastante calmo, e Harry sentiu como se um peso fosse retirado de suas costas. Quando anoiteceu, ele se despediu dos homens e foi pelo Flu no Caldeirão Furado para a mansão Riddle.

O menino jantou e se despediu de seu irmão sem muitas conversas. Chegando ao seu quarto, Harry se lançou na cama sentindo o cansaço do dia o alcançando e antes que percebesse, o menino dormia profundamente.

----

4247 palavras. Acho que nunca escrevi e corrigi um capítulo tão rápido antes, fiz tudo hoje e deve ter vários erros que eu deixei passar 😅

De qualquer forma, curtam e comentem 😁

Lorde ApolloWhere stories live. Discover now