Capítulo 8 :

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ARTHUR

Tenho que confessar, a Priscila é muito inteligente e capaz, mas também tem a sorte de ser filha de um dos melhores juristas do país, aí fica mais fácil. Ela fala compulsivamente. Sou advogado, adoro o que faço, mas existem momentos que gostaria de falar sobre qualquer coisa, menos sobre processos, réus, acusados, e essa porra toda. É estressante namorar com uma advogada, acabamos só falando sobre esses assuntos, nunca relaxamos.


Fazemos nossos pedidos e peço um vinho para relaxar. Essa mulher me estressa, me deixa tonto, ela fala demais. Olho um pouco para as mesas ao nosso redor, para relaxar, tirar um pouco o foco do que a Priscila fala, e então eu a vejo. A Carla está acompanhada da Carolina, as duas estão almoçando sozinhas. Penso um pouco, será que a Carla e a Carolina...? Será? Porra, que desperdício! Aquela mulher maravilhosa... Penso desanimado.


Priscila: Arthur, você ouviu o que eu te disse?! — Ouço a voz estridente da Priscila, volto a olhá-la rapidamente.


Arthur: Claro! — Bebo um gole de vinho.


Priscila: Então, do que eu falava? — Ela diz com a testa franzida, e uma expressão brava.


Arthur: Sobre o caso... — falo displicente.


Priscila: Eu pedi sua opinião, amor, por favor?


Ela me olha com seus olhos pidões, carentes, insuportáveis. Por que será que não aguento mais a Priscila, meu Deus?


Arthur: Eu faria... — Dou minha opinião rapidamente, não ouvi o que ela disse. Mas, falo o que faria apenas para me livrar dela.

Priscila: Por isso que eu te amo! Você é o melhor, sabia? — Ela pega em minha mão por cima da mesa e a acaricia.

Arthur: Obrigado! — Sorrio para ela.


Vejo a Carla e a Carolina se levantarem e seguirem animadas para a rua. Caralho, será que a Carla gosta de mulher também?

Priscila: Tudo bem, Arthur? O que você está olhando? — Ela vai olhar, mas puxo seu rosto e beijo-a rapidamente.

Arthur: Só um cliente, mas deixa para lá, não vou atrás dele, é constrangedor. — Ela sorri e acaricia meu rosto.


Priscila: Vamos tentar jantar hoje à noite, quero ir a um restaurante bem romântico, estou sentindo falta disso, estamos distantes.


Ela me olha feito uma cadelinha carente e mal-amada. Talvez seja verdade, ando sem saco para a Priscila, prefiro qualquer outra mulher, menos ela.

Arthur: Vamos sim. Mas desta vez, por favor, espere eu chegar, não fique me mandando mensagens, ou fazendo ligações, eu odeio isso, Priscila! — falo tenso. Ela se arruma na cadeira, parece magoada.


Priscila: Eu te amo, Arthur! Muito, demais, sabia?! — Ela me encara com seus olhos grandes e azuis.


É engraçado como podemos mudar a opinião sobre uma pessoa. Quando vi a Priscila pela primeira vez, a achei a mulher mais linda do mundo, aqueles cabelos escorridos, os olhos muito grandes e muito azuis, seu corpo alto e esguio, mas tudo é uma questão de ponto de vista. A beleza é relativa, pode ser alterada com o tempo, já não vejo graça nela, sua beleza externa é apenas um chamariz.

Arthur: Eu também! — Acaricio seu rosto. — Podemos ir? Estou com muitas coisas para fazer.


Priscila: Claro. — Ela sorri fraco.

CARLA

Procurei terminar nosso almoço sem olhar novamente para a mesa do Doutor Arthur, realmente ando insuportavelmente de baixo astral. Caminhamos em um silêncio confortável em direção ao escritório, então quebro o silêncio.


Carla: Carol, não sei que roupa vestir amanhã! — Olho para ela. — Você sabe, me visto parecendo uma artista plástica. — Torço meus lábios. — Não tenho roupas para trabalhar num lugar sofisticado como este. — Ela me olha longamente.


Carolina: E se fossemos hoje à noite fazer umas compras? Pelo menos para você sobreviver até o seu pagamento. — A olho desanimada.


Carla: Carolzinha, eu estou quebrada, não tenho limite nos meus dois cartões, estou com as faturas atrasadas, e usando o limite da minha conta corrente. Estou na lama, não posso gastar mais nada! A que ponto cheguei! Estou falida, completamente falida!


Carolina: Carlinha, aonde vai seu dinheiro? Sua tia, sua avó e sua mãe são aposentadas, o que acontece que você vive fodida?! — ela diz exaltada.


Carla: Carol, não sei se você me entende, mas não posso ficar pedindo dinheiro para minha avó e para minha tia para pagar as contas. Só minha mãe me ajuda, e ela ganha uma miséria de aposentadoria.


Carolina: Como assim, elas moram no apartamento que seu pai deixou para você e para sua mãe, e elas não precisam ajudar você em nada?


Carla: Oh, Carol, isso é tão complicado, elas são idosas!


Carolina: Ok, Carlinha, não posso me meter na vida de vocês, mas para mim aquela sua tia não tem nada de esclerosada. Ela é muito esperta, pega a pensão dela e de sua avó e enfia no bolso, e deixa vocês duas se ferrando. Odeio aquela velha! — ela diz possessa.


Carla: Vou pedir para minha mãe falar com elas, já pedi outras vezes, mas parece que nunca dá certo. Estou de saco cheio de tudo, Carol! — falo sem paciência. Ela coloca a mão em sua testa.


Carolina: Eu vou comprar algumas roupas para você, e você me paga quando puder. Tudo bem assim? — Ela me olha com carinho.


Carla: Não, não está tudo bem! — Fecho a cara. — Vou me virar com o que tenho, quando receber renovo meu guarda-roupa, não posso dever para mais ninguém, Carol! — falo chateada. — Estou devendo uma grana para o Renato, acho que está de bom tamanho!


Carolina: Ele não deveria cobrar nada de você, amiga! — Ela me olha chateada. — Ele está bem pra cacete, é o controller de uma empresa, você tem ideia quanto ele ganha?


Carla: Não, não tenho ideia, ele não fala sobre essas coisas comigo, mas não somos casados, certo? Não faz sentido o cara pagar minhas contas.


Carolina: Eu já paguei as contas de muitas namoradas e muitos namorados já pagaram as minhas. Quando a gente ama, a gente faz qualquer coisa pela pessoa, é assim que funciona o amor!


Ela me olha intensamente. Às vezes acho a Carol meio esquisita, mas melhor não pensar sobre isso.


Carla: É, cada pessoa ama de um jeito, Carol. O Renato me ama daquele jeito meio rústico! — Balanço a cabeça.


Carolina: Daquele jeito meio ogro, você quer dizer! — Ela ri. Dou risada.


Carla: Sim, ele é um ogro!!!

Passo minha mão por sua cintura a abraçando e seguimos em direção ao escritório, do mesmo jeito que fazíamos desde os nossos sete anos de idade.

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