Gentileza

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Tartaglia observava Lumine atravessar o pátio do palácio até o caminho que levava as masmorras do palácio Zapolyarny. Odiava e amava a presença diária dela nos arredores do palácio: amava por ela ser a jóia perfeita que ele almejava e odiava por saber que qualquer outro homem sequer a olhava, toda a guarda tinha ordens expressas dele pra jamais se aproximarem dela inapropriadamente e que garantissem que nenhum prisioneiro o fizesse. Ela sempre recusava educadamente qualquer presente e investida que ele tentasse o que só aumentava o desejo dele por tomar posse dela "você já me pertence Lumine... Quando todos os outros reinos me pertencerem você vai entender que jamais teve escolha" ele pensa ainda contemplando a visão da janela.

- Vossa alteza, devo permitir que a camponesa trate do assassino mais uma vez? - um dos servos questiona.

Tartaglia lança um olhar cortante, mais frio do que a neve que caia do lado de fora do palácio.

- O nome dela é Lumine e você não a chamará por qualquer outro nome a minha propriedade - a voz dele soa severa fazendo o servo se encolher - e deixe que ela cuide dele, não quero ele morto até descobrir quem foi o estúpido que o mandou até aqui.

- Como desejar vossa alteza - o servo diz saindo apressado.

Tartaglia volta a pensar sobre seus planos de conquista de outros reinos enquanto acaricia uma mecha fina de fios loiros, cortesia de um de seus súditos a quem ele pediu e pagou muito bem por aquilo.

Era uma mecha dos cabelos de Lumine.

***

- Senhorita Lumine - um dos guardas cumprimenta simpático.

- Bom dia Dimitri - ela cumprimenta.

- Acho que a senhorita vai ter trabalho com o estrangeiro - Dimitri comenta - ontem ele foi interrogado e irritou o príncipe.

- Bom... Acho melhor começa por ele então.

- Não entendo como consegue cuidar desses criminosos imundos - Dimitri diz.

- Eu não estou aqui pra julgar Dimitri, vossa majestade já faz isso - ela diz calmamente - estou aqui apenas pra garantir um pouco de decência e humanidade enquanto eles cumprem suas penas pelos crimes.

- A senhorita tem um bom coração - Dimitri elogia enquanto abre a cela do ruivo estrangeiro.

Lumine apenas sorri em agradecimento enquanto entra na cela. Diluc ouviu a última parte da conversa com atenção, entendo um pouco mais do por que a garota loira estava ali "então ela cuida de todos os prisioneiros no geral... Deve seguir as ordens do príncipe cegamente" ele pensa com amargura enquanto vê a mesma se aproximar devagar. Quando Lumine olha pro rosto dele, um arquejo chocado escapa de seus lábios, a boca se abrindo em um perfeito "O" enquanto ela se aproxima rapidamente dele.

- Pelos deuses! - ela exclama imaginando a dor.

Um hematoma violeta se estendia por todo o lado direito do belo rosto de Diluc, desde a têmpora até o queixo levemente inchado e dificultando a visão do ruivo. Sem pensar ela direciona a destra até o rosto dele, porém Diluc segura o pulso dela com força causando uma leve dor ali enquanto os dois se encaram mutuamente.

- Eu não vou machucar você, eu prometo - ela diz, a feição aflita pelo machucado dele - isso deve estar doendo muito, me deixe tirar sua dor.

O apelo na voz dela surpreende Diluc que solta o pulso da loira imediatamente, decidindo ficar quieto enquanto ela cuidava de seu rosto. As mãos gentis e suaves dela começaram a trabalhar no hematoma com cuidado enquanto o ruivo observava os olhos dourados concentrados e a testa levemente franzida em concentração da mesma, Lumine tinha cuidado ao tocar na pele machucada pra não causar ainda mais dor e procurava uma pomada específica pra aquele tipo de ferimento.

- Esta pomada é um pouco gelada mas vai ajudar a curar seu rosto mais rápido - ela diz - o ar frio daqui ajudou pra que não inchasse muito mas ainda assim a cor desse hematoma... Isso foi bem sério.

Ele nada diz enquanto ela cuida de seu rosto, os dedos dela são tão gentis que por alguns segundos Diluc fecha os olhos cedendo ao cansaço e a dor porém logo volta a ficar de guarda alta afinal aquela mulher ainda era uma serva do príncipe. Quando ela termina os olhos de ambos se encontram, e um arrepio percorre o corpo de ambos fazendo o rosto da loira ficar levemente rosado.

- Tem mais alguma ferida? Alguma menos visível? - ela pergunta desviando o olhar.

Silenciosamente Diluc se levanta e diante dos olhos arregalados de surpresa da loira ele tira a camisa expondo vários hematomas tão graves e até piores que os de seu rosto, Lumine sente seu coração apertar "deuses, como ele consegue ficar de pé? Isso deve doer muito" ela pensa voltando a trabalha tanto nos machucados que foram reabertos quanto nós novos hematomas que tomavam boa parte da pele clara do abdômen do ruivo.

- Você deve estar com muita dor em todo o corpo - ela diz baixinho.

- Não dói tanto como você pensa - Diluc surpreende ela falando pela primeira vez naquele dia.

- Claro que dói - a loira diz - você pode até aguentar e ficar de pé, mas sua pele estremece sempre que encosto neles. Não precisa fingir que não dói senhor Diluc, não pra mim.

- Você parece se importar muito com alguém que tentou matar seu precioso príncipe - Diluc retruca sarcástico.

- Eu não sei seus motivos e por mais que seja um crime o que tentou fazer, eu não concordo que alguém sinta tanta dor - Lumine diz imperturbavel - mesmo que te condenem a morte eu ainda assim não concordo, não acho que tirar uma vida resolve alguma coisa mas... Não sou ninguém pra mudar como o mundo funciona.

- Até onde você sabe eu sou um assassino a sangue frio - Diluc aponta categoricamente - que atentou contra a vida de alguém da família real do seu país e ainda assim você cuida dos machucados de alguém condenado morrer aqui?

- Não posso mudar seu destino final, mas posso diminuir sua dor até lá - ela diz inabalável diante dele - você ainda é um ser humano que precisa de cuidados.

O silêncio perdura enquanto ela termina os curativos no abdômen dele, Diluc refletia sobre a estranha mulher que cuidava dele.

- Vou deixar aqui algumas frutas, remédios pra diminuir a dor e água - ela diz tranquila - coma e durma, da pra ver que não tem dormido muito. Também não se exponha ao frio e tome os remédios pra dor por favor senhor Diluc, amanhã virei ver como está novamente.

Ele assente em silêncio vendo a mesma partir. Em silêncio ele engole o remédio pra dor e decide obedecer as recomendações da loira, quando fechou os olhos e dormiu sonhou com os olhos e cabelos dourados dela.

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Oe oe oe babys tudo bem com vocês? Lumine é tão anjo nessa fic que eu fico de coração quentinho, e nosso amado mestre Diluc aos poucos vai começar a confiar nela. Já o Tartaglia... Apenas creepy, nada a declarar sobre ele. Enfim se gostarem deixem a estrelinha e comentários beijos e até o próximo capítulo ❤️


Chamas Na NeveOnde as histórias ganham vida. Descobre agora