Confiança

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Já havia se passado uma semana e além de ter se recuperado dos ferimentos, Diluc também estava mais desconfiado do que nunca: continuava recebendo os cuidados de Lumine e buscava saber qual o objetivo do príncipe mandando ela cuidar dele, afinal durante aquela semana não havia sido interrogado ou torturado nenhuma vez sequer "ele pretende que uma mulher bonita me faça falar?" Ele pensa achando pouco provável que aquela fosse a resposta afinal era um plano muito falho. Ainda estava perdido em sua própria análise da situação quando ouviu passos pelo corredor e logo em seguida a moça de cabelos loiros entra em sua cela, ele não desvia seus olhos pra observa-la e mantém a guarda alta.

- Bom dia senhor Diluc? - Lumine cumprimenta - se sente melhor hoje?

Ele apenas lança um olhar neutro pra ela que começa a mexer na bolsa que carregava costumeiramente, parecendo totalmente alheia ao silêncio do ruivo. Diluc havia observado que ela havia começado a fazer perguntas inofensivas, porém mesmo que ele não desse uma resposta a loira não parecia se importar e continuava sendo gentil e paciente.

- Bom, eu notei que sua barba começou a crescer e que parece te incomodar - ela diz retirando algumas coisas da bolsa - então pensei em fazê-la pra você.

Diluc apenas a olha levantando uma sobrancelha, a loira entende rápido demais as implicações de sua própria fala.

- Em geral você mesmo poderia fazer mas como é um prisioneiro considerado muito perigoso não pode tocar uma lâmina - ela explica escondendo arrumando as coisas que precisaria - eu precisei de certo esforço pra conseguir permissão pra fazer isso e a condição é que eu mesma faça.

- Por que se importa tanto em gastar seu tempo com isso? - Diluc questiona.

- Todos os prisioneiros tem esse direito e você parecia muito desconfortável com a barba crescendo - ela diz tranquila - posso começar?

Diluc a observa desconfiado por alguns segundos, observando com a visão periférica que incrivelmente não havia um guarda ali. Ele pensou em continuar recusando porém era improvável que ela usasse a oportunidade pra mata-lo já que o príncipe poderia ter feito isso a qualquer momento e na quantidade de vezes em que ela o tratou poderia ter envenenado ele caso desejasse, por fim ele apenas deu um leve aceno positivo e ela se aproximou cuidadosamente.

- Eu serei cuidadosa - Lumine diz com voz suave enquanto se aproxima.

Diluc mantém seus olhos nela sem desviar enquanto a mesma espalha uma leve espuma pelo seu rosto que tem um cheiro peculiar de qixing, flores que ele sabia ser usadas pra fins medicinais e que vinham diretamente de Liyue "meio longe pra ela ter comprado a menos que seja bastante rica... Ou o príncipe paga muito bem a ela, talvez ela esteja recebendo muito bem pra tentar arrancar algumas informações sobre mim" ele pensa estreitando os olhos por alguns segundos. Apesar de manter a desconfiança, o ruivo não podia negar como Lumine era cuidadosa e delicada no que fazia e em como o pulso dela era leve quando fazia a lâmina deslizar pelo seu rosto. Ela tinha uma expressão concentrada com um leve vinco no meio da testa e os olhos firmes analisando seu próprio trabalho no rosto do homem bonito a sua frente.

O trabalho dela foi lento e contínuo, a lâmina deslizando devagar pela pele de Diluc pra logo ser limpa e voltar a remover os pelos incômodos de seu rosto.  Ao fim de tudo Lumine limpou todo resquício de espuma delicadamente com um tecido úmido do rosto do ruivo, os dedos dela tocando a pele agora suave dele enquanto ela tentava disfarçar o leve rubor que tomou suas bochechas quando notou o quanto ele estava ainda mais bonito de perto "deuses Lumine, seu trabalho aqui é só garantir os cuidados dele e dos outros ... Não importa o quanto ele é bonito eu não devo me meter nos assuntos do príncipe" ela se repreende em pensamento enquanto se afasta.

- Terminei - ela diz baixinho guardando as coisas em sua bolsa - acredito que vá ficar mais confortável assim.

- Obrigado - ele agradece em voz baixa.

Lumine fica surpresa com o agradecimento e olha diretamente pra ele, porém Diluc tinha virado o rosto a privando de ver sua expressão.

- Antes de ir eu queria checar aquele seu ferimento na costela - ela pede.

Diluc apenas puxa o tecido da camisa que usava pra cima revelando o curativo, quando sentiu os dedos da loira em sua pele um arrepio estranho correu pelo corpo dele. Lumine notando o leve tremor no corpo do maior toma aquilo como dor "estranho, o ferimento está quase cem por cento cicatrizado ele não deveria sentir tanta dor... Talvez ele seja mais sensível aos ferimentos do que demonstra" ela pensa trocando o curativo rapidamente e tomando o cuidado de aplicar uma pomada levemente anestésica que ela havia desenvolvido recentemente.

- Acho que por hoje está tudo bem, vou deixar alguns remédios pra dor aqui - ela diz - cuide-se bem senhor Diluc.

- Por que me chama assim? - ele questiona repentinamente de forma desconfiada.

- Esse não é o seu nome? - ela responde com um olhar de dúvida.

- Por que tanta educação e cordialidade com um inimigo do seu futuro rei?

Um olhar de compreensão ilumina o rosto da loira, e uma risada suave escapa dos lábios rosados da moça.

- Minha lealdade e compromisso não é com vossa majestade apesar de eu respeita-lo como soberano desse reino - ela diz tranquilamente - minha lealdade é com meu próprio coração e vontades, e ele me pede pra cuidar de quem precisa de cuidados tanto dentro dessa masmorra quanto fora dela senhor Diluc.

Com essa última frase ela sai deixando um gosto doce e amargo na boca de Diluc. Pro ruivo, Lumine era um quebra cabeça difícil de entender e por mais que ele tentasse juntar as peças nada parecia encaixar.

***

Enquanto saia pro pátio nevado do palácio Zapolyarny Lumine finalmente entendia a desconfiança no olhar do estrangeiro "ele pensa que estou ali a mando do príncipe pra lhe fazer algum mal" ela reflete distraidamente até ouvir uma voz atrás de si.

- Senhorita Lumine.

- Vossa majestade - a loira se curva respeitosamente.

- Gostaria que a senhorita me desse alguns minutos de seu tempo - Tartaglia pede direcionando um sorriso altivo pra loira.

- Como desejar vossa majestade.

A resposta educada e polida da loira acendeu os desejos mal reprimidos do príncipe "sim Lumine, se disponha aos meus desejos" ele sorri discretamente enquanto entra no palácio seguido por ela e pela guarda.


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Oe oe oe babys tudo bem com vocês? Senti um leve clima entre o nosso Diluc e a Lumine, será que foi só eu?  Diluc desconfiando mas querendo confiar e ficando mexido com a nossa Lumine que segue inabalável em fazer o que quer. Já o Tartaglia tá aprontando alguma, tá muito quieto pro nosso próprio bem. Enfim se gostarem deixem a estrelinha e comentários beijos e até o próximo capítulo ❤️

Chamas Na NeveOnde as histórias ganham vida. Descobre agora