Cura

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Diluc vinha sendo um perfeito cavalheiro nas últimas semanas e apesar de isso em si não surpreender Lumine, a doçura dos gestos dele eram a verdadeira surpresa. Perdeu as contas de quantas noites leram livros juntos e compartilharam histórias. Ele ouviu pacientemente todas as vezes que ela transbordou a tristeza e a dor que sentia, o medo que as vezes a dominava mesmo que soubesse que o príncipe estava morto e não podia machuca-la. O ruivo enxugou cada lágrima dela e apesar de silencioso sempre a abraçava após um pedido de permissão, era uma presença firme ali e cuidava dela com toda paciência do mundo não tentando nenhuma vez sequer beija-la e sendo como um amigo pra loira.

Ele a levava pra passeios sempre que podia: de um penhasco onde brotavam milhares de Cecílias que perfumavam o ar às ruínas tristes e belas da antiga Mondstadt, da taverna que lhe pertencia ao restaurante que mais gostava na cidade. Diluc lhe mostrou tudo o que havia de bonito ali e além disso ele apoiou cada coisa que ela expressasse a mínima vontade de fazer, como quando decidiu voltar a trabalhar como médica no intuito de ocupar a mente e trazer mais normalidade a sua vida ali: no outro dia Diluc a presenteou com livros de medicina e em uma semana ela já tinha seu próprio espaço no jardim onde plantava ervas medicinais de todos os tipos, desde as nativas de Mondstadt até às de outros países, tudo em prol de ter todo o tipo de remédio a mão. Pouco tempo depois ela já atendia as pessoas ali e foi muito bem acolhida não demorando até que todo o cidadão que tivesse problemas de saúde procurasse imediatamente por ela.

Ainda não se sentia pronta pra dar livre acesso a Diluc porém em alguns momentos ela simplesmente queria ceder e mesmo não o fazendo sentia seu coração acelerar, como naquele exato momento: Diluc estava com os cabelos ruivos soltos caindo sobre o seu rosto enquanto ele se mantinha inabalavelmente concentrado em sua leitura, a beleza dele naquele momento fez Lumine corar e seus dedos coçaram de vontade de retirar os fios escarlates que sabia serem sedosos do rosto dele porém se conteve. Ficou observando por mais alguns segundos antes de sua língua a trair e a frase escapar de seus lábios antes que pudesse conter.

- Por que deixa seu cabelo solto quando está lendo? Parece atrapalhar sua visão.

Ele levanta os olhos carmesins pra Lumine e a mesma pôde jurar que o rosto do ruivo ganhou um tom rosado, porém ele desviou o olhar antes que ela pudesse ter certeza.

- Atrapalha um pouco mas... Você parece gostar do meu cabelo solto - ele diz de forma quase tímida - então eu pensei que você gostaria que eu usasse eles soltos mais vezes na sua presença.

Se Lumine já não amasse o portador de fios escarlates, teria se apaixonado naquele exato momento. O coração dela disparou no peito "mesmo que o incomode ele está disposto a deixar o cabelo solto só por que eu gosto assim... Como pode existir alguém tão sério e tão doce ao mesmo tempo?" Ela pensa e sem se conter mais se levanta e caminha até ele pousando sua mão carinhosamente na bochecha direita dele, os olhos de ambos se encontrando antes da loira beijar da bochecha até o canto dos lábios de Diluc voltando a pousar a mão carinhosamente na pele lisa pelo barbear recente.

- Obrigado - ela diz baixinho - por tudo.

Dito isso ela sai dali fazendo Diluc sentir falta do calor das mãos dela no mesmo instante porém sentindo que avançava aos poucos, não importa quanto tempo levasse ele iria esperar até que ela estivesse pronta e até lá continuaria fazendo o possível pra ficarem na companhia um do outro.

***

Quatro meses depois...

- A senhorita já é uma médica muito popular aqui, todos elogiam sua forma de lidar com os pacientes - Adelinde comenta alegremente - parabéns por tudo isso senhorita Lumine.

Chamas Na NeveOnde as histórias ganham vida. Descobre agora