Acima Do Oceano [Concluído]

um garoto naufragado

[Santa Cruz Cabrália-BA, Brasil]

- MEU DEUS! COMO VOCÊ É UM GAROTO INÚTIL! - Gritava um homem mais velho pela manhã em seu restaurante com um de seus funcionários. Seu jeito agressivo assustava os outros funcionários que trabalhavam naquele local, uma coisa séria tinha acontecido para tanto escândalo, a coisa estava feia para o funcionário insultado.

- Sr. Ricardo, eu posso... Na verdade eu não posso dar uma boa explicação sabendo que eu estou errado. O meu nome é Jeovan Miles e esse era o meu primeiro emprego sendo garçom no restaurante 'Mangos', foi um bom emprego, motivos de eu estar sendo demitido ou dessa confusão toda? Eu simplesmente não acordo cedo e sempre acabo chegando atrasado. É um porre e já tô aceitando isso!

- SE VOCÊ NÃO SABE TER UM POUCO DE RESPONSABILIDADE, EU REALMENTE NÃO SEI O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI, ENTÃO É MELHOR VOCÊ PEGAR SUAS COISAS E IR EMBORA DAQUI! - Terminava-se o tumulto com o dono do restaurante saindo do lugar quase vermelho com os punhos cerrados após dar à sua última palavra à Jeovan que aceitava tudo sem revidar abaixando sua cabeça sentindo a culpa pesar em suas costas.

Ainda no restaurante Jeovan arrumava seus pertences e roupas de trabalho colocando-as em uma pequena caixa, em seguida às lacrando com fita adesiva. Ao fundo alguém conhecido do local aparecia para ver o seu estado.

- Como você está Jeovan? - Perguntava uma funcionária do restaurante, uma amiga de Jeovan.

- Mal Elena... Mais eu não posso reclamar, o Sr. Ricardo tem razão, eu tô errado nessa história toda. O ruim é que toda essa situação foi no meu primeiro emprego... Há! vai pegar mal se eu acabar conseguindo outro. - Jeovan ria no momento pra não chorar.

- Eu estava pensando em me demitir também, eu nem gosto de ostra ou peixe, quando a gente fica na recepção acabo ficando enjoada com o cheiro! - Confessa Elena um pouco triste por Jeovan ir embora do restaurante.

- Não faça isso por mim, não foi fácil nós dois conseguirmos os empregos, eu que fiz besteira, diferente de mim, você é incrível Elena e precisa ficar. - Pedia Jeovan a sua amiga pronto para sair do restaurante com os seus pertences em mãos.

- Jeovan? A gente se vê amanhã? Sabe... Amanhã tem "A noite de filmes". Na semana passada foi na minha casa, essa semana é na sua casa. - Lembra Elena á Jeovan que ria para ela saindo do restaurante, ele não tinha dado muitas dicas mais Elena sabia que ele lembrava.

***

Em vez de ir para casa, Jeovan andava pela beirada da praia que estava vazia sem rumo e com um pouco de medo de deixar sua mãe decepcionada, ele a amava muito então aquilo o deixava triste consigo. Ele senta na areia macia da praia para respirar um ar de forma profunda, soltando a caixa que segurava ao seu lado e enfim aproveitando o vento forte que deixava seus cabelos encaracolados esvoaçarem, o vento ainda tinha energia de sobra para debater entre sua camisa branca de forma constante, suas chinelas encaixadas entre os dedos também entravam silenciosamente pelos moinhos de areia amarelada, sua pele parda brilhava ao sol naquele dia, uma excencia jovial e bonita que o tal exalava pelos lados da praia sem nem fazer muito esforço.

- QUE INFERNOOOOOO!!! - Soltava Jeovan em um grito escruciante que ecoava por todo o mar assustando as gaivotas filhas da praia que descansavam por alí. Se debatendo na areia como um animal Jeovan expressava sua raiva com todas as suas forças até se acalmar depois de uns minutos, olhava o lado no longe notando um certo corpo jogado ao chão da praia, aquilo na sua visão não estava alí antes.

- Ei! Você tá bem? - Perguntava Jeovan gritando quase sem voz depois de seus leves surtos.

Ao ver que a pessoa não respondia ele corre rapidamente para ver o seu estado ou melhor ver se a pessoa ainda estava viva. Ele chega ao corpo vendo um garoto quase sem roupa, com apenas uns trapos velhos enrolados entre suas costas e quadris, Jeovan aproxima lentamente o ouvido perto da boca do garoto para ver se sentia a sua respiração, por um milagre o garoto ainda respirava deixando Jeovan mais aliviado.

- Parece que ele não é daqui. Me lembro de todos os rostos que moram no bairro e eu sei que nunca vi esse garoto aqui, eu me lembraria, ele é... Estranho. Acho que ele veio de um navio que naufragou, o mar deve ter o trazido. Mas é raro barcos naufragarem por esses águas baixas, aliás, não vejo nada de destroços pelos lados e nem outras pessoas que poderiam ter sido trazidas com ele, será que ele estava sozinho? Isso é confuso! - Tentava encontrar Jeovan possíveis soluções para aquela situação misteriosa. Enquanto várias coisas se manifestavam em sua mente, aquele cara possivelmente seria mais uma preocupação na lista para ele.

O vento estava mais calmo depois do fim do primeiro turno da manhã, deixando as ondas razas da praia espumantes e elegantes. Jeovan ainda alí esperava o garoto ao seu lado acordar para responder às suas várias perguntas, como o esperado o garoto misterioso finalmente abre os olhos levantando o corpo lentamente da areia que há tempos o pinicava.

- Acordou! Você tá bem? - Pergunta Jeovan. O garoto o olha de cima pra baixo com a cabeça perdida no tempo, olhando todos os lugares possíveis da praia enquanto sentia falta de algo.

- O importante é que você tá vivo, está a salvo! - Dizia Jeovan para acalmar o garoto que o olhava com medo. - Sabe de onde você veio? - Pergunta Jeovan trazendo consigo a atenção do garoto que o olhava de forma hipnotizante.

Jeovan não sabia o que era mais aquilo, o sol iluminava o rosto do garoto desconhecido e meio pálido clareando o seus olhos castanhos que transcendiam, suas pupilas pareciam grandes buracos negros que deixavam Jeovan arrepiado.

- Acho que preciso te levar pra um hospital, mais tô sem o meu celular no momento. A minha casa é perto da praia, vamos até lá! - Decide Jeovan puxando o cara que se levantava cambaleando para os lados.

- Ah... Acho que não dá pra você andar por aí peladão! - Comenta Jeovan vendo os trapos quase caírem do corpo do garoto naufragado.

- Mesmo com esses trapos velhos eu consigo ver...