confessando amor

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Três dias depois...

– Jeovan? Filho? Faz três dias que você não sai desse quarto. Eu tô muito preocupada! – Exclama Dona Jéssica ao lado do quarto com um prato de biscoitos e um copo de suco esperando seu filho responder algo, o silêncio continua alí entre ela e aquela porta – Eu tenho que ir trabalhar, preciso que coma algo por favor! – Pedia deixando a comida na frente do quarto para Jeovan pegar depois.

Dona Jéssica pega sua bolsa e sai de casa para ir ao trabalho com um aperto no coração pela preocupação com seu filho.

Desculpa mãe... Eu não quero ver ninguém! – Dizia Jeovan em pensamento.

Estava caído esticado no chão, não tirava os olhos da lâmpada brilhante acima do teto de seu quarto. Ele não piscava por um segundo focado em sentir dor em seus olhos, tudo isso por se sentir idiota por tudo que deixou passar, Ban tinha ido embora por ele não se meter, por ele não se impor diante dos adultos em volta naquele dia.

– Eu sou tão idiota! – Indaga Jeovan à sí mesmo.

– Realmente você é. – Alguém concorda atrás da porta deixando Jeovan assustado por um tempo, até sentir que conhecia quem falava do outro lado.

– Elena? – Deduz Jeovan se levantando do chão se encostando na porta.

– Abre a porta Jeovan. Sabe bem que eu consigo arrombar. – Ameaça Elena dando socos leves na porta que deixam Jeovan sem escolha.

Ele abre a porta se sentando entre a janela.

– Minha mãe te mataria se quebrasse a porta, ela zela pra não gastar dinheiro. – Exclama Jeovan vendo Elena entrar no quarto se sentando em sua cama.

– Ela que me pediu pra conversar com você, acredite, eu não queria vir aqui! Eu ainda estou brava com você! Ela me disse que você ficou bastante mal depois que aquele cara foi embora. – Comenta Elena.

– Não precisava vir se tá brava comigo. – Indaga Jeovan.

– Meu melhor amigo tá depressivo no quarto por causa de um garoto que conheceu há uns dias atrás e eu queria saber o por quê? – Pergunta Elena se aproximando da janela trazendo o rosto de Jeovan ao encontro do seu.

Via sua aparência péssima e mal dormida assim como as marcas vermelhas seguidas de lagrimas que não paravam de descer de seus olhos.

– Eu amo o Ban! – Confessa Jeovan à Elena que ao saber solta o seu rosto rapidamente sem uma reação.

– Então... Você gosta dele!? Esse drama todo faz mais sentido agora. Como eu sou idiota! – Reclamava Elena consigo enquanto seus olhos começavam a lacrimejar sem ela querer.

– Por que tá se chamando de idiota? – Pergunta Jeovan não entendendo sua reação.

...

– Porque eu gosto de você Jeovan. Eu gosto de você desde o primeiro ano do ensino médio, desde que você veio até a minha carteira querendo conversar, o único que lutou de verdade querendo minha amizade. – Revela Elena deixando dessa vez Jeovan sem reação.

– Por que nunca me disse nada quando tinha chance? – Pergunta Jeovan tentando se manter calmo em meio aquela confissão que tinha deixado Elena ansiosa.

– Você sabe muito bem como é... Não conseguir falar como se sente, tudo fica preso na garganta querendo sair. – Exclama Elena.

Jeovan só fazia concordar com a cabeça, era tudo aquilo que ele sentia naquele momento, entender os sentimentos de amor que sua amiga sentia era muito pra ele. Alí via uma oportunidade de contar a verdade sobre Ban para ela entender melhor o que ele estava sentindo.

– Não me chama de louco mais eu preciso te contar uma coisa... O Ban é uma sereia. – Revela Jeovan à Elena.

Elena só fica novamente sem reação, já sentia que Jeovan estava brincando com a cara dela mesmo naquela conversa séria.

– O Ban é uma sereia?! – Questiona Elena tentando entender melhor o que tinha ouvido da boca de Jeovan.

– Acho que o termo é sereio, mais no Google diz que os chamam de tritão. – Tenta explicar Jeovan sem notar que deixava Elena mais confusa e até irritada.

– Me Responde Jeovan. – Elena levanta a voz.

– Sim, ele é... Eu menti sobre tudo em torno dele, para protegê-lo. Realmente o encontrei pela manhã logo após eu ter sido demitido, ele precisava de ajuda, acho que acabei me apagando a ele mesmo em pouco tempo. Tem algo nele que me encanta. Mais do que adianta, ele se foi, eu deixei ele ir. – Voltava Jeovan a ficar deprimido ao perceber o que tinha feito.

– Mancada você falar dele quando eu tô falando dos meus sentimentos pra você. Eu acho, que realmente gosta daquele cara bobo. Mais como você mesmo disse ele foi embora com a família dele. – Ressalta Elena.

– Talvez eu consiga encontrá-lo! Em teoria sereios tem uma metade humana, ou seja, faz eles terem uma consciência e uma forma de pensar como nós humanos, ou seja, eles devem ter um canto de conforto onde vivem, assim como nós que vivemos em casas. Pelo que o Ban me contou, eles vivem perto das enseadas, ou seja, eles devem morar por perto da praia. – Teoriza Jeovan dando uma de cientista.

– Meu pai me disse que tem uma certa área muito funda que banhistas não podem nadar por perigos de afogamento e animais marinhos, acho que fica entre a linha da praia e o início pro oceano. – Diz Elena vendo Jeovan se levantar da cama saindo finalmente do seu quarto com um propósito.

– Eu vou encontrar o Ban e trazer ele de volta pra casa! – Decide Jeovan quase saindo de sua casa sendo impedido por Elena que se mete entre a porta da frente.

– Você é louco? Não vai conseguir atravessar a linha só nadando, com essas roupas e sem um barco.  Exclama Elena.

Elena se põe à frente da porta.

_Sai da frente Elena, não pedi ajuda, eu dou um jeito sozinho. – Diz Jeovan.

– Espera. Podemos pelo menos pensar num plano melhor. – Diz Elena se oferecendo no final pra ajudar, mais ainda com um pé atrás com a decisão.

– Hmm... Se vai me ajudar, como você disse, eu vou precisar de um barco. Seu pai quando mais novo era pescador né!? – Lembra Jeovan à ela.

Só dava indícios do que Elena podia conseguir pra ajudá-lo.

– Ai... Não acredito que vai me pedir isso.

***

Era meio dia desde que o plano de ação foi agendado. Dona Jéssica chegava em casa em passos rápidos preocupada com seu filho.

– Jeovan? Filho? Pedi pra sair mais cedo, vim ver como você está...

Dona Jéssica estava preocupada com o bem estar de seu filho, seu objetivo era fazer ele sair do quarto, mais ao vê-lo levantado na sala vestindo uma roupa de mergulho não sabia o que pensar ou que estava se passando.

– Por que está vestindo com roupa de mergulho? – Pergunta sua mãe curiosa.

– Eu... Vou nadar, dar uma respirada. – Responde Jeovan, obviamente sua mãe não acredita.

– O mar é o último canto que uma pessoa vai pra respirar, me conta a verdade. – Manda Jéssica dobrando os braços em autoridade.

– Eu vou atrás dele. Vou atrás do Ban. – Responde Jeovan realmente de forma curta e grossa se aproximando da porta.

– Filho sei que está com saudades dele...

– Eu estou... Eu estou morrendo por dentro! Ter o Ban comigo foi uma das melhores coisas que aconteceu desde que o papai se foi. Eu amo ele mãe, e eu vou atrás dele. – Decide Jeovan saindo de casa deixando sua mãe incrédula e confusa.

Corria descendo a rua em direção a praia onde tudo começou.

Acima Do Oceano [Concluído]Where stories live. Discover now