Menina

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Desde novinha sempre me senti uma menina. A admiração por brinquedos de meninas era inevitável. As bonecas, panelinhas e maquiagens me encantavam. As roupas então nem se fala. Era o que mais me admiravam. Os vestidinhos, calcinhas... aaaahh... as calcinhas. Esta certamente é a peça que mais me atrai do universo feminino.

Como sempre acontece, a primeira calcinha agente nunca esquece. Tenho duas irmãs mais novas do que eu, e sempre ficava de olho nas calcinhas delas. Mas pegar uma delas era praticamente impossível. Minha mãe era a que cuidava delas e ficava milimetricamente posicionada na gaveta. Se mexesse ou tirasse uma, ela notaria na certa. Então ficava só admirando.

Mas teve um dia que iria transformar minha vida para sempre. Era aniversário da minha irmã, dois anos mais nova doque eu. Então minha mãe resolveu fazer uma festinha pro aniversário de seis anos da minha irmã, como era de costume. Tudo corria bem na festa. Minha irmã tinha o costume de colocar seus presentes em cima da cama. Minha mãe falava que atraía sorte pra ganhar mais presentes. Quando ela ganhava um brinquedo, ela abria e colocava bem arrumadinho como se fosse um troféu. E eu assistia tudo sentada aos pés da cama. Num dado momento ela ganhou uma sacolinha colorida. Ela abriu a parte de cima, olhou lá dentro e jogou num canto da cama num gesto de que não gostou muito daquilo. Em seguida ela saiu do quarto e fiquei sozinha. Fiquei curiosa e virei o saquinho de boca pra baixo, e pra minha surpresa, caíram três lindas calcinhas na cama. Era uma azul clarinho, outra branca e mais uma rosa clarinho, todas com desenhos de minúsculas florzinhas e tinham um viés com um babadinho muito delicado na cintura e pernas.

Estava maravilhada olhando aquelas lindeza quando num estalo, veio uma idéia brilhante: quando minha irmã olhou dentro do saquinho, ela não contou quantas calcinhas tinham, e ninguém mais viu. Então, se eu pegasse uma, ninguém ia ficar sabendo. Mais doque depressa peguei a calcinha rosa e coloquei no bolso, dobrei as outras duas cuidadosamente e coloquei de volta no saquinho e coloquei no mesmo lugar onde ele estava antes. Corri como um relâmpago pro meu quarto e escondi a calcinha na última gaveta da cômoda debaixo de um monte de cobertas.

Nossa...estava eufórica. Nem me lembro doque aconteceu mais naquela festa. Minha mente só ficou na calcinha recém adquirida, nada mais.

Depois que a festa acabou eu estava toda solícita ajudando meus pais a guardar a sobra dos alimentos e juntar todo lixo. Fiquei mexendo de forma que fui a última a ir pro quarto "dormir".

Finalmente entrei no meu quarto e fechei a porta pelo lado de dentro. De imediato fui na gaveta e peguei a calcinha, minha calcinha...minha primeira calcinha.. Tirei toda a roupa e fiquei peladinha segurando aquela lindeza. Eu cheirava ela, beijava e passava ela no meu rostinho de menina.

Por fim fui vestindo ela lentamente. A cada momento que ia subindo ela pelas minhas pernas era um arrupio que sentia percorrendo meu corpo. E finalmente vesti a calcinha. Ai, delícia, nunca tinha sentido um prazer tão grande em minha vida. Sentia o toque do tecido macio. Eram ondas de prazer que subia e descia pelo meu corpinho. Estava num estado de êxtase. Perdi a noção de tempo me admirando em frente ao espelho. Deslizava a mão com suavidade pelo meu corpinho lindinho, suspirando baixinho. Foi o dia mais feliz da minha vida. Tinha conseguido minha primeira calcinha. E era minha de verdade. Naquela noite eu dormi só de calcinha sonhando que eu era uma menina. Nessa época eu tinha oito aninhos.

No dia seguinte levantei cedo pois estava só de calcinha. Levantei e fiquei mais um tempinho me admirando. Como estava linda. Sempre fui gordinha e isso me dava uma silueta mais feminina. Logo ouvi barulho de alguém mexendo na cozinha avisando que o povo já estavam levantando.

Era domingo e íamos visitar minha tia Márcia e gostava muito pois amava a minha prima Marina.

Quando fui vestir uma roupa e fiz menção de tirar a calcinha. Me deu um aperto no coração. Gostei tanto que não queria tirar. Então pensei : "se eu for de calcinha, ninguém vai perceber". Rapidamente vesti uma cueca por cima da calcinha e depois a bermuda. Quando olhei no espelho vi que ficou perfeito. Nenhum sinal da calcinha. Acabei de me vestir. Logo minha mãe já me chamou.
- Vamos Bruno.
Saí do quarto radiante por estar usando calcinha por baixo da roupa de menino. Tomei café tranquilamente, mas alguma coisa não estava bem. Alguma coisa me incomodava. Comecei a observar minha mãe vestindo roupa nas minhas irmãs. Eu estava usando calcinha igual elas, mas...peraí...elas não usavam cuecas. Apenas calcinha e a roupa. Era isso que estava me incomodando. Fui pro meu quarto e tirei o short e depois tirei a cueca ficando só de calcinha. Então vesti o short por cima da calcinha. Agora minha roupa íntima era apenas calcinha, igual menina. Se eu queria ser uma menina, tinha de vestir igual elas. Pelo menos a calcinha que era o que eu podia usar naquela época.

Fui feliz da vida, me sentindo uma menina. Pra ir na casa da minha tia era demorado, e no percurso dentro do carro, comecei a pensar na minha nova vida de calcinha. Então lembrei que teria que lavar minha calcinha e quando ela estivesse secando eu ficaria sem ela. Percebi então que se quisesse ficar cem por cento do meu tempo de calcinha, teria de ter pelo menos duas, pois enquanto estivesse lavando uma eu já estaria com a outra. Pegar outra calcinha da minha irmã, não tinha jeito, pois, minha mãe, na certa, já tinha visto elas. Outra coisa que estava pensando, era como iria lavar e secar sem ninguém ver. Não podia simplesmente lavar no tanque e colocar no varal pra secar, apesar que se pudesse fazer isso, seria maravilhoso.

Diário de uma Menina TransWhere stories live. Discover now