Feminina

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Chegando ao nosso destino eu mal cumprimentei minha tia e fui procurar minha priminha Marina que tinha a mesma idade que eu. Eu amava brincar com ela pois agente brincava só brincadeiras de menina. Agente brincava de casinha, de boneca de maquiagem. Essa última era a que eu mais gostava. Era maquiagem pra criança mas adorava me embelezar feito uma menina. E a Marina ainda me incentivava dizendo que eu estava linda. E pra completar ela me chamava de Bruna. Nossa, como eu amava isso. E nesse dia ia ser melhor ainda, pois estava usando calcinha igual a ela. Quando ela me viu já veio correndo com os bracinhos abertos e me deu um abraço apertado dizendo:
- Você veio Brunaaa...que legal !!!
- Eu também tava doida pra te ver- com ela eu aproveitava pra me referir a mim mesma como menina, pois sabia que não ia ser repreendida por isso.

Em seguida ela agarrou a minha mão e saiu me puxando pro seu quarto falando:
-Menina...vem ver o que eu ganhei...que coisa mais linda...tava doida pra você chegar pra gente brincar juntas.

Então ela me mostrou uma maletinha rosa com desenho de uma sereia na frente. Quando eu vi eu abri a boca num sinal de admiração colocando as duas mãos do lado do rosto, dizendo:
- Nossa Marina! Que coisa mais linda!!!

Era uma maletinha de maquiagem. Na tampa, no lado de dentro, tinha encaixado, três espelhinhos e três pincéis de maquiagem e dentro dela tinha blush, sombra, lixa pra unha, esmaltes, adesivos de unha, batons. Fiquei encantada com tanta coisa linda.
-Nem usei ainda. Tava te esperando pra gente brincar- disse ela, tirando tudo pra fora da maletinha.
- Nossa...vamos sim !!!

Ficamos um tempão brincando. Primeiro ela me maquiava e depois eu maquiava ela. Depois agente ficava desfilando rebolando igual as modelos que agente vai na televisão. A Marina era uma fofura de menina. Era gordinha igual eu.  Tinha cabelo castanho todo cacheado e rostinho de boneca. Muito lindinha.

Depois tiramos toda maquiagem e fomos almoçar.

Depois do almoço fomos procurar uns lápis de cor pra gente desenhar. Gostávamos de fazer roupinhas pras bonecas de papel, daquelas que agente vai trocando as roupinhas. Ela abriu uma gaveta do guarda roupa e tinha vários lápis de cor espalhados no meio dos livros e cadernos. O fundo da gaveta tava meio torto e ficou uma fresta. Aí ela disse:
- Deve ter caído na gaveta de baixo, disse ela abrindo a de baixo e fechando a de cima. Quando vi a gaveta de baixo, meus olhinhos até brilharam. Era sua gaveta de calcinhas. Nunca tinha visto tanta calcinha linda juntas. Mas ao contrário das gavetas das minhas irmãs, a dela era uma bagunça geral. Eram todas misturadas. A Marina começou a jogar calcinha de um lado pra outro dentro da gaveta, e realmente tinham alguns lápis lá no meio. A Marina olhou pra mim e disse:
- Não fica parada aí menina. Me ajuda a procurar.

Quando enfiei a mão no meio daquelas calcinhas eu fiquei paralisada. Como eram lindas. Tinha de várias cores, estampadas, de babadinho. Eram como um oásis para meus olhinhos. E depois veio aquele pensamento gostoso: "estou usando calcinha agora". Aquela identificação com aquela gaveta e com a Marina que estava usando uma daquelas lindezas que eu estava vendo e pegando.

Quando dei por mim, eu estava com uma calcinha na mão olhando fixamente pra ela e a Marina olhando pra mim espantada, e perguntou:
- O que ocê tá fazendo?
- Eu? O que? Nada- respondi toda desconcertada.

Aí a Marina olhou com uma carinha maliciosa pra mim e disse:
- Gostou das minhas calcinhas Bruninha?!!!
- São muito lindas- falei sem pensar.
- Huuumm!!! - exclamou Marina, me olhando fixamente.

Olhei pra ela e disse:
- Por... porque você tá me olhando assim?

Aí ela respondeu quase cantando:
- Parece que alguém aqui tá querendo usar minhas calcinhas!!!
- Nãooooo Marina, que isso menina... não é nada disso...só falei que são bonitas.

Então a Marina chegou mais pertinho de mim e falou baixinho:
- Se você quiser eu te dou uma. Ia ficar linda de calcinha.
- Não... é queeee...
- Deixa de ser boba menina. Eu já te chamo de prima, de Bruna, de menina. Pra mim você é minha prima. E se usar calcinha vai ficar uma fofurinha.

A medida que ela ia falando essas coisas eu ia me derretendo toda por dentro. Ainda mais que estava usando calcinha naquele dia. Tava doida pra aceitar mas tinha de fazer um charminho antes. E a Marina continuou falando:
- Eu sei que tá doida pra aceitar. Não precisa ficar com vergonha de mim. Agente até se maqueia. E prometo que nunca vou falar pra ninguém.
- Ai Marina, você tá certa, mas...
- Mas o que? Vai menina, deixa de ser boba.
- Tá bom. Quem eu tô querendo enganar? Pra falar a verdade eu tô doida pra aceitar.
- Eu sabia!!!
- Mas não vai rir de mim viu.
- Claro que não sua boba. Mas tem uma condição.
- Qual- disse eu curiosa.
- Eu quero escolher a calcinha que vou te dar.
- Tudo bem... são todas lindas.
- Nossa, que legal!!!- disse ela revirando a gaveta de calcinhas. Nisso ela pegou duas iguaizinhas. Eram vermelhas com desenhos de coraçõezinhos brancos e tinha viés na cintura e nas pernas. Era um viés branco com um babadinho minúsculo e muito delicado. Daí ela falou:
- Tá vendo que são duas iguais. Então vou te dar uma e ficar com a outra. Aí nós duas vamos ter calcinhas iguais.
- Nossaaaaaa!!! Que demais!!!

Nisso eu dei um abraço forte nela e um beijo na bochecha fofinha dela.
- Brigada, brigada, brigada prima. Você é a pessoa mais maravilhosa do mundo.
- Você que é Bruna!!! Você é que é minha prima de verdade. Não aquelas adolescentes chatas que vem aqui me chamando de gorda.
- Aquelas chatas me chamam de baleia, ficam falando que vão me dar um sutiã prós meus peitos e coisas assim.
Nem acredito que aquelas chatas são nossas primas.

Nisso ela pegou a calcinha e dobrou formando um quadradinho e me deu, e eu guardei no bolso com todo carinho.

Aí ela continuou:
- Vamos combinar o seguinte. Na próxima vez que você vier aqui, você me liga. Aí vou vestir essa calcinha vermelhinha e você vem com a sua viu. Aí vamos estar iguais.
- Eu ouvi nossos pais combinando um churrasco pra semana que vem.
- Que legal. Semana que vem então vamos estar juntas.
- Agora quero saber uma coisa de você. Quero saber se vai ter coragem de usar a calcinha que estou te dando. Tem de vir com ela por baixo do seu shortinho viu. E nada de colocar cueca por cima da calcinha. Lembra que temos de estar iguais.
- Eu tenho uma coisa pra te mostrar que vai provar que vou fazer do jeitinho que você está me pedindo.
- O que é então?

Nisso eu abaixei a beiradinha do meu shortinho deixando minha calcinha a mostra.

Diário de uma Menina TransOnde histórias criam vida. Descubra agora