Encontrando o amor

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Quando chegamos em frente a minha casa, a Larissa disse:

- Eu estou com uma sede. Você pode me dar um pouco de água Bruna?
- Claro que sim. Alguém mais quer?
- Não - disseram elas.
- Não precisam me esperar, podem ir meninas - disse Larissa.
- Vamos entrar Larissa.
- Obrigada Bruna.

Nisso as meninas seguiram seu caminho e Larissa entrou falando:

- Ai Bruna, você é muito boazinha, é um amor.
- Que isso amiga. Você é que é. Tô passada até agora pela idéia que teve. A sua atitude foi muito fofa.
- Você falava das calcinhas com tanto amor, que não tive dúvidas.
- Você é maravilhosa.

Peguei um copo e perguntei:

- Você quer do filtro ou da geladeira?
- Pode ser do filtro mesmo.

Peguei a água e quando entreguei pra ela, ela pegou o copo com duas mãos, e fez questão de passar a sua mão por cima da minha enquanto pegava o copo. E fez isso olhando nos meus olhos. Confesso que fiquei meio desconcertada. Ela é muito linda e olhando pra mim daquele jeito fiquei encabulada. Fiquei olhando ela tomar água. "Que lindinha ela é, que mãozinha mais fofinha segurando o copo"- pensei.

- Obrigada Bruninha.
- Quer mais?
- Não, estou satisfeita. Já vou indo viu.
- Fica mais um pouquinho.
- Não posso, senão minha mãe fica preocupada.

Nisso ela chegou pertinho e falou no meu ouvido:

- Tchau lindinha !!!

Em seguida ela chegou mais perto ainda e me deu um beijinho na bochecha. Então correu pro portão, abriu, saiu, olhou pra mim de ladinho e piscou um olhinho, com um lindo sorriso no rosto. Fiquei sem reação, paralisada, estática. Seria um sonho? Será que isso estava acontecendo mesmo? Ganhar um beijo da menina mais bonita da escola?!!! A mais fofa...a mais maravilhosa !!! Nunca pensei que ela tivesse algum interesse em mim.

Corri pro portão a fim de vê-la virando a esquina com um sorriso no rosto e me dando um tiauzinho. Coloquei a mão na bochecha beijada pensando: "Vou ficar uma semana sem lavar o rosto".

Depois de um tempo fui ligando as coisas. A Larissa me emprestou o vestido e a calcinha. Ficou perguntando se eu namorava a minha prima e se eu gostava de menino. Demonstrou ciúme quando a Carol disse que me viu de calcinha. Teve a ideia de me dar a calcinha e fez todas as outras a fazer o mesmo. Por tudo isso e mais esse beijo demonstrou que ela gosta de mim. Mas disse também que pareço menina, tenho jeitinho de menina e me chamou de lindinha. Como pode ser isso? Será que a Larissa gosta de menina, já que pareço uma menina?

Passei o resto do dia anestesiada de paixão.

Corri pro meu quarto, fechei a porta e fui olhar cada calcinha que tinha ganhado. Fiquei um bom tempo namorando elas. Peguei a calcinha lilás que tinha ganhado da Larissa e passava ela no rosto e beijava ela pensando nela. Estava apaixonada e ao mesmo tempo com medo. E se a Larissa estivesse apenas fazendo hora comigo? Mas logo eu refutava essa idéia: "Não, a Larissa não faria isso comigo".

Pensei em vestir ela, mas resolvi deixar pra usar no dia seguinte na aula. Então dobrei todas cuidadosamente e guardei no meu esconderijo debaixo da última gaveta do guarda roupa. Continuei com a que estava com ela. Estava usando a minha primeira. A que marcou o início de uma nova vida. Uma vida de menina.

Estava compenetrada em meus pensamentos quando ouço um toco toc na porta e minha mãe me chamando:

- Ei menina, venha almoçar.
- Já vou mamãe - respondi eu.

Peraí... minha mãe me chamou de menina? Amei mas... oque será que ela tá tramando? E eu estava tão acostumada as meninas me chamarem no gênero feminino que respondi naturalmente. Quando eu saí do quarto eu notei um sorrisinho no rosto da minha mãe. Almoçamos tranquilamente mas observei minha mãe me olhando de maneira curiosa. Me olhava fixamente. Por fim não aguentou e falou:

- Muito bem meu filho, oque aconteceu com você?
- Hã?!!! Como assim?- disse eu sem entender nada.
- Você tá mudado.
- Mudado?
- Sim, você mudou muito de uns dias pra cá. Seu quarto era uma bagunça, agora está arrumadinho, seu caderno está um show, e você mesmo tá super educadinho.
- Uai, isso é ruim?
- Não, não. Estou amando. Mas ninguém muda assim do nada. Aconteceu alguma coisa pra essa mudança toda.

Puxa vida. Nunca pensei que minha mudança fosse tão radical assim. Pelo jeito essa coisa de imitar as meninas está dando certo. Mas oque eu falo pra minha mãe? Pensei rápido e respondi:

- Eu fui na casa da Carol e o quarto dela é tão arrumadinho, é tão fofo e...
- Fofo?!!!- perguntou minha mãe num tom de ironia.

Ops...falei demais...pensei eu. Então tentei consertar:

- É tão arrumadinho.
- E você quer ter um quarto fofo também!
- Aí mãe, a senhora vivia me mandando arrumar o meu quarto.
- Não estou te xingando, estou amando. Eu só queria entender o motivo dessa mudança. E pelo jeito você quer ter um quarto fofo igual da sua colega.
- Eu não falei isso.
- E oque o ursinho rosa da sua irmã está fazendo em cima da sua cama?
- Ele tava jogado no chão. Eu só peguei ele e coloquei em cima da cama.
- Aham !!! Sei viu!!!
- Aí mãe, foi isso sim. Ele tava tão tristinho caído lá.
- Tristinho?!!! Tristinho?!!! - minha mãe começou a rir e minhas irmãs começaram a rir também mesmo sem saber o porquê.

-Ai, ai - disse minha mãe em falsete.

Terminamos nosso almoço, e fui pro meu quarto. Peguei o ursinho que era grandão e abracei ele como uma menina faria e fiquei quietinha, deitada e pensativa. Será que minha mãe sabia de alguma coisa? Acabei dormindo.

Quando acordei fui abrindo os olhinhos devagarinho e vi minha mãe em pé encostada na porta como os braços cruzados e com aquele olhar super maternal. Dei um sorrisinho pra ela e de repente vi que ainda estava abraçada com o ursinho. Fiquei sem saber oque fazer. Não sabia se largava o ursinho ou se soltava ele. Como poderia negar oque estava diante dos olhos? Cada segundo parecia uma eternidade. Minha mãe desencostou da porta colocou as mãos nas costas e veio andando lentamente em minha direção. Como ela era linda. Não era nem magra demais e nem gorda. Era o corpo dos sonhos de várias mulheres. Cabelos levemente ondulados e um rosto jovial e bonito. Pra mim, era uma das mulheres mais bela que existia. Tinha um toque macio e acolhedor e dona de uma sabedoria sem igual. Essa sabedoria dela me amedrontava pois jamais seria enganada. E ela começara um jogo onde eu era a caça e ela a caçadora prestes a me capturar e descobrir todos os meus segredos. E ela vinha com os olhos fitos nos meus. Aqueles olhos penetrantes como se pudesse ver o mais profundo da minha alma. E eu ainda sem reação abraçada com aquele ursão rosa.

Minha mãe chegou e lentamente se sentou na beirada da minha cama e colocou as suas mãos macias no meu ombro e foi alisando meu bracinho gordinho. Depois começou a pentear os meus cabelos com os dedos fazendo um carinho. Só aquilo já me fazia derreter todinha por dentro. Em seguida começou a acariciar meu rosto com as costas dos dedos e pegando na minha bochecha. E finalmente depois de um longo suspiro ela disse:
- Ah, minha filhinha linda.

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