04 | Troca de farpas

522 125 94
                                    

Rosto manchado no teto
Por que continua dizendo
Eu não tenho que te ver agora?
Eu não tenho que te ver agora?
Cavando como se você pudesse enterrar
Algo que não pode morrer
Nós poderíamos lavar a sujeira
de nossas mãos agora
Mt. Washington | Local Natives

Acordei com a luz invadindo a janela do meu quarto, consequência de não ter fechado as cortinas na noite anterior

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Acordei com a luz invadindo a janela do meu quarto, consequência de não ter fechado as cortinas na noite anterior. Mas esse sol não iluminava nada dentro de mim, tudo em mim estava envolto em sombras a tanto tempo, não importavam as circunstâncias, porque eu era quebrado de tantas maneiras, e obviamente nenhuma mulher foi capaz de derreter a parede de gelo que se formou em meu coração ao longo dos anos. A verdade era que eu nunca dei abertura para que isso acontecesse, eu apenas as usava para me satisfazer, tentar tapar feridas, e mesmo que isso não funcionasse, era o que me distraía por algumas horas e nada mais. Sempre foi assim. Chegava a ser irônico como eu raramente passava as noites sozinho, mas a sensação de estar sozinho sempre me fazia companhia, e essa era uma das piores sensações, não estar sozinho, mas sentir como se estivesse. Isso só afirmava o que já sabia, minhas companhias noturnas nunca me preenchiam.

A mulher que eu já nem lembrava o nome, se virou para mim e envolveu seu braço por cima do meu abdômen, projetou o rosto para frente, a fim de me beijar, e antes que o fizesse, me levantei, retirando o braço dela de cima de mim. Vesti a cueca que estava jogada no chão e olhei para ela, que agora estava com uma expressão séria.

— Tome um banho, pegue algo para comer e vá embora. — Eu disse com a voz clara.

Abri a gaveta da cômoda ao lado da cama, vasculhei grosseiramente à procura da minha caixa de cigarros e isqueiro em meio a tralhas, e quando finalmente achei, passei pela frente da mulher que ainda estava deitada, saí do quarto e fui até a sala, parei em frente a janela, então corri uma parte para o lado, abrindo uma pequena parcela daquela enorme janela que ocupava toda uma parede, comecei tranquilamente a fumar, quando escutei o som da porta atrás de mim bater fortemente. Se ela imaginou que eu permaneceria deitado na cama e a trataria como se fossemos um casal, o problema era exclusivamente dela. Algumas mulheres pareciam não entender o significado de sexo casual, não que tivesse algo de errado em se apegar, ou querer algo a mais, o único problema era querer isso comigo.

Ouvi a campainha tocar, pensei ser a mulher novamente, e que talvez ela tivesse esquecido algum pertence no meu quarto e por isso voltou para buscar. Dei as costas para a janela e caminhei até a porta, observei pelo olho mágico e então abri a porta.

Eram Freddie e Sebastian.

— A mulher que passou por nós no corredor saiu daqui? — Perguntou Freddie enquanto entrava.

Olhei para ele e assenti sério.

— Ela parece estar puta com você. — Sebastian deduziu ao sentar no sofá.

— Não dou a mínima. — Dei de ombros e fechei a porta. — O que rolou depois que eu fui embora? — Andei novamente até a janela, ficando de costas para eles e fumando meu cigarro.

APRICITYOnde histórias criam vida. Descubra agora